CORRA ATRÁS DOS SEUS SONHOS. AINDA ESTA EM TEMPO.


Muitos sonhos e anseios sonhados no ano de 2010 ainda não aconteceram. Soren Kierkegaard filósofo existencialista disse certa vez que: " A vida só pode ser compreendida olhando-se para trás, porém, só pode ser vivida olhando-se para a frente...". Por mais que tenhamos tido decepções, infortúnios e tristezas nunca podemos perder a fé em nossos sonhos. Nossos sonhos alimentam a nossa vida, alimentam a nossa esperança e nos fazem atingir o nosso alvo e o nosso alvo é e sempre será o conhecimento pleno do Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, para que junto possamos sonhar os mesmos sonhos. Deus sonha os seus sonhos reais, mas não os imaginários. Deus é seu parceiro em seus sonhos e dentro da sua soberania e vontade Ele poderá fazer o impossível (Lc. 1:37), porque o possível somos nós que temos que fazer. Ele enxuga as nossas lágrimas e nos devolve a nossa esperança nos projetando para a nossa vitória. Entregue suas lágrimas ao Senhor Jesus que Ele renovará as suas forças. Entregue sua vida ao Senhor Jesus e o resto Ele fará.



Paulo escrevendo aos filipenses (Fp.3;10) disse que: "Tudo o que eu quero é conhecer a Cristo e sentir o poder da sua ressurreição.


O SER HUMANO EM PRIMEIRO LUGAR.


Força em 2011



terça-feira, 26 de janeiro de 2010

DEUS, AS SOCIEDADES E A POLÍTICA


TRÍPLICE ALIANÇA PARA
A FORMAÇÃO DA SOCIEDADE HUMANA.

"Quando não nos colocamos como participante
e não percebemos a nossa responsabilidade
para com a sociedade, os conteúdos da democracia
esvaziam-se." MARTIN L. KING


O AUTOR

Marco Antonio é bacharel em Administração de Empresa e Ciências Contábeis pelas faculdades Integradas Simonsen. MBA em Gestão Financeira e Marketing pela Fundação Getúlio Vargas. Líder Estudantil. Líder Comunitário. Candidato a Vereador pelo Município do Rio de Janeiro em 1986 pelo P.S.C. Assessor Político. Empresário e Representante Comercial e atualmente membro da Catedral da Assembléia de Deus em Jardim Primavera em Duque de Caxias.


"...e se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar,
e orar, e buscar a minha face, e se desviar dos seus maus caminhos,
então eu ouvirei do céu, e perdoarei os seu pecados, e sararei a sua terra."
(II Cr. 7:14)


AGRADECIMENTOS

Primeiro a Deus, para ele toda honra e toda glória, pois toda a inspiração e sabedoria é proveniente da sua misericórdia para conosco. A meus pais e a minha família por terem me feito entender que a melhor maneira de sobreviver neste mundo é através da cultura e acima de tudo do caráter. E a minha Igreja a Catedral da Assembléia de Deus em Jardim Primavera na Pessoa do Reverendo Paulo César Lima, por me mostrar a verdadeira essência da palavra de Deus, palavra que nos edifica, nos aviva, nos admoesta e acima de tudo nos mostra o conhecimento fantástico do temor e do poder de Cristo Jesus nosso intercessor e nosso salvador. "Pois palavra que não é acompanhada de fé de nada vale." Que Deus possa abençoar-lhes em nome do Senhor Jesus.



"Porque também a nós foram pregadas as boas novas,
assim como a eles, mas a palavra da pregação
nada lhes aproveitou, porquanto não chegou a ser unida
com a fé, naqueles que a ouviram.".

(Hb. 4:2)



SUMÁRIO


EXÓRDIO...................

1- FORMAÇÃO DAS SOCIEDADES...................

I - SOCIEDADE SEM CLASSE PARA SOCIEDADE DE CLASSE............
II - AS SOCIEDADES MESOPOTÂMICAS......................
III - A SOCIEDADE EGÍPCIA.....................
IV - A SOCIEDADE DOS HEBREUS............................
V - O BERÇO DA SOCIEDADE DEMOCRÁTICA.........................
VI - A REPÚBLICA DE ROMA..........................
VII - A CRISE NA REPÚBLICA ROMANA...........................

2 - INÍCIO DA FORMAÇÃO DA SOCIEDADE MODERNA...............

I - UMA CULTURA VOLTADA PARA O DIVINO.........
II - UMA CULTURA VOLTADA PARA O HOMEM.....
III - O DECLÍNIO DA IGREJA CATÓLICA..........
IV - A SALVAÇÃO PELA FÉ..........
V - A SOCIEDADE COMERCIAL.............
VI - A SOCIEDADE INDUSTRIAL..........
VII- O PODER ABSOLUTO.........
VII -ILUMINISMO, UMA NOVA SOCIEDADE..............
IX - A SOCIEDADE FRANCESA E A SUA REVOLUÇÃO.......................
X - A SOCIEDADE RUSSA E A SUA TENTATIVA DE UMA SOCIEDADE "IQUALITÁRIA".

3- VISÕES CONTENPORÂNEAS................

I - A MUDANÇA DE MENTALIDADE DA IGREJA............
II - DEUS E A SUA HISTÓRIA POLÍTICA..............
III - O CRISTÃO E SUA ATRIBUIÇÕES DEMOCRÁTICAS.............
IV - MUNICÍPIO NA FEDERAÇÃO (ORGANIZAÇÃO POLÍTICA ADMINISTRATIVA)........
V - A CÂMARA DE VEREADORES.................
VI- PROMOVENDO DIGNIDADE HUMANA...................

PERORAÇÃO.....................



Deus, as Sociedades e a Política.


Este livro foi fruto de horas de meditação dentro deste contexto em que nos encontramos, achamos que está na hora de grandes mudanças acontecerem neste país e no mundo, achamos que o povo de Deus não está se preparando para o momento derradeiro da história mundial, o dia em que a Igreja será arrebatada e os verdadeiros santos estarão se encontrando com aquele que a muito é esperado.
O que mais Jesus se confrontou no passado foi com o próprio sistema imposto pelos seus pares, em nome desse sistema, Jesus foi morto e em nome dele, milhares de homens tem sido escravizados.
Precisamos antes de mais nada denunciar as opressões e as aberrações cometidas por uma sociedade escravista em que poucos ganham muito e muitos ganham pouco. Precisamos denunciar os desmandos desses governantes que à luz de romanos treze tem compactuado com verdadeiros absurdos em nome de Cristo Jesus. Nem todo governante que esta no poder foi levantado por Deus, seu procedimento, sua atuação no poder é que irá nos mostrar se foi ou não levantado por Ele. Posto isso, não podemos nos conformar com que estão imputando em nosso meio, precisamos retomar o nosso lugar profético na sociedade, função maior dos profetas do passado, denunciando os desmandos dos filhos de satanás que na maioria das vezes manipulam Deus ao seu prazer, mas Ele, não se deixa manipular, satanás obtêm vitórias parciais, eu disse parciais, por que a vitória final é do Senhor Jesus.
Os evangélicos de hoje não estão pensando com a mente de Cristo Jesus, mente contestadora, güestionadora e acima de tudo humana. Vivemos a fase da individualidade em que a caridade o amor estão em segundo plano. Não podemos ficar inertes as grandes transformações político-social que se fazem necessárias, para que os verdadeiros donos da graça, os verdadeiros herdeiros do trono: os humildes, os que choram, os mansos, os que tem fome, os misericordiosos, os limpos de coração, os pacificadores e os que são perseguidos não sejam roubados da grande herança que Deus deixou para os seus verdadeiros adoradores. A salvação.
"Eles fizeram reis, mas não por min; constituíram príncipes,
mas sem a minha aprovação; da sua prata e do seu ouro
fizeram ídolos para si, para serem destruídos."
(Os. 8:4)
O autor.



Nós representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembléia Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL.”

Preâmbulo extraído na íntegra da constituição da República Federativa do Brasil (carta magna), lei máxima da pátria, promulgada em 05/10/88.


EXÓRDIO
Deus, as Sociedades e a Política.

Já na criação do homem, Deus o fez para que fosse a maior entre as criaturas do mundo, mas teria que haver uma interação entre seus pares, o homem, teria que se tornar um ser sociável, trabalhando em conjunto ou não conseguiria sobreviver e reinar na face da terra, o decreto era: “Frutificai e multiplicai-vos, e encher a terra e dominai sobre todas as criaturas.” (Gn.1:28)
Deus proveu o homem de um diferencial em relação aos animais, que o qualifica como soberano na terra, a sabedoria e a inteligência ou seja a ciência das coisas da terra nos foi dada, portanto, a sabedoria, é um dom de Deus: "Ó Deus de meus pais, a ti dou graças e louvor porque me destes sabedoria e força." (Dn.2:23a)
Diferente dos animais, o homem é estudado em seus diferentes tipos de comportamentos com o meio em que vive, o chamado "mundo humano", senão vejamos: Estudamos ele como um ser biológico, estudo dos seres vivos com toda a sua arquitetura humana. Antropológico, estudo científico do homem, sua origem e sua evolução. Sociológico, estudo dos seu diferentes problemas sociais (a relação entre pessoas ou grupos sociais). Psicológico, estuda o comportamento e os fenômenos psíquicos e o espiritual, parte imaterial do ser humano, relação do homem com a sua divindade.
Se formos olhar a bíblia como uma literatura histórica ou seja sem a ação do Espírito Santo, veremos o nascedouro da raça humana (criação) com a sua crescente evolução, veremos como o homem interagiu com ele mesmo criando as sociedades sem classes e depois com o próprio processo evolutivo as sociedades de classes. O homem aprende com o próprio homem, buscando soluções dos seu problemas no meio em que vive. Assim como os animais que evoluem de acordo com o meio em que estão inseridos, sua cadeia evolutiva é completada gradativamente, se o meio é modificado, sua adaptabilidade vai sendo completada com o passar dos anos. O homem sofre com essas modificações, num primeiro momento ele interage com os da sua raça. A busca por comida e água sempre foi e sempre será o produto final da vontade humana. Quando ele começa a interagir com outros povos, o homem passa para a fase de dominação, e outros povos mais desenvolvidos vão se destacando culturalmente. O material bélico foi sendo desenvolvido, a busca por comida e terras férteis para o cultivo era o fator preponderante para os embates travados entre os diferentes povos. O mundo se dividiu entre os dominadores e os dominados, assim como no reino animal. Isso perdura até hoje, e estará presente em nossas sociedades do futuro pois somos antes de mais nada produtos do meio em que vivemos ou seja, a sociedade é que dita as regras. Embora façamos parte de uma sociedade moderna, em que existem leis de âmbito mundial que salvaguardam nações menos poderosas, menos desenvolvidas e com poder econômico menor em relação a nações mais desenvolvidas, o fator econômico é que desequilibra.
Começamos este livro nos reportando ao passado, ao início das sociedades, sua formação e a sua evolução com a passar do tempo. Veremos que as sociedades foram verdadeiramente evoluindo a partir do momento em que as mesmas se achavam cansadas de tanta opressão, quando se chegava neste estágio de aprimoramento ou entendimento a própria sociedade oprimida fazia a sua revolução. Quando o tipo de opressão não interessava mais as elites opressoras, ela própria usava a massa oprimida para fazer essas mudanças que para eles eram benéficas. O sistema já não interessava mais a eles e por isso teria que ser modernizado e aprimorado, sem nunca perder a sua essência, a opressão. A revolução francesa foi um grande exemplo dessa afirmação.
Este compêndio empírico - pragmatico não se propõe a ser um livro de doutrinas teológicas, foi fruto de pesquisas e de experiências vividas nestes mais de vinte anos de envolvimento e assessoramento de parlamentares nas mais variadas câmaras setoriais. Queremos apenas ser um grito, uma voz , uma esperança de mudança para este povo tão sofrido, escravizado e chamado de massa de manobra pelas elites opressoras. A nossa verdadeira intenção é levantar a bandeira do Senhor Jesus, temos que leva-Lo aos mais altos escalões dos governos deste país, temos que abandonar as nossas neuroses, conceitos ultrapassados imputados em nossas mentes por homens de Deus que naquele contexto histórico da sociedade, teriam realmente que se abster do contato carnal com a sociedade humana, por isso cuidaram só do espiritual.
Queremos mostrar com este livro que a Igreja do Senhor Jesus pode ser um lugar de salvação de almas, um lugar de adoração a Deus e uma sociedade de salvos a espera da volta de Jesus. E enquanto Ele não volta? Esperamos sentados sendo massacrados pelo mundo, pelas forças do mal, pelos nossos inimigos, sendo tratados como escória da sociedade, só por que professamos um amor incondicional a um Deus que é maior do que tudo e de todos, misericordioso, onipotente, onipresente e onisciente.
Amados irmãos, Moisés foi separado e capacitado por Deus para liderar os hebreus da opressão egípcia e leva-los para a terra prometida, num primeiro momento tinha tudo para não ser o escolhido. Somente a providencia divina para se encarregar da sua capacitação. Senão vejamos:
1- O faraó egípcio promove um infanticídio, mandando atirar no rio todo os meninos nascidos entre os Hebreus. (Ex.1:22)
2- A mãe de Moisés para salva-lo da morte, coloca-o no rio dentro de uma arca de junco e o mesmo é salvo pela filha do Faraó, que chama exatamente a sua mãe para ser sua ama. (Ex.2:1-10)
Moisés foi educado visando o trono do Egito, seu intelecto foi desenvolvido dentro da cultura desse povo onde adquiriu os conceitos das ciências avançadas do Egito mesclado ao paganismo e a idolatria. Mas ao trazer sua mãe para cuidar de Moisés, Deus teve o cuidado de alicerçar sua base dentro de um caráter cristão, foi criado no temor de Deus, o Deus de Abraão, Isaque e Israel.
Ao ver um egípcio ferindo um Hebreu, Moisés atentou para o grande jugo que fora posto sobre o seu povo e não se conteve, matou o egípcio como forma de repudio aquela injustiça cometida contra o seu povo. (Ex.2:11,12)
Moisés era um príncipe, foi preparado para ser um Faraó, foi criado no luxo e não no lixo como vivia o povo Hebreu. Porque defenderia escravos separados dos egípcios e condenados a viver em guetos e favelas? Somente pelo simples fato de serem pastores de ovelhas?(Gn.46:34). Mesmo José sendo um príncipe do Egito as primícias da discriminação estavam se iniciando contra o seu povo.
Essa manifestação de revolta, fez com que Deus descobrisse o libertador do povo escolhido, Moisés mostrou a Deus o que estava dentro do seu coração, a educação de sua mãe suplantou a egípcia a sua origem não fora esquecida e a revolta tomou conta do seu coração, talvez fosse isso que Deus estivesse esperando para dar início ao plano de libertação do povo Hebreu. "Instrui o menino no caminho em que deve andar, e até quando envelhecer não se desviará dele." (Pr.22:6)
Que essa revolta esteja enrraizada dentro de nossos corações. Precisamos deixar que o Espírito Santo atue dentro das câmaras setorias. Gostaria que a partir da leitura deste livro o Espírito do Senhor possa fazê-lo compreender que precisamos lutar contra as injustiças e os desmandos das sociedades escravistas, não com armas, mas com idéias, temos que ter a mente de Jesus que passou todo o seu ministério denunciando os opressores e acalentado os oprimidos. Pensemos como Jesus, pois Ele ira nos cobrar quando estiver voltando para buscar a sua Igreja. Temos que sair do comodismo e entrarmos em ação para derribar as nossas muralhas e impactar os nossos inimigos com o verdadeiro amor de Deus.



SOCIEDADE SEM CLASSE PARA SOCIEDADE DE CLASSE

Em síntese, entende-se por pré-história o período compreendido entre o aparecimento dos primeiros homínidas e os primórdios dos registros escritos. Modernamente, a arqueologia utiliza o termo pré-história para o estudo de qualquer cultura extinta.
No período Paleolítico, o homem era essencialmente caçador e coletor. Era a chamada sociedade sem classe. No Mesolítico, o desenvolvimento cultural deste período estava baseado na economia caçadora e coletora do paleolítico, dentro de novas condições geológicas e ambientais. No Neolítico, ocorreu a primeira grande revolução da história humana: a Revolução Neolítica ou Revolução Agrícola. O homem deixou o estado de selvageria e entrou no período da barbárie. Além da agricultura, tivemos o pastoreio.
A idade antiga (período compreendido entre o aparecimento das primeiras civilizações no oriente e a queda do império romano no ocidente), foi na verdade a época de transição entre as sociedades sem classes para as sociedades de classes (formação dos estados mercantis escravistas). A chamada comunidade gentílica, baseada na propriedade coletiva dos meios de produção e na inexistência de classes sociais e do estado, teria surgido no período Paleolítico Médio.
O seu grande desenvolvimento deu-se, porém, a partir do início do período Neolítico, e foi o ponto de partida para o grande desenvolvimento das forças produtivas humanas com a Revolução Agrícola e com o pastoreio, que se completou com a utilização dos metais a partir do final do período Neolítico. Foi este desenvolvimento técnico, que exigiu novas relações sociais entre os homens, e fator determinante para a dissolução da comunidade gentílica.
Os dois processos de transição das sociedades sem classes para às sociedades classistas mais importantes ocorridos na idade antiga foram a revolução do regadio e a revolução dos metais.
O primeiro, chamado revolução de regadio (agricultura desenvolvida pelos grandes canais de irrigação), foi o chamado modo de produção asiático. Nesta forma de produção, não existia o proprietário. Qualquer indivíduo só usufruía da terra se fosse membro da comunidade. A comunidade era proprietária coletiva da terra. Os trabalhos agrícolas e manufatureiros eram feitos no interior da pequena comunidade. Acima destas, estava o déspota (faraó no Egito, imperador na mesopotâmia) que era o proprietário nominal das terras. O camponês tinha que produzir um excedente econômico para o déspota (Estado), o qual, através da construção de aquedutos e de canais de irrigação, permitia o desenvolvimento da agricultura.
O Estado era altamente centralizador. Em suas mãos estavam concentrados os poderes econômico, político, militar e religioso. Com todo este poder, ele desenvolvia a sua economia interna, com a construção de obras hidráulicas e com o desenvolvimento das cidades e outras.
Inicialmente, a função do estado era apenas técnica: permitia o desenvolvimento da agricultura de regadio, organizando o trabalho nas grandes obras. Com o crescimento da burocracia estatal, necessário à direção das grandes obras (sacerdotes, servidores, militares), o Estado passou a ser um órgão de dominação política.
Os burocratas, que antes eram recrutados pelo talento, passaram a ser recrutados por hereditariedade dentro do grupo burocrático. A burocracia foi se transformando em uma casta social, com a sucessão sendo feita dos pais para os filhos nos mesmos postos, mediante treinamento seletivo. O exército profissionalizado transformou-se em defensor dos privilégios das camadas dominantes.
Com o desenvolvimento das cidades, surgiram grandes metrópoles comerciais. A manufatura separou-se da agricultura. Ocorreu uma distinção entre cultura rural e urbana, e dentro das cidades, com o desenvolvimento da linguagem escrita e das técnicas de produção, as camadas dominantes diferenciaram a sua cultura da cultura dos outros setores da produção.
As burocracias passaram a se enriquecer com as concessões de terras aos trabalhadores privados e com os monopólios comerciais concedidos aos mercadores.
A formação das castas sociais, a diferenciação entre cidade e campo, a dominação política das castas dirigentes, a diferenciação de ocupações e a apropriação privada da terra levaram a comunidade asiática à dissolução, principalmente no Egito e na Mesopotâmia (entre rios, {Tigre e Eufrates}).
O segundo processo de transição ocorreu nas regiões onde se processou mais intensamente a revolução dos metais. Neste processo, com a dissolução da chamada comunidade gentílica, onde não havia divisão social do trabalho entre agricultores e pastores, nem a propriedade privada da terra, passou-se diretamente para a forma baseada essencialmente na utilização do trabalho escravo e na propriedade privada dos meios de produção. Apenas existia a divisão sexual de trabalho.
No período final do Neolítico, ocorreram importantes descobrimentos industriais: o tear, fundição de metais (cobre, estanho, bronze[combinação do cobre e o estanho], ferro). Com estes descobrimentos ocorreram um grande desenvolvimento de todos os ramos de produção e da produtividade do trabalho humano, aumentando assim, a produção de excedentes. A família deixou de ser a unidade produtora e consumidora. Houve então a necessidade de mão de obra excedente e os prisioneiros de guerra foram transformados em escravos. Com o crescimento de todos os ramos de produção, o trabalho artesanal separou-se do trabalho agrícola, com esta separação entre trabalho agrícola e artesanal e com a produção de excedentes, nasceu a produção direta para troca, com o surgimento de indivíduos especializados na articulação entre produtores: os comerciantes.
Todo este processo acima descrito ocorreu simultaneamente com o aparecimento e desenvolvimento da propriedade privada, sendo determinante e ao mesmo tempo determinado por ela. Na medida em que se desenvolveu a produtividade social do trabalho, com a introdução de instrumentos de metais, com o escravismo e com a separação dos ramos de produção, algumas famílias foram concentrando em suas mãos mais meios de produção que outras. No interior das famílias, ocorreu uma concentração dos meios de produção: os chefes de família apropriaram-se da maior parte dos meios de produção e outros membros da comunidade e os endividados, foram transformados em escravo.
Com o desenvolvimento das forças produtivas da sociedade e das relações escravistas de produção (o escravo era um meio de produção como a terra ou a enxada e pertencente a um senhor), fez-se necessário o surgimento de novas formas de relações políticas.
Na comunidade gentílica, não havia instituições especializadas (que tivessem o monopólio legítimo da força em um determinado território) em manter a coerção sobre as pessoas. Existia autoridade, mas era baseada na força moral e na experiência vivencial dos mais velhos, os quais, a par de suas atividades comunitárias, exerciam a direção técnica da produção e dos ofícios religiosos.
Com o aparecimento das relações escravistas de produção, surgiu uma série de instituições políticas especializadas em manter o domínio dos escravocratas sobre os escravos. Surgiu o estado escravista, processo este que ocorreu na Grécia, em Roma e em Cartago.

Foi nestas sociedades, ou mais precisamente na baixa Mesopotâmia, ao lado do rio Nilo, que tivemos o surgimento dos primeiro Estados e das primeiras formas de escritas ideográficas. Os Sumérios, com a dissolução da comunidade gentílica, organizaram-se em cidades-estado, foram os criadores da escrita cuneiforme, sendo que o seu sistema de direito consuetudinário, forneceu as bases do código de Hamurabi. Amoritas ou antigos Babilônios, no reinado de Hamurabi ocorreu a conquista de toda a baixa Mesopotâmia, grande desenvolvimento da agricultura de regadio e apogeu do modo de produção asiático. A principal realização cultural foi o código de Hamurabi, baseado no direito Sumério, que tinha por finalidade consolidar o poder do estado e adequar-se ao desenvolvimento da economia mercantil, um dos princípios do código era a lei de Talião (olho por olho dente por dente), era a sua lei básica. A sociedade foi dividida em dois grupos: os homens livres e os escravos. Os Assírios, originários da alta Mesopotâmia, atingiram o apogeu entre os séculos VII e VIII a .C, quando conquistaram a Síria, Fenícia, Israel e o Egito. Caldeus ou novos Babilônios, o apogeu deu-se com Nabucodonosor, tornou-se o maior centro comercial e cultural e do oriente.



A SOCIEDADE EGÍPCIA
Deus, as Sociedades e a Política.

Tal como durante a maior parte da história das civilizações mesopotâmicas, a forma de produção predominante no Egito foi o modo de produção Asiático. A forma de Estado (teocrático de regadio), canalizava o excedente econômico para as grandes construções de canais de irrigação. O Faraó (era considerado um deus vivo), era proprietário nominal das terras, centralizava em sua mãos os poderes político, econômico, religioso (eram politeístas) e militar.
Por volta do final do período Neolítico, a unificação das Gens levou ao surgimento dos Nomos (cidades-estado, nas quais se iniciou a dissolução da propriedade coletiva).
Períodos da evolução política do Império Egípcio: Antigo Império, Médio Império e Novo Império. Antigo Império: formação e desenvolvimento do império teocrático de regadio, cristalização das castas sociais. Médio Império: conquistas militares. Novo Império: criação do Império Asiático, organização de um exército regular.


A SOCIEDADE DOS HEBREUS

A união das doze tribos ocorreu por volta do ano 1000 a .C. A monarquia, que se iniciou com Saul, atingiu o seu apogeu com David e Salomão. Neste período, os antigos chefes de clãs e de Gens e os chefes guerreiros transformaram-se na aristocracia, que se enriquecia com o comércio de caravanas e se apropriava das terras dos camponeses endividados. As grandes construções de templos obrigavam a aumentar os impostos e o trabalho excedente que os camponeses deviam ao estado, o que tornava difícil a vida das camadas populares.
Por volta de 935 a.C. as dez tribos do norte, revoltadas com os altos impostos, se insurgiram contra o rei Reboão e formaram o reino independente de Israel, assim como as duas tribos meridionais formaram o reino de Judá. O reino de Israel, enfraquecido pelas revoltas internas das camadas populares e pelas constantes guerras com Judá, foi dominado em 723 a.C. pelos Assírios. Em 586 a.C, os Caldeus, liderados por Nabucodonosor, conquistaram o reino de Judá e levaram os judeus como escravos para a Babilônia.
Durante os primeiros tempos, os israelitas tinham uma economia nômade e pastoril e viviam em clãs (famílias extensas), compostos pelo patriarca (que detinha o poder e o prestígio), seus filhos, mulheres e servos. A monarquia estava se instalando em Israel.
No século II e I a.C. se inicia várias tendências na sociedade dos hebreus, essas tendências se transformarão em grupos e seitas. A saber: Saduceus, Fariseus, essênios, Samaritanos.


O BERÇO DA SOCIEDADE DEMOCRATICA

Ninguém pode entender a nossa época sem conhecer uma palavra: democracia. É a palavra que os homens modernos debatem e buscam em todo o mundo. O futuro da humanidade depende do grau de democracia que se tem ou se terá. Mais no entanto, esta palavra é antiga, data de 2500 anos atrás na Grécia, mais precisamente em Atenas. Esta palavra de origem grega quer dizer "governo do povo", forma de governo marcada pela soberania popular e da distribuição eqüitativa do poder.
Em 399 a.C, a cidade de Atenas na Grécia, ainda sofria as conseqüências das várias guerras em que se envolveu nos últimos cem anos, período em que conheceu sua maior glória e poder. Durante a guerra que envolveu todas as cidades gregas, ocorreu uma grande mudança no mundo helênico, a principal delas foi o fortalecimento da cidade de Atenas, que se impôs sobre as demais após a derrota dos persas.
Durante a guerra com os persas foi criada uma confederação das cidades gregas que se chamava "Confederação de Delos". Através dela, Atenas recolhia tributos das outras cidades para as despesas militares. Com a vitória sobre os persas, a confederação foi mantida e por intermédio dela, Atenas passou a dominar as outras cidades gregas.
Com riquezas acumuladas pela guerra, Atenas teve neste período o seu ponto máximo de magnitude, a cidade foi reconstruída, e teve início o período mais significativo de um regime político criado pelos gregos: a democracia. Péricles foi seu governante mais importante neste período, veja o que ele diz: "Uma vez que a cidade esteja abundantemente provida de tudo que é necessário a guerra, é preciso aplicar o excedente de seu recurso em obras que propiciem uma glória eterna e que, completadas, lhe deixarão ainda bastante opulência, graças ao desenvolvimento de uma indústria variada, na multiplicidade de exigências que despertam todas as espécies de talentos que movem todos os braços, que põem quase toda inteira a soldo do tesouro público a cidade, ao mesmo tempo ornamentada e nutrida por si mesma."
O povoamento da Grécia foi lento (2000 e 1000 a.C), esses povos foram interagindo e criando comunidades autônomas, que deram origem às cidades com independência política, chamadas de pólis. Apesar de ter uma mesma matriz de cultura, religião e língua, eles desenvolveram comunidades diferentes no plano: econômico, social e político. Atenas foi a mais importante cidade da Grécia e nela se desenvolveu a democracia.
Com o estabelecimento dos jônios (um dos povos de origem indo-européia que se estabeleceram na Grécia), se consolidou uma grande comunidade baseada numa grande família: o genos. A propriedade da terra era coletiva e o trabalho era dividido por um sistema de rodízio, na agricultura, cerâmica ou metalurgia. O chefe desta comunidade era o basileus (pai).
O basileus organizava o rodízio do trabalho, as festividades religiosas e armazenava as armas para a guerra.
Só que o aumento populacional acabou por provocar uma crise nessa comunidade, as técnicas de produção não se inovavam, o terreno era pobre e o que se produzia não acompanhava o ritmo das necessidades. A escassez começou a gerar lutas entre essas comunidades pela terra, fonte principal de riqueza.
Nessa lutas foram beneficiados os que estavam mais próximos dos basileus, que detinham não somente as armas, mas também a capacidade de organização. Assim, uma minoria armada e organizada passou a submeter uma maioria desarmada e desorganizada. Uma parte da produção ficou com as terras e com o poder. Outra ficou sem nada, dedicando-se ao artesanato ou à procura de outras terras e ilhas para colonizar. E, por fim, a maioria foi submetida a trabalhar como escravos nas terras dos que se impuseram sobre os demais.
A sociedade que era igualitária, em alguns séculos se tornou uma sociedade diferenciada em classes: os que tinham o poder e terras (eupátridas), filhos do pai em grego, seriam os "bem nascidos", os trabalhadores manuais e comerciantes e os escravos. Os eupátridas formaram o governo e passaram a habitar próximos uns dos outros, dando origem às cidades. Como se achavam os "melhores" (aristoi, em grego) deram o nome ao seu governo de aristocracia, governo dos melhores, onde somente eles poderiam participar.
No século VII a.C, Atenas teve um desenvolvimento comercial e urbano muito intenso. Uma outra classe de homens livres se desenvolveu: a dos comerciantes, só que essa classe de homens livres, mais os pequenos proprietários de terras (os que haviam ficado com as piores terras, as montanhas), se sentiam prejudicados pelos eupátridas, que não se interessavam pelos seus problemas, sendo assim, passaram a lutar pela participação nas decisões do Estado ateniense. Dessa luta nasceu a democracia.
As novas classes de Atenas exigiam reformas na economia (cunhagem de moedas), na sociedade (os homens não seriam mais escravizados por dívidas não pagas) e na política (possibilidades de participação nas decisões).
No princípio os eupátridas não aceitaram. Foram criados partidos políticos em Atenas e a luta entre as classes pelo poder se intensificou, assim, os eupátridas tiveram que fazer as reformas.
Foi colocado no poder o eupátrida de nome Sólon (594 a.C), tinha ele a confiança das classes envolvidas na luta, embora fosse da classe dos eupátridas, também se dedicava ao comércio. Ele tentou agradar a todos, conciliando os vários interesses. Promoveu reformas econômicas (moeda padrão, sistema de pesos e medidas), reformas sociais (decretou anistia para as dívidas e proibiu a escravidão delas decorrentes) e reformas políticas (dividindo a população pela renda e não pelo nascimento). Atenas passou a ter então quatro classes políticas: cada classe poderia escolher cem representantes, que somados fariam parte do conselho dos quatrocentos (bulê), foi criada também a assembléia do povo - Eclésia.
Apesar da profundidade das mudanças, as reformas de Sólon não tiveram estabilidade por muito tempo, tentando agradar a todos, acabou desagradando a alguns. Na reforma política os eupátridas não ficaram satisfeitos por terem que dividir o poder que antes lhes eram exclusivos. Os cidadãos mais pobres não tinham acesso garantido pela desproporção de representação, e os cidadãos mais ricos não tinham a segurança que queriam para seus negócios. Os anos subseqüentes às reformas e a morte de Sólon, foram de intensas lutas entre as classes.
O impasse dessas lutas deu origem a um período de tiranias (560 - 510 a.C). O principal tirano foi Psístrato, que aboliu as reformas políticas de Sólon, mas manteve as reformas econômicas e sociais, tinha o apoio dos setores médios e pobres de Atenas. Incentivou a cultura, mandando construir templos e monumentos e principalmente mandando redigir o que os gregos conheciam por tradição oral: a Ilíada e a Odisséia, do poeta Homero.
Quando morreu em 527 a.C. o poder foi transferido a seu filho que não teve o mesmo apoio das classes, em pouco tempo foi derrubado. Os eupátridas tentaram voltar a ter um poder exclusivo, mas uma revolta popular colocou no poder como legislador, Clístenes em 508 a.C.
A reforma política de Clístines foi a mais radical até então: poderíamos sem dúvida nenhuma dizer que o nascimento da democracia grega começou com o seu governo, ela estabeleceu finalmente direitos iguais para todos os cidadãos livres e nascidos em Atenas (sistema democrático). Diferentemente do regime aristocrático, Clístines não dividiu a população pelo critério de nascimento e também diferentemente de Sólon, não usou o critério da riqueza. Para estabelecer critérios de participação, ele a dividiu em bairros, que eles chamavam de demoi.
Sendo assim, Atenas foi dividida em dez regiões, equilibrando-se as áreas urbanas, litorâneas e montanhosas, pelo sistema de sorteio, ele formou a nova Bulê (conselho dos quatrocentos) representantes da classe política, que passou a ter quinhentos membros. O conselho dos quinhentos praticamente governava Atenas por um prazo de um ano, e qualquer cidadão poderia ser sorteado. Mas a assembléia do povo é que era soberana em todas as questões. Com isso, Clístenes estabeleceu uma forma de governo em que os demoi é que detinham o poder, o governo de demoi-democracia.
Todos os cidadãos tinham direitos iguais, sendo que por cidadãos entendia-se: os que tivessem nascidos em Atenas, tivessem cumprido o serviço militar de dois anos, dos 18 aos 20 anos, fossem livres e do sexo masculino, ele foi o criador de uma forma de governo em que as decisões eram sempre coletivas.
Posteriormente, outras reformas foram acrescentadas à democracia ateniense: na época de Péricles (444 a.C. - 429 a.C.), foi instituída a remuneração pela participação na vida pública. Era uma fórmula de estímulo à participação política do cidadão mais pobre. Esse foi também o período em que mais se desenvolveu a cultura em Atenas: na arquitetura, na escultura, no teatro e na filosofia. Mas ao invés de ser dissipada a escravidão, fortalecia-se cada vez mais. Os escravos e as mulheres livres não participavam dos direitos de cidadania. Pensadores então se levantaram contra essa falsa democracia. Um desses com visão de reformas foi Sócrates, seus pensamentos e questionamentos deveram-se em grande parte a essa democracia que pairava sobres Atenas, nesta cidade se discutia tudo livremente e de forma apaixonada. O conhecimento se desenvolve melhor em condições democráticas, pela liberdade de se expressar livremente. Mas ao mesmo tempo, a democracia de Atenas não era plena, ela tinha alguns problemas: era sustentada pela pior forma de exploração do trabalho a escravidão. Atenas vivia às custas das cidades que dominava, isso fazia com que sua democracia fosse fragilizada, embora se pensasse ser perfeita. Havia um poder invisível por trás daquela liberdade que não admitia questionamentos e dúvidas. Havia interesses muitos fortes que andavam na contramão da democracia.
Sócrates com sua desconfiança de tudo, fazia ver que a democracia não era completa, duvidava de tudo e pagou com a sua vida por essas dúvidas e questionamentos. Como crítico, questionou a todos e principalmente a si mesmo, para todos, ele tinha uma questão, uma pergunta que incomodava, fazia com que vissem que não eram o que acreditavam ser, e isto incomodava muita gente, quanto mais convencidos de que sabiam alguma coisa, mais tolos e ridículos eram. Ao passo que ele um simples questionador, um médico das almas, um parteiro de idéias mais se convencia de que nada sabia. Era por isso que o acusavam, incomodava aqueles que tinham algum poder, quer seja no âmbito: político, econômico ou mesmo literário.
Sócrates andava na contramão do sistema, por isso foi condenado e morto. Ao ser perguntado pelos juizes que o estavam apenando, que castigo deveria cumprir em substituição a morte, querendo que ele reconhecesse a sua culpa, defende sua liberdade de pensamento e o caráter crítico da filosofia. Vejam o que ele disse: "Pelos crimes que cometi, gostaria de ser condenado, a viver como um herói pela cidade, sendo alimentado até o fim de meus dias no Priteu, no maior conforto que a cidade pode oferecer ao seus cidadãos mais ilustres", e para terminar ele afirma "a vida sem reflexão não vale a pena ser vivida."
Sócrates em nenhum momento considerou a democracia a culpada pela sua morte injusta, a democracia não poderia ser culpada, os atenienses é que estavam fazendo um mau uso dela. Ela deveria ser defendida a qualquer custo.
A filosofia de Sócrates, Platão e Aristóteles na formação do pensamento ocidental foi imensa, não apenas filosófico mas também político e literário. Para eles o conhecimento era tudo, veja o que profere Platão sobre isso: "Não é com honras e riquezas que se contenda o coração de um homem, mas sim com o saber e a virtude."




A REPÚBLICA DE ROMA

Período monárquico iniciou-se com a fundação de Roma e terminou em 509 a.C. quando uma revolta da aristocracia depôs o último rei, Tarquínio, o soberbo.
Durante a monarquia, existia em Roma a chamada comunidade gentílica. Nesta forma de organização social, os meios de produção eram propriedades do coletivo (gens). A fortuna não saía do interior da gens, porque imperava o direito paterno. As mulheres estavam excluídas da herança. Quando casavam-se, passavam a pertencer à gens do marido, não tendo direito de receber nada que pertencesse ao gens paterno.
O que devemos notar é que a organização gentílica existia apenas entre a população romana nativa que habitava a cidade. Os membros da gens chamavam-se patrícios (derivada da palavra latina pater-pai-chefe da família), detinham o direito da vida e da morte sobre os outros membros.
Da reunião de dez gens tínhamos uma cúria e da reunião de dez cúrias formava-se a tribo. Das tribos saía o chefe do exército e grande sacerdote.
O conjunto das tribos formava o populus romano(povo romano). Só se pertencia ao povo romano o membro de uma gens e, por intermédio desta, de uma cúria e de uma tribo.
Os membros das tribos, submetidos pela comunidade romana nativa, não faziam parte das gens e eram chamados de plebeus. Estes eram homens livres, porém não cidadãos. Podiam possuir propriedades territoriais, eram obrigados a pagar impostos e estavam sujeitos a prestar serviço militar, mas não poderiam exercer nenhuma função pública, não tinham o direito de explorar a terra comunal e nem participavam da repartição de terras conquistadas pelo Estado Romano, os plebeus eram súditos do Estado Romano.
Além dos Patrícios e Plebeus existiam os Clientes, homens livres dependentes de um aristocrata romano que lhes dava um pedaço de terra para cultivar em troca de uma taxa e de trabalho, estes tinham uma dependência pessoal com um aristocrata enquanto os plebeus dependiam do Estado, os escravos eram de propriedade da família patrícia.
Quanto à organização política do período monárquico, Roma era governada por um rei que tinha o título de Rex Sacrorum, era o chefe militar, o juiz supremo e o supremo sacerdote. O Senado era um conselho de anciões que tinham por finalidade assistir ao rei. Os seus membros eram recrutados nas mais ricas e nobres famílias romanas.
Havia também o populus romanus. Todos os homens adultos pertencentes ao populus romanus reuniam-se por cúrias, estes elegiam os chefes, declaravam guerra e firmavam paz.
No século VI a.C. Durante o período de domínio Etrusco, o poder da aristocracia fortaleceu-se, neste período ela era formada pela aristocracia Etrusca e pela nativa aristocracia romana.
A situação dos plebeus agravou-se, possuindo pouca terra, os plebeus pobres não conseguiram saldar suas dívidas e eram transformados em escravos dos patrícios. Ocorreram lutas entre os mesmos, um rei romano de origem Etrusca, Sérvio Túlio, no século IV a.C. realizou uma reforma social muito importante. Além de ter permitido que os plebeus tivessem acesso ao serviço militar, lhes concedeu alguns direitos políticos. Dividiu a população em cinco classes, de acordo com a renda dos indivíduos, cada classe deveria contribuir com um certo número de soldados para o exército. Nas Assembléias das Centúrias, passou-se a decidir questões militares, as centúrias patrícias eram em maior número e conseguiam impor sua posição.
Em 509 a.C. uma revolta da aristocracia depôs o último rei romano, de origem Etrusca, Tarquínio, o soberbo e proclamou a república. Como causa fundadora da revolta, podemos citar o fato de que este rei procurava centralizar cada vez mais o poder em suas mãos.
A expulsão da dinastia Etrusca dos Tarquínios não provocou grandes modificações na vida constitucional romana. Roma continuava sendo um Estado dominado por uma aristocracia fundiária. A grande mudança deu-se nas instituições políticas, a aristocracia colocou no lugar do rei magistrados eleitos por um ano, era a chamada República Romana.
Cônsules - com plena autoridade sobre assuntos civis, militares e religiosos, em caso de necessidade, este poder seria entregue a um ditador pelo período de seis meses
Senado - do qual só participavam os patrícios, e que acabou tendo quase todo o poder político.
Assembléia Popular - Também teve a sua importância política aumentada, de simples órgão, que registrava os éditos reais, passou a votar as questões que lhes eram apresentadas pelos cônsules.
Mas foi na vida econômica e social romana que ocorreram as maiores modificações. Roma após o domínio Etrusco, tornou-se um importante centro comercial, o que atraía elementos de todas as partes da Itália. A manufatura era estimulada pelo governo que importava artesãos armeiros, a plebe crescia numericamente com a imigração destes elementos atraídos pelo comércio e pelas manufaturas. Outro fator que contribuiu para o aumento da plebe romana foi a expansão de Roma, a aristocracia dos locais anexadas eram destruídas ou incorporadas à romana. Os pequenos proprietários desses locais anexados transformavam-se em camponeses livres após a dominação romana.
Intensificou-se as lutas de classes entre os Patrícios e os Plebeus. Estes, a partir das reformas de Sérvio Túlio, tinham participação militar na vida romana, mas a sua participação política era diminuta.
O Senado e as Magistraturas eram monopólio exclusivo dos patrícios, a sua participação na Assembléia Centuriata era puramente formal, à aristocracia cabia a decisão, pois as centúrias patrícias eram em maior número, os Plebeus não podiam se casar com patrícios e não podiam ser sacerdotes.
Com a expansão militar romana, a plebe viu-se obrigada a participar cada vez mais intensamente das campanhas militares, as terras conquistadas eram praticamente monopolizadas pelos patrícios e, com o afastamento do Plebeu de sua propriedade agrícola, ocorria um declínio de sua produção, o Plebeu então via-se na contingência de vender sua propriedade para pagar as dívidas, pois caso não as conseguisse pagar eram transformados em escravos.
No ano de 494 a.C. os Plebeus abandonaram Roma e retiraram-se para o Monte Sagrado, próximo da cidade. A retirada implicava no enfraquecimento do exército romano, assim sendo os patrícios resolveram fazer uma série de concessões aos Plebeus, a principal delas foi o direito deles elegerem um tribuno de Plebe, com direito de veto sobre as decisões dos magistrados, menos sobre as decisões militares dos cônsules. Estes tribunos, inicialmente em número de dois e mais tarde de dez, eram invioláveis.
As leis de Roma eram baseadas na tradição e interpretadas pelos Patrícios, os Plebeus passaram a exigir leis escritas, em 450 a .C., uma comissão de decuriões composta de Patrícios e Plebeus, redigiram o primeiro código de lei escrito da história romana: A Lei das XII tábuas. Uma década depois os Plebeus conseguiram, por proposta dos tribunos da plebe Licínio e Séxtio, que um dos cônsules fosse Plebeu, mas tarde obtiveram eles o direito de ocupar o cargo de ditador.
Com a expansão militar romana, novas magistraturas foram criadas: os Pretores, que cuidavam do judiciário, os Censores, que dividiam os cidadãos segundo os bens que possuíam e preparavam a lista dos senadores, os Edis, que cuidavam do abastecimento e da vigilância da cidade de Roma, Os Questores, que administravam o tesouro público. Os plebeus conseguiram ter acesso a todos estes cargos. Suprimiu-se a escravidão por dívidas e em 326 a.C. proibiu-se a escravidão de cidadãos.
Foi durante o período republicano que Roma, de simples cidade-estado, se transformou em um grande império, tendo inicialmente se voltado para a conquista da Itália e depois para a conquista do mundo mediterrâneo.
Roma passou por grandes mudanças sociais. Embora a expansão militar romana tivesse provocado transformações radicais na vida econômica e social romana, o mesmo não ocorreu na constituição política. Roma continuava sendo uma cidade-estado, governada por uma aristocracia, como era no final do século IV, o principal órgão político era o Senado, composto principalmente pelos membros da aristocracia, cujo núcleo central era formado de Patrícios, esta havia assimilado os mais ricos e capazes líderes dos Plebeus, além dos cidadãos mais ricos das cidades latinas e aliadas que haviam recebido cidadania romana. Assim tínhamos uma classe especial, representativa da riqueza e da distinção, era dela que o povo escolhia os magistrados e os representantes do Senado. A história da família determinava a elegibilidade de um homem para a classe senatorial e para a nobreza (nobilitas). Se alguém chegasse ao Senado ou a uma magistratura pelo seu valor e não pela história de sua família, sendo este fato raro, era chamado homem novo e mal visto pela aristocracia. Os tribunos da Plebe faziam parte da nobreza, perdendo o contato cada vez mais com as massa populares.
Os pequenos proprietários foram os mais prejudicados com as guerras, muitos morreram e todos tiveram que arcar com as altas taxas de guerra, a maior parte dos espólios de guerra ficavam nas mãos dos oficiais, membros do grupo senatorial, os fornecedores do exército e corretores do espólio militar também ficavam com boa parte das presas de guerra. Roma tinha uma grande quantidade de capital em forma de moeda.
O Estado possuía terras (ager publicus) e necessitava de capitais para desenvolvê-las, entretanto, os senadores por lei, não podiam fazer negócios com o Estado, a solução foi arrendar suas terras, minas e outros para os homens que não pertenciam à nobreza senatorial e haviam acumulado riquezas com a guerra (Équites), porque sua riqueza pessoal os habilitava a lutar na cavalaria, formavam companhias para explorar os bens do Estado. A partir da guerra o trabalho e o capital cresciam em Roma. O Latifúndio, baseado no trabalho escravo e na grande aplicação de capital, desenvolveu-se. O comércio, da mesma forma desenvolveu-se e os grandes proprietários produziam vinhas e olivas, produtos para exportação.
A medida que se desenvolvia o latifúndio, os pequenos proprietários arruinavam-se e viam-se obrigados a emigrar para as cidades, estes transformavam-se em clientes das famílias ricas romanas, os que ficavam no campo trabalhavam como contratados e rendeiros nas grandes propriedades.
Durante este período, a cultura romana, principalmente a literatura, (Sec.III e II a .C.), foi influenciada pela grega, os gregos eram professores das grandes famílias, os grandes literatos e artistas romanos. A cultura oriental também se enraizou dentro de Roma.

A CRISE NA REPÚBLICA ROMANA

A Sícilia era o celeiro da Itália, graças ao solo fértil, os grandes capitais romanos foram ali aplicados, principalmente na agricultura. Os grandes latifundiários sicilianos usavam basicamente a mão de obra escrava. O tratamento era o pior possível, por falta de alimentação eles eram obrigados a roubar, em 137 ele se revoltaram e tomaram o poder sendo logo depois derrotados pelas legiões romanas.
Ao mesmo tempo em que ocorriam revoltas de escravos, na própria Itália iniciou-se uma série de distúrbios que tinham por lema "a divisão e a distribuição das terras". Alguns elementos progressistas da aristocracia, influenciados pela cultura grega, pensavam em reformas sociais. Um deles era o Senador Tibério Graco que preparou um projeto, que tinha por finalidade melhorar a combatividade do exercito romano. Segundo ele só havia uma forma de atingir este objetivo: melhorar as condições dos camponeses romanos e aumentar-lhes o número, concedendo terras aos cidadãos que não as possuíam em quantidade suficiente. Essa espécie de reforma agrária só seria aprovada se passasse pela assembléia popular e só os tribunos poderiam apresentar os projetos. Tibério candidatou-se ao cargo e venceu.
O projeto limitava a quantidade máxima de terra que uma família poderia ter em 500 iugera (medida romana na época) de terras públicas para o chefe e até 250 iugera (dois filhos ao máximo). Estas terras públicas passariam a ser propriedade dos atuais concessionários. As cedidas aos pobres não seriam propriedade absoluta deles, uma vez que os mesmos não poderiam vendê-las e além disso, tinham que pagar uma taxa de arrendamento ao Estado.
A assembléia popular dividiu-se, contra o projeto ficaran os grandes proprietários enquanto os pobres o apoiavam. No dia da votação, uma multidão de camponeses reuniram-se em Roma. Os Senadores, percebendo que perderiam as eleições, recorreram a um antigo recurso constitucional: o veto de um tribuno a qualquer lei. Otávio, um dos tribunos, vetou a lei. A lei estava morta. Tibério recorreu a um meio inconstitucional: pediu à plebe que afastasse Otávio por ter traído a sua causa. Afastado, a lei foi aprovada.
Formou-se uma comissão: Tibério Graco, seu sogro Ápio Cláudio e seu irmão Caio Graco, para a realização da lei. Sem o apoio dos tribunos, esta comissão era impotente, sendo que o seu êxito dependia da composição daquele órgão no ano sequinte. Com esta finalidade, Tibério candidatou-se, procurando eleger para o cargo candidatos seus. A releição era contrária à tradição romana e a aristocracia atacou a sua candidatura. O Senado começou a dizer que Tibério queria se rei ou tirano em Roma. No dia das eleições muitos de seus partidários agricultores e camponeses não compareceram e os Senadores aproveitaram para atacá-los juntamente com seus partidários, ocorrendo entre eles um conflito armado, Tibério e muitos dos seus foram mortos, outros foram condenados a morte. As leis ficaram sem execução.
Em 124 a.C. seu irmão Caio Graco foi eleito como tribuno, tendo apresentado à assembléia popular um projeto de reformas melhor elaborado que o de Tibério. Procurou neste projeto transferir para a assembléia popular a decisão de questões importantes, até então monopolizadas pelo senado, embora esta prerrogativa pertencesse à assembléia popular.
Apresentou uma lei agrária segundo a qual as terras concedidas aos pobres não seriam limitadas apenas ao território italiano, mas se estenderiam a todas as terras conquistadas, estendeu os direitos de votos aos latinos e aos aliados italianos. Caio apresentou além dessas propostas outras que visavam aumentar a sua base de apoio social e reduzir o poder da aristocracia. O povo passou a receber pão diretamente dos armazéns do Estado a preços baixos, com isso, Caio recebeu o apoio das massas populares urbanas.
Na sua campanha à reeleição, Caio tentou ampliar sua política assistencialista, tentou fazer com que a assembléia popular desse direito de cidadania a todos os aliados de Roma. O Senado expulsou de Roma todos os que não eram nativos de Roma e lançou uma campanha contra este projeto.
O projeto foi derrotado e, mais tarde, Caio foi derrotado na sua tentativa de reeleição ao cargo de tribuno. Neste dia o Senado decretou estado de sítio em Roma, Caio e seus partidários foram derrotados na luta armada e não querendo cair prisioneiro pediu que um escravo o matasse. Após a sua morte todas as medidas tomadas por ele, em relação as reformas agrárias foram abolidas. Os camponeses continuaram a perder sua terras, era um prenúncio para as lutas de classes consequentemente a guerra civil.
O senado consolidou o domínio sobre toda a cidade de Roma logo após a morte de Caio Graco, logo, iniciou-se a conquista de novas terras, cuja finalidade era aumentar suas riquezas e de certa forma desviar a atenção do povo dos problemas críticos da sociedade. Uma primeira investida dos soldados romanos foi sobre a Numídia, norte da África, mas os generais corruptos que lideravam o exército romano eram subornados pelo rei dessa região, sendo que a guerra esse arrastava por longos anos, a Assembléia Popular elege então Caio Mário, chefe das tropas nesta região. Mário derrota Jugurta da Numídia e anexa esta região a Roma.
Em 1404 a.C. Mário foi reeleito como cônsul e general chefe, tendo se aproveitado para realizar uma série de reformas no exército romano. Este percebeu a péssima situação em que se encontrava o exército romano, a base de recrutamento do exército eram os pequenos proprietários, estes abandonavam suas terras e iam se endividando. Os camponeses, armados com seus próprios recursos, pouco ganhavam com as conquistas, pois a maior parte ficava com os senadores e os cavaleiros. Mário ao perceber esta situação, iniciou uma série de reformas no exército, convocou para o serviço militar os proletários (sem bens), contrariando a tradição romana, pois apenas os proprietários poderiam participar do exército romano, com isso pôde ampliar o prazo do serviço militar e treinar melhor os soldados.
A situação de Roma era difícil, explodiam revoltas de escravos na Sicília e ocorreu uma rebelião dos povos itálicos (aliados de Roma), pois mesmo lutando ao lado destes, não eram considerados cidadãos romanos.
Em 91 a.C. foi eleito tribuno romano Marco Lívio Druso, o qual tentou levar avante as reformas iniciadas pelos Graco, em sua luta contra a aristocracia romana, procurou ganhar apoio dos itálicos, prometendo-lhes direito a cidadania. A aristocracia romana assassinou-o, e os ex-aliados então, rebelaram-se contra Roma ganhando proporções alarmantes, estendendo-se pela Itália meridional e central.
Mário e Sila, foram enviados para derrotar os revoltosos, durou três anos até que a revolta fosse sufocada e Roma saiu vitoriosa. Antes do final da revolta dos aliados itálicos, Roma enfrentou um outro inimigo. Mitridates rei do Ponto, no oriente, este reuniu uma grande parte do oriente helenizado e massacrou toda a população latina da África menor. Os partidos aristocrático e popular apresentaram, como candidatos ao comando dessas tropas, Sila e Mário. O vencedor foi Sila que partiu para o oriente. Com a ausência de Sila, Mário e seus seguidores se apossaram do poder em Roma. No oriente Sila faz um acordo com Mitridates e retorna imediatamente a Roma, iniciando uma luta contra Mário e seus partidários, em 82 a.C. Mário é derrotado, sendo instituída em Roma uma ditadura sob a liderançxa de Sila, que tornou-se ditador vitalício. Sila anulou o poder dos tribunos, limitou os direitos da assembléia popular e entregou o controle da justiça à aristocracia senatorial. Em 79 a.C. abdicou, retirando-se para a sicília.
Os problemas romanos continuavam, com a guerra civil, os escravos fugiam tornando-se piratas ou ladrões das propriedades dos nobres.
Na Espanha ainda restavam setores do partido democrático, que em Roma havia sido destruído por Silas, o líder era Sertório, que governava a província. No oriente Mitridates ampliava o seu reino e ameaçava a hegemonia.
Em Roma, Os democratas chefiados por Lépido entraram em conflito com o Senado ao tentarem restaurar o tribunato. Este cônsul, tendo sido derrotado pela sforças do senado, retirou-se para a Espanha, onde ajudou Sertório na luta contra Roma.
Pompeu, brilhante partidário de Sila, foi quem a serviço do Senado, derrotou Lépido. Como pagamento, o Senado deu-lhe o comando extraordinário das tropas na Espanha, onde deveria lutar com os democratas de Sertório, luta vencida pelo primeira, graças as divergências entre os partidários de Sertório.
Concomitantemente à guerra da Espanha, desenvolveu-se na Itália uma rebelião dos escravos, liderada por Espartacus. Roma lutava em três frentes: no ocidente contra Sertório, no oriente contra Mitridates e na Itália contra os escravos de Espartacus.
O partido democrático voltou a levantar a cabeça em Roma. Sei líder Júlio César, elemento aparentado com Mário. O dinheiro para as campanhas políticas de César era fornecido por Crasso, homem rico saído da classe dos cavaleiros, interessado em ofuscar a glória de Pompeu.
O primeiro triunvirato (governo de três), em 60 a.C. César, Pompeu e Crasso, firmaram um pacto sob a direção do primeiro, sendo que para ele, César apenas tomou o governo das Gálias Cisalpina e Transalpina. O Senado não via César com bons olhos, no seu primeiro consulado, voltara-se abertamente contra o Senado e não respeitara as limitações constitucionais do seu cargo. Com a morte de Crasso o Senado aproximou-se de Pompeu. O mandato de César, nas Gálias expirou em 49 a.C. O Senado propôs-lhe licenciar o seu exército e voltar a Roma, onde seria candidato ao cargo de Cônsul.
César recusou-se a licenciar o exército, invadiu a Itália e marchou sobre Roma. Os Senadores fugiram da cidade e Pompeu retirou-se para a península Balcânica sendo morte depois de fugir para o Egito.
César tornou-se chefe do Estado romano, tendo sido ditador vitalício, mantendo ao mesmo tempo os cargos de tribuno e cônsul, procurou manter as instituições republicanas em funcionamento, sendo que o Senado, as magistraturas e a Assembléia Popular continuaram existindo, mas totalmente submetidas ao seu poder. O Senado passou a ser composto por novecentos senadores, sendo que a maioria dos seus membros era composta por partidários de César.
Apesar de exercer um poder absoluto, recusou-se a restaurar a monarquia, por temer revoltas da plebe romana, sendo assassinado em 44 a.C. por uma facção republicana, temendo a restauração da monarquia. Contudo, o assassinato de César não restaurou o poder do Senado, uma vez que as massas populares romanas e o exército eram contrárias a ele.
Com a morte de César, Marco Antônio e Lépido seguidores de César, controlaram as tropas e impediram qualquer reação por parte do Senado, o primeiro possuidor de uma grande visão política, apressou-se em firmar com o Senado um acordo que garantisse todos os atos de César, entretanto, cada parte procurava meios de fortalecer sua posição. Bruto e Cássio, senadores líderes da conspiração contra César, escaparam para o oriente enfraquecendo a posição de Marco Antônio no oriente. Na Itália a posição do mesmo foi enfraquecida quando apareceu Otávio, sobrinho de César que fez as seguintes exigências: participação no governo e devolução do dinheiro retirada do espólio de César por Antônio, Antônio recusou-se e os veteranos de guerra de César ficaram com Otávio, sendo oferecido ao senado seus serviços na luta contra Antônio. Vendo em Otávio um fácil instrumento de suas ordens aceitou de imediato. O exército do Senado em sua maior parte passou para o comando de Otávio. Assim sendo pressionando militarmente, Otávio recebeu o título de cônsul e condenou os assassinos de César.
Em 42 a.C. o segundo triunvirato é imposto em Roma, Antônio, Lépido e Otávio, concluíram o acordo. Pelo acordo dividiriam entre si as províncias ocidentais do império e receberam poder ilimitado, por cinco anos, para reorganizar os assuntos do estado. Sendo ratificada pela Assembléia Popular. Para reorganizar o Estado estalou-se o terror em Roma. Havia dois objetivos: eliminação da oposição e o levantamento de fundos para pagar os soldados.
Durante as guerras civis, acumularam-se grandes fortunas em Roma, a anarquia nas províncias e a falta de eficiência do governo central contribuíram para o aumento da riqueza dos generais e governadores de províncias. Estes elementos e os équites, que haviam enriquecido com a espoliação das províncias, passaram a fazer parte da nobreza senatorial. Roma transformou-se no centro financeiro e comercial do mundo. O envio de riquezas do oriente para a Itália aumentou em muito a riqueza da península. Os pequenos proprietários empobreciam cada vez mais graças às importações de cereais vindo das províncias por preços ínfimo, graças a essa entrada de capital, houve um grande desenvolvimento das manufaturas. Ao mesmo tempo em que Roma florescia, as províncias se empobreciam, graças a espoliação dos governadores e dos cavaleiros romanos.
As classes dominantes de Roma (a nobreza senatorial e os cavaleiros) além dos cidadãos romanos, compreenderam a nova situação criada a partir das guerras civis, era necessário combinar o poder militar romano, indispensável à restauração e manutenção da paz, da ordem e do bom governo, com o desejo dos cidadãos romanos e italianos de manter a sua situação privilegiada, aos menos nas relações econômico-sociais com o resto do império. Para isto era necessário um governo autocrático, centralizado. Otávio interpretou esse desejo e estabeleceu o principado.
Otávio assim como César, manteve a ilusão da república, apesar de governar autocraticamente, manteve formalmente as instituições republicanas, chegou mesmo a elevar a autoridade senatorial e a restaurar os velhos usos e costumes da sociedade romana. Tendo colocado em suas mãos, entretanto, as magistraturas romanas mais importantes. Ocupou o comando do exército romano com o cargo de imperador, obteve o comando das províncias mais importantes, obteve o cargo de tribuno, foi o sumo pontífice romano e ocupou várias vezes os cargos de cônsul e censor.
A Assembléia Popular corrompida por Augusto, tomava sempre as decisões que ele indicava. O governo romano criado por Otávio (Augusto) chamou-se principado, ou seja, governo do primeiro homem do Estado (princeps). Seu poder era pessoal, envolto sob formas republicanas. O exército romano formado por cidadãos estava aquartelado nas províncias e mantendo as fronteiras do império contra os germanos e eslavos. Para proteger a pessoa do imperador foi criada a guarda pretoriana, cujos soldados tinham mais privilégios que os soldados normais. A cobrança de impostos nas províncias foi retirada das mãos das companhias de cavaleiros, passando a ser feita pelo Estado, isto visava aumentar a fonte de proventos do estado a fim de fazer frente às novas despesas. A Itália conheceu um período de ordem e progresso, o mesmo aconteceu com as províncias livres da espoliação dos governadores e das companhias de cavaleiros que arrendavam a cobrança de impostos.
A nobreza senatorial, com uma série de privilégios como, por exemplo, o comando das legiões, era a primeira classe da sociedade, os cavaleiros apesar de perderem o arrendamento da cobrança de impostos provinciais, receberam muitos privilégios, e eram considerados a segunda classe da sociedade.
O poder exercido pelos sucessores de Augustos foi meramente pessoal e totalmente corrupto. Os ensinamentos estóicos penetravam nas camadas dirigentes da sociedade romana, para eles, o poder não podia ser despótico e baseado na força, mas confiado por Deus ao homem moral e intelectualmente superior. Mas as classes dirigentes da sociedade romana sabiam que qualquer tentativa de abater a autocracia e restaurar o poder senatorial seria infrutífera e levaria a uma guerra civil. A autocracia era a única forma de governo reconhecida pelas massas populares e pelo exército, esta classe, portanto, desejava a manutenção das suas prerrogativas dentro do estado como classe dominante (senatorial). Mas os imperadores tendiam cada vez mais a reforçar o seu poder autocrático, baseando o seu poder no apoio do exército corrompido.
Com os Antoninos, houve um período de despotismo esclarecido em Roma, estes, procuravam conciliar o poder do imperador com o ideal estóico de servir a comunidade.
O reinado do imperador Cômodo (180-192) deu fim ao despotismo esclarecido e iniciou novo período de violência, cuja característica principal foi o controle do poder pelo exército, que colocava e depunha imperadores, o estado passou a ser uma extensão do exército, e este, perdeu o gosto pela guerra. Neste período as fronteiras do império foram ultrapassadas em quase todos os pontos.
Nos séculos III e IV d.C. ocorreu uma revolução econômica-social na Itália. Durante a crise do império, o trabalho dos escravos começou a se tornar antieconômico, pois continuava a ter uma baixa produtividade, como a maior parte da produção italiana era importada das províncias, começaram a escassear na Itália os metais preciosos. O comércio sofreu uma retração, manter escravos era um luxo para os grandes proprietários romanos, estes começaram a dividir sua terras em lotes e arrendá-las a pequenos colonos. Os elementos sem propriedades das cidades e dos campos transformavam-se em colonos, parte dos escravos também foram transformados em colonos. Os colonos pagavam ou em dinheiro ou em espécie os arrendamentos, cujo valor estava sempre em ascensão, e os impostos consumiam o excedente produzidos pelos colonos. Endividados com os grandes proprietários, praticamente não podiam abandonar a terra, assim, passou-se progressivamente da escravidão ao colonato, sistema de camponeses dependentes.
A partir do século III, as incursões dos chamados bárbaros contra o império intensificaram-se, por volta da metade deste século, ocorreu uma série de revoltas de escravos e colonos no interior do império. No período inicial do século III, iniciou-se um movimento dos imperadores, cuja finalidade era reforçar a autoridade do imperador e sufocar as revoltas de escravos e colonos. Concepções políticas orientais foram incorporadas às instituições políticas romanas, a figura do imperador passou a ser divinizada. O império, que já era despótico, tornou-se teocrático. O Senado deixou de ter qualquer função política, os burocratas dirigidos pelo imperador assumiam cada vez mais a direção do estado.
Diocleciano, foi o primeiro imperador que, após longo tempo de anarquia militar, impôs um poder despótico do tipo oriental. Este fortaleceu o governo em três frentes: fortaleceu o poder do imperador, reformou os métodos do governo e regenerou o exército.
Percebendo que o poder autocrático de um só imperador era insuficiente para governar e defender a unidade do império, Diocleciano criou um novo sistema de governo: dividiu o império em duas partes e transferiu o controle da região ocidental para um elemento (Maximiano) por ele nomeado. A partir daí, o império tinha dois Augustos, cada qual com exército, administração e capital próprio. Este sistema chamou-se diarquia, mais tarde, o império foi dividido em quatro regiões administrativos e foram nomeados dois auxiliares dos Augustos, os Césares. Este sistema chamava-se tetrarquia.
As reformas administrativas de Diocleciano tiveram como consequência a elevação dos impostos, um dos meios utilizados pela massas populares para fugir do pagamento dos impostos e do trabalho forçado era a mudança de domicílio e ocupação. Quando este processo se generalizou, o Estado obrigou os trabalhadores a não deixarem suas terras ou aquelas arrendadas, transformando-os em servos do estado.
Após a abdicação de Diocleciano, iniciou-se uma guerra civil entre Augustos e Césares por eles nomeados. O vencedor foi Constantino.
Constantino transformou o trono em hereditário e conseguiu que sua dinastia tivesse dois grandes suportes: o exército e a religião.
Um poder despótico do tipo oriental só se tornaria perfeito com a sanção da religião, sabendo disto, Constantino procurou criar uma religião oficial do Estado. A religião mais popular entre os soldados do exército romano era o cristianismo. Em 313, com o Edito de Milão, deu liberdade de culto aos cristãos.
O cristianismo apareceu no século primeiro, quando as massas populares romanas se achavam desesperadas com as condições de vida. Neste período, o império romano foi literalmente invadido por concepções religiosas provenientes do oriente. Graças ao trabalho do apóstolo Paulo, seu mais brilhante organizador, o cristianismo difundiu-se pelo império romano como religião das camadas populares.
A partir do século III, com a intensificação da crise econômica-social em Roma, elementos ricos aderiram ao cristianismo. Neste período, as comunidades cristãs enriquereceram-se. Em 380, Teodósio transformou o cristianismo em religião oficial do Estado Romano.
Um império movido pela rapina e escravidão de outros povos, imitador de civilizações "superiores" como a grega e moralmente decadente, essa era a imagem que a Roma antiga tinha.
A Grécia era sinônimo de democracia e Roma de ditadura e opressão imperial. A guerra fazia parte do cotidiano dos romanos, foram criados numa organização tática flexível e eram mestres na logística (arte de suprir as forças armadas em combate) e na engenharia militar. Estradas e pontes de excelente qualidade permitiam que um número relativamente grande de soldados se deslocasse rapidamente para defender o império. Só no século XVIII é que a engenharia mundial atingiu o mesmo patamar àquela da sociedade romana. A legião romana aperfeiçoou a organização de infantaria em unidades e subunidades, base dos exércitos.
Realizações romanas na agrimensura (medição de terras), na arquitetura, no saneamento urbano e nas letras foram ancestrais diretos do que temos hoje. A idéia da república (res-publica), "coisa pública", é romana.
O direito romano ainda é a base do direito de muitos países. Línguas como o português, italiano, francês, espanhol são chamadas línguas "latinas".
Na verdade Roma era uma grande assimiladora de outras culturas.
A civilização romana era bem complexa, original e dinâmica, a um pouco da sua cultura no cotidiano da maior parte da humanidade.
A sociedade romana marcou profundamente e deixou seu traços na vida de outras sociedades.
A queda do império romano em 476 d.C, marca o fim da idade antiga e o começo da idade média.




INÍCIO DA FORMAÇÃO
DA SOCIEDADE MODERNA

Por volta do século lX, na sociedade feudal a base da economia era a agricultura, nesta sociedade, durante centenas de anos, a produtividade da agricultura cresceu muito pouco, como causa dessa baixa produtividade tínhamos a pouca motivação dos servos (vassalos), plantavam para o seu sustento (economia de subsistência), eles não tinham mercado para vender o excedente da produção e por isso tinham que dar aos senhores feudais o que sobravam da sua produção. A idéia de progresso era estranha a mentalidade medieval. Os servos trabalhavam muito, porém o produto desse trabalho era pouco.
Por volta do século X, nova técnicas de manejos já conhecidas, começaram a ser utilizadas pelos camponeses para aumentar ainda mais a sua produção. Outro fator importante que impulsionou o mercado agrícola foi o renascimento urbano, com o surgimento de novas cidades e o crescimento das já existentes houve um aumento do número de pessoas que migraram para as cidades. Assim começou a surgir um mercado consumidor para os produtos agrícolas, e a produção excedente começou a ser vendida nas cidades, os efeitos da melhor distribuição de alimentos, logo se fizeram sentir. Comendo melhor, os europeus passaram a viver mais, diminuíram-se o número de mortes e o crescimento foi acelerado, por volta de 1000 até meados de 1200 houve um aumento substancial da população européia. Na idade média (séc.Xll) as cidades voltaram a ter importância, o comércio em geral começou a transformar a vida nas cidades, várias rotas comerciais tiveram que ser abertas unindo as várias regiões, surgiram então as chamadas feiras medievais, muitas delas deram início as grandes cidades. De feiras periódicas, tornaram-se centros permanentes dessas atividades (cidades). Os nobres que outrora tinham seus domínios nas zonas rurais e lá mantinham seus centros de produção cultural, pois a cultura era enriquecida e preservada nos mosteiros e conventos, já que estas possuíam vasta propriedade rural e o clero era a camada social letrada, passaram também a migrar para as zonas urbanas, pois passaram a ser as cidades, núcleos de poder político.
Logo centenas e milhares de pessoas estavam vivendo em função das feiras. A grande circulação de pessoas fomentou a troca de idéias entre viajantes que passavam pelas cidades vindos de diferentes lugares, traziam informações, novidades e conhecimentos que por ora eram desconhecidos, rompendo com isso o isolamento entre as sociedades feudais e o poderio absoluto do clero.
Nesse período foi instituída uma sociedade que se tornaria muito importante para o conhecimento e a cultura em geral, as universidades (associação de pessoas que se dedicavam ao estudo, à reflexão filosófica, ao ensino e ao conhecimento), no início teve uma conotação teológica, pois surgiu ligada a Igreja, portanto submetida à autoridade eclesiástica.
As cidades eram cercadas por burgos (muros), por isso seus habitantes eram chamados burgueses, termo que mais tarde passou a ser conhecido por pessoas ligadas a nobreza, aos ricos e aos influentes comerciantes estabelecidos nas cidades.
Os senhores feudais passaram a ser beneficiar com o crescimento do comércio e da produção agrícola, pois isso trouxe uma maior arrecadação de impostos e taxas, permitindo o luxo e a ostentação. Tornou-se comum a nobreza consumir produtos exóticos vindos de fora da Europa, dar festas com muita fartura e sustentar muitas pessoas, era uma forma dos nobres afirmarem o seus prestígio, e por isso precisavam cada vez mais de dinheiro.
Muitos senhores feudais passaram a incentivar os servos a pagarem as suas obrigações em dinheiro (institucionalizou-se com isso o sistema monetário), a monetarização das relações entre senhores e servos deixou de ser de subsistência, tendo abalado com isso as relações entre os mesmos. Começou então um êxodo rural para as cidades grandes.
Já no inicio da formação dessas sociedades, vemos que a má distribuição de renda impera, as classes dominantes (minoria burguesa) eram os que detinham o poder de compra e decidiam pela maioria (camponeses e comerciantes).

Breve comentário

Em toda a sociedade existe sempre um conjunto de idéias que orienta a vida de seus membros.
Vamos imaginar a seguinte cena, três pessoas olham para a mesma montanha: um artista, um empresário e um biólogo. O artista fica admirando com a beleza da montanha, o empresário imagina as riquezas contidas nela e o biólogo a riqueza da fauna e da flora existentes naquela montanha, cada um visualiza a montanha de acordo com as suas experiências de vida.
Mas mesmo tendo visões distintas, no que concerne as atividades profissionais, eles podem ser da mesma religião, falar a mesma língua ou seja, ter visões semelhantes sobre alguns assuntos isto acontece, porque eles pertencem a uma mesma época e a mesma sociedade, podem conversar mutuamente, cada um entendendo o conceito do outro com relação aquela montanha.
Difícil, é entendermos pessoas de épocas diferentes ou de sociedades diferentes da nossa, por essa razão, historiadores tem grandes dificuldades de entender e explicar as sociedades do passado, assim como um antropólogo que estuda uma tribo de índios, precisará de muito esforço para entender a maneira de pensar, de viver e de ver o mundo desse povo.
O conjunto de idéias de um povo, a sua maneira de viver, de se casar, de educar os filhos, de produzir, de fazer arte, de se vestir, de festejar, de explicar o mundo, de dividir o tempo, é o que chamamos de cultura.
A cultura ocidental demorou séculos para ser formada, todas as suas características tem uma história e um período de formação, a cultura ocidental contemporânea tem semelhança com a dos antigos romanos, sendo que com algumas diferenças. Nossa língua, nossas instituições políticas nossos código de leis são de origem romana, mas as transformações ocorridas foram muitas.
Podemos concluir então que:
- O indivíduo com experiências de vida diferentes tendem a ter idéias diferentes sobre coisas do mundo e da vida em geral.
- As pessoas que pertencem à mesma época e à mesma sociedade são semelhantes entre si porque pertencem a mesma cultura.
- A cultura de uma sociedade sofre mudança ao longo do tempo.
Sendo assim, quando nos referimos a cultura de um povo ou de uma sociedade, não nos referimos ao saber ler, ter um diploma ou ser bem informado. Estamos simplesmente dizendo que todos os indivíduos de uma sociedade possuem cultura, ou seja, participam da maneira de ver, agir e pensar dos membros desta sociedade, apesar das diferenças existentes entre os indivíduos.


UMA CULTURA VOLTADA PARA O DIVINO

Uma das características centrais da cultura medieval era a religiosidade. Deus ao criar tudo o que existe, as coisas vivas e inanimadas, a sociedade e as instituições e sendo os nobres os senhores dos servos, nos impôs uma ordem social estabelecida por Ele. Este inspirava temor, fé e esperança. A vida terrena não tinha muito valor, servia apenas como preparação para a vida eterna, apegar-se a este mundo e aos seus prazeres seria se afastar das coisas verdadeiramente importantes e corria-se o risco de perder a salvação. A ação das pessoas era orientada muito mais pela fé do que pela razão.
A instituição medieval mais importante era a Igreja Católica, responsável pela manutenção da ordem. Os membros da Igreja (padres e monges), eram as poucas pessoas alfabetizadas da sociedade, os livros eram copiados e traduzidos nos mosteiros pelos monges, a educação estava na mão da Igreja e o seu conteúdo de acordo com os preceitos da Igreja, as catedrais góticas expressavam a importância e o poder da Igreja e a grandiosidade de Deus, financiados por nobres e ricos.
Aqueles que negassem os preceitos da fé católica, por gestos ou palavras eram considerados hereges, julgados, eram condenados à morte, a tortura ou a prisão pelo tribunal da Igreja (inquisição) criada no século Xlll, os que se levantassem contra ou que professassem uma outra religião (judeus e muçulmanos) tinham seu bens confiscados, portanto viviam a margem da sociedade.


UMA CULTURA VOLTADA PARA O HOMEM

O comércio enriquecia os comerciantes, os banqueiros e muitos artesãos. A riqueza urbana trouxe o luxo e um novo estilo de vida, aproveitar a vida e ter alegria de viver não parecia mais errado aos olhos da sociedade, apesar dos ensinamentos católicos.
A Igreja condenava a cobrança de juros e isso era incompatível com as necessidades do comércio. Tomar e emprestar dinheiro a juros interessava a todos os envolvidos nos negócios urbanos. Havia portanto, uma incompatibilidade entre os ensinamentos tradicionais da Igreja católica a as mudanças trazidas pelo renascimento do comércio e da vida urbana,
A política também mudou, o rei foi impondo o seu poder aos senhores feudais, os funcionários e o exército estavam em toda parte para fazer cumprir os decretos reais. Os reis em toda parte da Europa não queriam mais se submeter à Igreja, passou a ser comum os atritos entre a autoridade do papa e os reis.
Novas idéias sobre a natureza e a sociedade encontravam oposição da Igreja e resultavam em perseguições aos pensadores inovadores, muitos sábios se afastaram da instituição.
As velhas idéias defendidas pela Igreja, pareciam não satisfazer aos grupos criados pelas transformações econômicas e políticas que estavam ocorrendo na Europa. Os estudiosos passaram a dar valor a autores não cristãos da antigüidade, a experiência passou a ser valorizada como critério de verdade, os estudiosos buscavam explicações racionais para os fenômenos naturais e a realidade social, surgem novas concepções teológicas e com isso uma nova maneira de pensar e de explicar o mundo, o homem passou a ser visto como o centro de toda a criação de Deus, ao contrário do ser decaído e pecador apresentado pela visão medieval sendo valorizado como ser racional e criador, ele pôde então transformar para melhor a sua vida na terra.
A tradução e o estudo dos textos da antigüidade clássica (greco e romano) reforçaram essa visão. O homem era muito valorizado nesses textos, esses estudiosos eram chamados de humanistas. Humanismo passou a ser então, usado para designar essa nova visão do mundo, que se expressava na arte, na filosofia e nas letras em geral, recebeu o nome de renascimento, pois embora estivessem criando uma coisa nova eles achavam que estavam fazendo a cultura greco-romana renascer.
Assim humanismo e renascimento têm o mesmo significado, embora o primeiro se refira mais à literatura e o segundo as artes plásticas (pintura, escultura...). Uma das características do homem renascentista era possuir um saber universal. Veja o que diz Leonardo Da Vinci: "Já fiz planos de pontes muito leves, sou capaz de desviar a água dos fossos de um castelo cercado, conheço meios de destruir o castelo que for, sei construir bombardas fáceis de serem deslocadas, galerias e passagens sinuosas que se podem escavar sem ruído nenhum, carros cobertos, estáveis com canhões. Estou sem dúvida em condições de competir com qualquer outro arquiteto, tanto para construir edifícios públicos ou privados como para conduzir água de um sítio para outro. E, em trabalhos de pintura ou na lavra do mármore, do metal ou da argila, farei obras que seguramente podem suportar o confronto com qualquer outro, seja ele quem for."
As idéias humanistas atingiram toda a Europa Ocidental o centro do continente e a península itálica. As idéias só ganham vida e se perpetuam quando conquistamos o coração ou a mente de um grande número de pessoas, sua idéias valorizavam o homem como ser criativo e nacional, e esses valores foram aceitos pelos grupos sociais que ascenderam como o renascimento comercial e o desenvolvimento urbano. Mas as idéias humanistas contaram com um poderoso veículo de irradiação: os livros. Com a impressora, os livros se tornaram mais numerosos e mais baratos, tendo se ampliado em muito o número de leitores com isso, homens como Nicolau Copérnico (Polônia), William Shakespeare (Inglaterra), Leonardo da Vinci (Itália), Luís de Camões (Portugal) e Miguel de Cervantes (Espanha), tiveram suas idéias e seus ideais levadas a todas as sociedades do mundo. O mundo começava a questionar o sistema.


O DECLÍNIO DA IGREJA CATÓLICA

Devido à sua melhor organização, essa Igreja foi se impondo sobre as demais. Por isso durante séculos, foi considerada à única e verdadeira igreja de Cristo Jesus, foi a religião predominante na sociedade européia. Durante a idade média na sua quase totalidade, a população era constituída de católicos.
Os Europeus dessa época acreditavam que uma de suas missões neste mundo era lutar contra os infiéis, para estimular as pessoas a lutar, a Igreja afirmava que os cristãos que combatessem seriam bem recompensados por Deus.
Os comerciantes, os nobres e os reis se beneficiavam com as perseguições aos seguidores de outras religiões, as riquezas, os negócios dos judeus e muçulmanos mortos ou expulsos acabavam ficando para eles. Assim a Igreja católica apoiada pelos reis e nobres conseguiu se impor na Europa controlando a educação e a cultura durante muito tempo.
Todavia, apesar do seu imenso poder, a Igreja começou a declinar. Um dos motivos deste, foi a enorme corrupção moral do clero, a Igreja católica que surgira junto aos pobres e que pregava a simplicidade, tinha se desvirtuado. O papa e os bispos ostentavam roupas e jóias que deixavam deslumbrados os mais ricos comerciantes, para manter esse luxo, ela necessitava de muito dinheiro. Era comum ver padres e bispos vendendo objetos que eles diziam ser sagrados: pedaços da cruz de Cristo, ossos de santos e outros. Outra prática condenatória, que horrorizava as pessoas mais bem informadas, era a venda de indulgência, ou seja, do perdão da Igreja aos pecados de vivos e mortos, comum era também a venda de cargos na Igreja, dependendo da fortuna, um cidadão poderia comprar o cargo na Igreja de bispo, com isso pessoas sem nenhuma vocação religiosa ocupavam altos cargos na Igreja, era comum ver padres e bispos com vários filhos, apesar do celibato clerical.
Os interesses políticos e religiosos acabaram prevalecendo sobres às questões espirituais, a luta pelo poder entre os membros do clero e a mistura entre as questões religiosas e políticas acabaram no início do século XV, levando à incrível situação de haver três papas ao mesmo tempo (cisma do ocidente), contribuindo em muito para a desmoralização da Igreja.
Os reis também contribuíram para que a Igreja perdesse o seu domínio, até o século Xlll, os papas tinham enormes poderes sobres os reis, mas com a formação das monarquias nacionais (países europeus), cada rei em seu país foi adquirindo uma maior autonomia e mais poderes. A Igreja levou a pior, foi perdendo o direito de cobrar taxas, manter tribunais e até mesmo de nomear bispos sem a aprovação do rei.
O desenvolvimento das autoridades comerciais e bancárias também contribuíram em muito para diminuir a autoridade da Igreja pois, havia algumas regras da instituição que condenava os juros e defendia o "preço justo" e colocava-os como pecadores. E o humanismo e a busca da verdade, através da observação e da experimentação, contribuiu para diminuir a autoridade perante o povo.
Nos séculos XV e XVl, surgiu uma nova visão de mundo, que, sem diminuir a religiosidade do povo, colocava em discussão muitos valores e verdades defendidos pela Igreja.





A SALVAÇÃO PELA FÉ

A partir de 1300, os que discordavam da Igreja católica adquiriram maior força junto ao povo, muitos dos que criticavam a corrupção moral e a extrema ganância dos sacerdotes receberam apoio popular. Como solução, propunham uma Igreja mais simples e voltada para o povo, com isso foram se formando grupos com práticas cristãs diferentes da Igreja católica. Esses grupos eram chamados de hereges e foram violentamente perseguidos, nos séculos XlV e XV, milhares desses seguidores foram massacrados.
Em 1517, na Alemanha o monge Martinho Lutero, insatisfeito com os rumos da Igreja, tornou pública as suas 95 teses, nelas, ele condenava a venda de indulgências e de relíquias. Negou o próprio valor espiritual das indulgências. Para ele, a Igreja não tinha o poder de perdoar os pecados, os pecadores deveriam ter fé na misericórdia de Deus, pois "só a fé salva".
Lutero queria reformar o cristianismo, propôs novas regras para a vida cristã, suprimiu o culto aos santos e à virgem Maria, aboliu o celibato clerical, negou a infalibilidade do papa (o papa não era infalível em questões de doutrina), e o dogma da transubstanciação (o pão e o vinho se tornam o corpo e o sangue de cristo na celebração da missa). Conservou apenas o sacramento do batismo e da eucaristia, onde não se acreditava que o pão e o vinho se transformassem no corpo e sangue de cristo.
Lutero afirmou também que os homens não precisavam dos padres e da Igreja para conhecer a palavra de Deus, pois poderiam lê-la diretamente na Bíblia (palavra de Deus).
Como era de se esperar a Igreja católica reagiu excomungando o monge, Lutero então se separou da instituição, criando uma outra. Grande parte dos nobres alemães o apoiou, a Igreja era uma grande proprietária de terras, os nobres pretendiam com isso ficar com elas. O imperador então ficou fiel a Igreja católica e ao papa, ocasionando uma guerra entre as duas instituições, os Luteranos passaram a ser conhecidos como protestantes.
As idéias luteranas se espalharam por toda a Europa, muitos reis simpatizavam com Lutero pelo fato dele defender a criação de Igrejas nacionais, não submetidas a Roma. Viam como uma forma deles controlarem a religião e com isso, seus vassalos.
Vejam o que fala Lutero sobre a indulgência: "...os comissários e subcomissários encarregados de pregar as indulgências não fazem nunca outra coisa senão elogiar as suas virtudes ao povo e provocá-los para que as comprem. Nunca explicam para o seu auditório o que é, na verdade, a indulgência, a que se aplica e quais são seus efeitos. Pouco lhes importa que os cristãos enganados imaginem que, ao comprar um pedaço de pergaminho, estejam salvos."
Calvino que tinha fugido da França depois de uma tentativa fracassada de instaurar a reforma, queria como Lutero um cristianismo renovado. Todavia, para Calvino, a salvação não era obtida pela fé, e sim pela predestinação divina, nada que o homem fazia, poderia alterar o seu destino, para Calvino, Deus já escolhia os que seriam salvos. Os predestinados eram os bem sucedidos, idéias que agradavam principalmente aos comerciantes, banqueiros e artesãos (elite burguesa), que estava se enriquecendo. Veja o que fala Calvino sobre os predestinados: "Aqueles do gênero humano que estão predestinados à vida eterna, foram escolhidos para a glória com Cristo Jesus, antes de efetuada a criação do mundo, segundo sua finalidade eterna e imutável, e secreta deliberação e arbítrio de sua vontade, por manifestação de sua livre graça e amor, sem qualquer previsão de fé ou boas obras, ou de perseverança em ambas, ou qualquer outra coisa na criatura como condição ou causas que o levassem a isso, e tudo para louvor de sua gloriosa graça."
A Igreja católica, que na idade média detinha o monopólio da religião na Europa ocidental, com exceção de algumas religiões de origem muçulmana, teve que dividir o rebanho cristão com as Igrejas reformadas (protestantes). A Europa então, se dividiu pela fé. O norte da Europa se tornou protestante (áreas luteranas, calvinistas e anglicanas). A Igreja católica manteve-se no sul do continente, detendo o avanço protestante, a França, embora de maioria católica, sofreu um grande avanço calvinista. A Europa oriental continuava ortodoxa.



SOCIEDADE COMERCIAL

Com essas mudanças que foram acontecendo nas sociedades humanas, idéias foram surgindo, e com isso pessoas tiveram acesso as universidades e o nível cultural do intelecto da população mundial foi crescendo, foram estabelecidas as bases da ciência moderna (séc, XV,XVl,e XVll). Novos mundos foram descobertos, culturas foram se fundindo e homens com ideais renascentistas com mentalidade científica como: Leonardo da Vinci, pintor, cientista, Nicolau Copérnico, (monge dedicado a astronomia), André Vesálio e Miguel de Servet, (símbolos da medicina) e Fracastori, (descobriu a causa das infecções), Giordano Bruno, (afirmava que o sol era o centro do universo e que deveria haver mais mundos habitados), Galileu Galilei, (inventou o telescópio) e outros foram se afirmando com seus conceitos e suas descobertas avassaladoras para a sociedade, foram desenvolvidas também ciências como a matemática, arquitetura, física e química. Apesar do progresso científico aumentar os conhecimentos e trazer muitos benefícios para a Europa, suas descobertas andavam na contramão dos conceitos da Igreja católica, muitos desses homens foram perseguidos pela mesma. Muitos filósofos, artistas e cientistas foram torturados e mortos pelo tribunal da inquisição, acusados de hereges.
A rivalidade comercial, a disputa por colônias, as questões sucessórias e as ambições expansionistas dos reis tornavam as relações entre os países da Europa muito tensas. Aumentar a riqueza e o poderio da nação era uma questão de sobrevivência do país e condição para o fortalecimento do poder real.
Dessa forma, desenvolver a economia do país era também de importância política, quanto mais rico fosse o país, maior a sua capacidade de arrecadar impostos, obtendo recursos para manter exércitos, armadas e funcionários públicos. A riqueza era sinônimo de poder, como não existia dinheiro (papel-moeda), o dinheiro era de metais preciosos.
Com o avanço das ciências, principalmente a matemática, física e a astronomia o homem se lançou ao mar em busca de "outros mundos", que pudessem lhes proporcionar essas riquezas, era a fase do mercantilismo, receita para a riqueza dos países europeus. Foi a época dos grandes descobrimentos e a fusão com outras sociedades totalmente diferentes das que os europeus estavam acostumados.



A SOCIEDADE INDUSTRIAL



Atualmente a maior parte das coisas que usamos é produzida em indústrias desde lápis até aviões que são fabricados em escala industrial (grande escala), muitos países ainda não são industrializados, mas as tentam implantar, pois a industrialização passou a ser sinônimo de desenvolvimento. Nesses países à indústria é responsável direta ou indiretamente pela maior geração de empregos. Por essa razão, essas sociedades são denominadas sociedades industriais. As fábricas são recentes em nossa história, surgiram mais ou menos a 200 anos, o surgimento se deu por razões políticas, econômicas e sociais.
No final do século XVl e início do século XVII, uma das atividades que mais trouxeram riquezas para a Inglaterra foram os saques realizados por corsários financiados e protegidos pela coroa inglesa aos espanhóis que retiravam ouro, prata e mercadorias de sua colônias americanas.
No século XVll, o governo Inglês estimulou a formação de muitas companhias de comércio, que foram favorecidas pelos governantes ingleses com monopólio, proteção e ação militar para eliminar concorrentes estrangeiros, contribuindo em muito para o enriquecimento dos comerciantes ingleses. A Inglaterra passou a estabelecer colônias na América do Norte, e elas passaram a fornecer produtos tropicais e a consumir produtos ingleses.
Em 1688, uma revolução inglesa fez com que o governo, fomentasse mais ainda o comércio, o poder passou para a mão do parlamento, assembléia formada por representantes eleitos pelo povo (parlamentarismo). Os reis continuavam existindo, só que sem poder, o país era governado então pelo primeiro ministro eleito pelo parlamento. Nessa época, a maior parte dos membros do parlamento era formada por pessoas de posses: grandes proprietários rurais, comerciantes, manufatureiros, banqueiros e outros. No poder, eles tomaram medidas que incentivaram ainda mais o crescimento econômico da Inglaterra.
Assim no século XVlll, a Inglaterra passaria a frente de Portugal e Espanha, e dividiria com a França o primeiro lugar entre os países mais ricos do mundo, mas logo a Inglaterra a ultrapassaria também graças a derrota da França na guerra dos sete anos. Sua poderosa marinha de guerra, controlava as principais rotas e os seus comerciantes negociavam com todas as regiões do mundo.
A expansão comercial estimulou o desenvolvimento de outros setores da economia inglesa, a necessidade de mais navios para o transporte das mercadorias incentivou a construção naval que empregava dezenas de milhares de homens, para a construção de navios necessitava-se de peças de metal, essa procura por metais estimulava as atividades ligadas a extração e produção de ferro, outro produto muito estimulado foi a lã, para aumentar essa produção uma maior quantidade de terras deveriam ser ocupadas para isso começaram a expulsar os camponeses de suas terras. Os camponeses expulsos migravam para as cidades em busca de trabalho.
O aumento do comércio externo e interno estimulou também mudanças na produção artesanal, antes o artesão realizava sozinho todas as tarefas na produção. Com o aumento da procura de produtos para o comércio, negociantes ou artesãos bem sucedidos iam enriquecendo, reorganizando a produção artesanal, surgiram então as manufaturas. Na manufatura o artesão não controlava mais a produção, ela passou para o controle dos empresários, ou seja, no artesanato a produção pertencia ao artesão, na manufatura, ela pertencia aos empresários. O artesão passou a ser assalariado.
A divisão das tarefas na manufatura permitiu um grande aumento na produtividade, mas não era suficiente para atender à crescente procura de produtos ingleses, as duas áreas da economia que mais sentiam necessidade de inovações técnicas eram a mineração e a produção de tecidos.
O Invento que fez a diferença e mudou os rumos da economia inglesa, depois de alguns anos de várias mudanças e aprimoramento, foi a máquina a vapor, beneficiou tanto a metalurgia como a produção de tecidos. A máquina a vapor logo seria usada no transporte terrestre, fluvial e marítimo, a rapidez dos novos meios de transportes encurtou distâncias e diminuiu custos. Com a construção de estradas de ferro, locomotivas e vagões foram criados novos campos para se investir e auferir lucros, além de aumentar a procura por carvão e metais. Logo todo o mundo estaria ligado por estradas de ferro.
A todo esse processo de transformação, os historiadores denominaram revolução industrial, esse termo é empregado para definir transformações profundas ocorridas em uma determinada sociedade que deu origem a uma nova realidade. A industria transformou uma sociedade predominantemente rural em uma sociedade urbana, revolucionou o mundo da produção com as novas máquinas e o emprego da energia do vapor, generalizou o trabalho assalariado (proletariado) e deu origem à burguesia industrial e ao operariado, deu origem aos sindicatos e aos partidos operários, iniciou um processo contínuo de inovação tecnológica e revolucionou a agricultura e os transportes. Poderíamos afirmar que o relógio mecânico inventado em 1335 e a máquina a vapor em 1769 foram as invenções mais importantes deste século.

Breve comentário

Com a sociedade industrial em alta, e a industrialização em franca ascendência, foram criadas duas novas classes sociais, a burguesia industrial e o operariado, não confundir com a burguesia do feudalismo, que era ligada ao comércio e não a produção, auferia lucros comprando e não produzindo.
O trabalho assalariado também existia, mas não era a forma de trabalho predominante. A maioria dos trabalhadores eram camponeses livres e proprietários, servos, artesãos, arrendatários e escravos (área colonial).
A burguesia industrial surgiu quando parte dos lucros obtidos no comércio começou a ser investida na produção. Como vimos, isso resultou na reorgarnização do trabalho e na inovação tecnológica, o objetivo do lucro passou a orientar todas as fases da produção, desde a concepção do produto até a sua venda. O operariado foi formado pelos artesãos arruinados, pelos camponeses que foram expulsos das suas terras ou as perderam por ocasião de dívidas contraídas e não pagas.
Tendo apenas o salário, o operariado era obrigado a comprar tudo o que precisava consumir para sobreviver, sendo assim, ele passa a comprar aquilo que ele mesmo produziu. O dinheiro pago pelos empresários pela força de trabalho acabava voltando para as mãos da elite empresarial.
O empresário contudo, produz para vender com lucro e não para consumir, ele coloca a venda a produção que será adquirida pelos próprios assalariados. A produção só é possível a partir de uma relação de compra e venda: o salário que compra a força do trabalho.
Mas em contrapartida, os operários no início da industrialização, foram submetidos a duras condições de vida e de trabalho: longas jornadas, salários muitos baixos, fábricas insalubres, exploração do trabalho de mulheres e crianças, ameaça constante de dispensas sem nenhum amparo e direito e outros.
O operariado reagiu a essa situação adversa dando início a uma luta secular contra o predomínio econômico e político da elite burguesa. Dessa reação nasceram os sindicatos e mais tarde, os partidos operários.
Nascido dentro da classe operária, esses conflitos se estenderam para a esfera política: partidos, legislação e luta pelo poder.
Nesses conflitos os trabalhadores conseguiram seus grandes avanços no que tange as leis trabalhistas. Através dos seus legisladores eleitos e pensadores simpatizantes da causa (representantes da classe cultural) eles lutaram por essas conquistas.


O PODER ABSOLUTO

O absolutismo é o nome que se dá ao regime político que prevaleceu na Europa durante a idade moderna. Ele resultou de um longo processo histórico de centralização política que se iniciou no século Xlll, ainda na idade média. Ao longo dos séculos, os reis foram conquistando cada vez mais poder. Em contrapartida, a Igreja e a nobreza foram perdendo poder em favor dos reis.
Nas sociedades democráticas atuais, os deputados e senadores são os responsáveis pela elaboração e aprovação das leis, é o que dá legitimidade a elas, pois foram resultados da vontade da maioria, manifestada através dos representantes eleitos pelo povo.
No absolutismo, o rei era a fonte das leis, elas deveriam ser obedecidas, porque expressavam a vontade do soberano, que era soberano e se impunha a todos os grupos sociais. Havia assembléia de representantes da sociedade, mas evidentemente elas dependiam da convocação do rei para se reunir e não tinham poder decisório, eram apenas órgãos consultivos.
Para efeito de ilustração, veja o que Luís XV respondeu quando um deputado (representante do povo) reclamou dos seus gastos fabulosos (advertência ao parlamento de Paris no século XVlll): "É somente na minha pessoa que reside o poder soberano, é somente de mim que os meus tribunais recebem a sua existência e a sua autoridade; a plenitude desta autoridade, que eles não exercem senão em meu nome, permanece sempre em mim, e o seu uso nunca pode ser contra mim voltado; é unicamente a mim que pertence o poder legislativo, sem dependência e sem partilhas; é somente por minha autoridade que os funcionários dos meus tribunais procedem. Toda a ordem pública emana de mim, e os direitos e interesses repousam inteiramente nas minhas mãos."
Os pensadores da época afirmavam e a sociedade aceitava, que o poder do rei era de origem divina, recebendo esse poder diretamente de Deus e ,portanto, não devia satisfações à sociedade, estava acima e era independente dela, colocava-se acima da Igreja e do papa.
Dessa forma, a denominada teoria do direito divino legitimava o poder absoluto do rei.
Havia outras maneiras de justificar o poder dos reis, Hobbes (pensador inglês), dizia: "que o poder absoluto do rei era a única maneira de garantir a ordem social. A ambição e o egoísmo dos homens fariam com que todos lutassem contra todos e isso destruiria a própria sociedade." Outro pensador, Maquiavel defendia: "que um rei absoluto era a garantia da unidade e sobrevivência da nação, diante da ambição de conquista de seus vizinhos, ele tinha uma análise fria e objetiva dos fenômenos políticos."
Como já vimos, o rei se fortaleceu depois de uma secular luta contra a nobreza e a igreja. Os impostos arrecadados permitiram a ele montar um exército nacional e uma administração centralizada. Nessa luta, ele teve o apoio da burguesia, pois tomava medidas que favoreciam a ela. Todavia, a nobreza não desapareceu, continuou sendo uma classe social importante e manteve uma série de privilégios. Era está, a principal rival da burguesia.
O rei fortalecido passou a ser um mediador dos conflitos sociais, se tomava medidas que favoreciam a burguesia também concedia favores e mantinha privilégios para a nobreza. Ambas as classes precisavam do rei e contavam com o seu apoio, isso era o fator preponderante para o seu poder. Se o desenvolvimento econômico promovido pela burguesia interessava ao rei, pois trazia riquezas para o Estado, manter a nobreza era também do seu interesse, pois ele próprio era um nobre.
As sociedades européias dos séculos XVll e XVlll ainda eram aristocráticas (classe dos nobres ou fidalgos). O rei e os demais nobres tinham os mesmos gostos, o mesmo estilo de vida e se viam como dotados de certas qualidades especiais, ao beneficiar a nobreza, ele apenas estava seguindo uma tradição de séculos.
Outro grupo privilegiado era o clero, os reis como vimos, conseguiram, principalmente depois da reforma, se impor sobre a Igreja. Assim dentro de cada país, o clero estava mais sob a autoridade do Estado do que do papa. Devido à influência que a religião tinha na vida das pessoas, o clero desempenhava um papel importante na sociedade, era o responsável pela educação, pelas obras de caridade, hospitais, orfanatos e asilos.
A desigualdade social de direitos entre os grupos sociais fazia parte da tradição da sociedade européia, e era aceita como normal e natural. A ordem social baseada na desigualdade de direitos e no privilégio era vista como de acordo com a vontade de Deus. Tinha um caráter quase sagrado.
São essas sociedades européias, com reis absolutos e privilégios sociais da idade moderna que receberam o nome de antigo regime.



ILUMINISMO, UMA NOVA SOCIEDADE

A contestação ao poder absoluto dos reis, dos privilégios de nascimento e da influência da igreja começou a surgir já no século XVll, na Inglaterra, mas cresceu bastante no século XVlll com os iluministas franceses. Seus pensamentos tinham suas origens mais remotas no humanismo e no renascimento, que valorizavam qualidades humanas como a inteligência e o esforço individual.
Vimos que esses valores estavam ligados à burguesia e que representavam a maneira de ver o mundo dessa nova classe social. No final da idade média e início da idade moderna, época do renascimento, a burguesia ainda era uma classe pouco numerosa. O renascimento teve sua influência restrita a uma elite, ao contrário da reforma, a qual atingiu todas as classes sociais. No século XVlll, a burguesia já era uma classe muito mais numerosa e influente, havia acumulado experiências ao longo da idade moderna. O iluminismo representou as idéias, os interesses e a maneira de ver as coisas dessa burguesia já amadurecida. Assim os pensadores iluministas vão propor uma nova maneira de governar, de organizar a sociedade e de fazer as leis. Eles vão propor uma sociedade de acordo com a visão do mundo da burguesia, vão criticar a sociedade do antigo regime, desmontando os argumentos dos defensores do absolutismo e dos privilégios de nascimento e do clero. O iluminismo foi um movimento literário, político e filosófico, que visava combater o absolutismo, a Igreja e a tradição.
O movimento ganhou esse nome porque achavam que com as luzes das ciências poderiam acabar com a ignorância e o obscurantismo, iluminando o caminho para uma nova sociedade.
Sendo assim vários pensadores iluministas, começaram a se preocupar com os problemas vividos pela sociedade e apontavam soluções.
Montesquieu: "o poder dividido", defendia a separação dos poderes, no lugar de monarquia absoluta, deveria haver três poderes: o executivo, o legislativo e o judiciário, que deveriam ser autônomos e harmônicos, todos deveriam se submeter à lei, inclusive o rei.
Rousseau: "o homem nasce bom", para ele as leis, teriam que expressar a vontade geral, ou seja, a soberania popular é `a base da vida nacional assim, se o governante não representa a vontade geral, o povo não só pode como deve substituí-lo. O homem é um ser superior, capaz de autonomia e liberdade, ou dito de outra forma: o homem nasce bom, é a sociedade que o corrompe. Veja o que ele fala sobre o tema: "O homem nasce livre, e por toda a parte encontra - se a ferros. O que se crê senhor dos demais não deixa de ser mais escravo do que eles. Como adveio tal mudança? Ignoro-o. Quem poderá legitima-la? Creio poder resolver esta questão."
Se considerasse somente a força e o efeito que dela resulta, diria: "Quando um povo é obrigado a obedecer e o faz, age acertadamente, assim que pode sacudir esse jugo e o faz, age melhor ainda, porque, recuperando a liberdade pelo mesmo direito por que lha arrebataram, ou tem ele o direito de retomá-la ou não o tinham de subtraí-la. A ordem social, porém, é um direito sagrado que serve de base a todos os outros. Tal direito, no entanto, não se origina da natureza: funda-se, portanto, em convenções."
Outro grande pensador foi Voltaire: "contra a superstição e os privilégios". Ele criticava de uma maneira bem contundente, as liberdades inglesas ao atraso da França, antiquada e dominada pela Igreja e pela nobreza. Veja o seu pensamento: "É ridículo pensar que uma nação esclarecida não seja mais feliz do que uma nação ignorante."
"É terrível insinuar que a tolerância é perigosa, quando vemos, às nossas portas, a Inglaterra e a Holanda enriquecidas por essa tolerância, e belos reinos despovoados e incultos pela opinião contrária."
Estes pensadores, orientados pela ciência em franco desenvolvimento, não criticavam apenas a forma de governar, mas também, a forma como se educava. Achavam-na muito influenciada pela religião, sendo por isso atrasada, conservadora e cheia de superstição, completamente em desacordo com os pensamentos iluministas. A Igreja foi atacada e ridicularizada.
As idéias iluministas encontraram um terreno fértil para germinar. A burguesia estava descontente, pois, apesar de rica, ela não possuía poder político. Os altos cargos no governo estavam nas mãos dos nobres e estes não precisavam se preocupar com problemas como guerras e crises, pois eram sustentados pelos reis.
Os ideais iluministas estavam bastante difundidos na Europa na metade do século XVlll, muitos monarcas absolutos aderiram a elas: os déspotas esclarecidos. Havia reis esclarecidos desde Portugal, no extremo oeste do continente e no Império Russo, no extremo leste, o principal centro do iluminismo era a França, mas não tivemos lá nenhum déspotas esclarecidos. Voltaire, Rousseau e Montesquieu, e outros, conseguiram influenciar monarcas de muitos países, mas nenhum da própria França.
Levada as últimas consegüencias, as idéias iluministas eram incompatíveis com despotismo. Elas defendiam a divisão de poderes, governos representativos da vontade popular, igualdade perante o rei. O poder do rei contrariava esses princípios. Todavia, muitos reis tiveram a percepção de que essas idéias representavam o futuro, e empreederam reformas nos seus países inspirados nelas. Não abriram mão, entretanto, do poder absoluto. A Inglaterra, que aparece como centro iluminista nessa época, já tinha um sistema político parecido com esses ideais.
Os ideais iluministas, prepararam o terreno para a grande revolução francesa e a Independência dos Estados Unidos da América, etc. Aqui no Brasil, esses ideais aportaram trazidos por: livros, professores de universidades, escritores, filósofos, poetas, etc. Independência do Brasil, Inconfidência Mineira, Proclamação da República, Abolição dos Escravos, Guerra dos Canudos, Guerra dos Farrapos, etc. Estes foram alguns dos levantes que ocorreram em nossa história alimentados pelos ideais iluministas.
Foram estes os precursores das grandes mudanças sociais que aqui ocorreram, mudanças de mentalidade, de querer o melhor para a sociedade e para o bem estar social. As elites passaram a ser confrontadas e questionadas mesmo assim, só viemos a ter um país verdadeiramente democrático a partir do final do século XX.


A SOCIEDADE FRANCESA E A SUA REVOLUÇÃO

A França, no fim do século XVIII, estava no seguinte impasse: a sociedade como um todo estava caminhando para grandes transformações. A economia começava a se dinamizar e os burgueses (grandes negociantes e fabricantes) olhavam com inveja para a Inglaterra, que vendia mercadorias para todas as regiões. A agricultura já estava a começando a passar por um processo mais moderno de aproveitamento de solo. Tudo isso se exigia que a França se modernizasse, que se desenvolvesse para acompanhar os passos de sua rival, a Inglaterra. Mas o poder político nas mãos de um rei absoluto, junto com a nobreza conservadora, impedia que a sociedade seguisse adiante.
Entretanto, um movimento iniciado há alguns anos, por um grupo de intelectuais franceses, parecia ter a resposta. Esse movimento criticava e questionava o regime absolutista. Eram os iluministas, que achavam que a única maneira possível da França se adiantar em relação a sua rival, seria passando o poder político para as mãos da burguesia (nova classe).
A monarquia absoluta, que tantos benefícios havia trazido para o desenvolvimento do comércio e da burguesia francesa, agora era um empecilho. As leis mercantilistas impediam que se vendessem mercadorias livremente. Os grêmios de ofício impediam que se desenvolvessem processos mais rápidos de fabricação de mercadorias. Enfim. A monarquia absoluta era um obstáculo, precisava ser removida e o foi pela revolução. Que significou principalmente a subida da burguesia ao poder político e a preparação para a consolidação do capitalismo como um modo de produção já totalmente acabado. Esta revolução não ficou restrita a sociedade francesa, suas idéias e seus ideais espalharam-se pela Europa, atravessaram o oceano e vieram para a América latina e muito contribuíram para a elaboração da nossa independência.




A SOCIEDADE RUSSA E A SUA TENTATIVA DE UMA FALSA SOCIEDADE IQUALITÁRIA

O século XX começa com o nascimento da física quântica, diferente do que se acreditava, os átomos não irradiavam energia de um modo contínuo e suave, mas em pequenos rompantes ou seja a física passaria a ser estuda através do microscópico (átomos e suas partículas), foi aberta a passagem para o mundo atômico. O nascimento da genética moderna (clonagem). Teve início a curta era dos Zeppelins. Descoberta dos grupos sanguíneos, até então as transfusões eram questões de sorte, a escolha do sangue era aleatória. Santos Dumont sobrevoava Paris. Marconi transmitia através do oceano, usando seu sistema de telégrafo sem fio. O carvão ainda reinava absoluto como matéria prima nas indústrias e dos transportes como geração de energia, quando em 1901 um inglês obteve concessão para explorar petróleo na Pérsia (Irã), no oriente médio. Ainda hoje, o eldorado do ouro negro, onde em pleno século XI ainda se mata e se dizima populações inteiras. Criam factóides para declarar guerra a países pela obtenção do monopólio desse produto de geração de energia. Freud virava o nosso mundo de cabeça para baixo. "O segredo do sucesso de qualquer idéia nova e radical está em suas conexões com o passado." Foi por isso que Freud começou sua viajem, pesquisando seu predecessores e reconhecendo aqueles que antes dele tiveram lampejos sobre o inconsciente, a pulsão sexual e o principio do prazer. "Nossos desejos surgem na infância e a infância tanto quanto a fase adulta, é dominada pela pulsão sexual," escreveria Freud em seus livros. Assim como Darwin, Freud nos obriga a reconhecer que somos parte do mundo animal. Darwin relacionou os homens aos macacos e Freud vinculou todas as soberbas realizações da cultura e da imaginação às leis da natureza.
O século XX, começava com grandes transformações para as sociedades. As sociedades levadas pelos ideais iluministas iam se modernizando e criando saídas para as suas necessidades mais prementes.
Mas no mundo todo ainda se tinha vestígios do absolutismo e algumas sociedades daquele tempo ainda estavam conquistando a sua independência.
Em meio ao ano de 1916, o assassinato de um único homem serviu para expor os podres da autocracia czarista (monarquia russa), enfraquecendo-a ainda mais e ajudando a aplainar o terreno para a revolução de 1917. Insatisfeitos com as relações por demais íntimas entre a família do Czar e seu guia espiritual, o camponês Grigori Rasputin, setores ligados à monarquia tramaram seu assassinato.
Tomou frente da conspiração alas rompidas com a monarquia czarista, entre eles o príncipe Yusupov. O príncipe convidou Rasputin para visitá-lo e o assassinou.
Rasputin que era curandeiro, havia chegado a São Petersburgo em 1903 e logo conquistou o respeito da própria czarina, consegüindo amenizar as dores e a melhora de saúde do príncipe herdeiro. Na ocasião, os mandatários encontravam-se desgastados e procuravam alento ao misticismo. Rasputin então, enquadrou-se no perfil de messias. Outro fator que o ajudava na aproximação com os czares era o fato dele ser camponês, era considerado por eles uma espécie de líder das massas e do povo. Rasputin que havia se tornado conselheiro do czar, tinha uma personalidade controvertida, havia criado uma doutrina de purificação através do pecado. Sendo assim, setores que apoiavam o czarismo começaram a questionar o caráter do "salvador" imputados a ele.
O camponês havia constituídos muitos inimigos: jornais e políticos começaram a atacá-lo. Acusaram-no de associar praticas sexuais e religiosas, incluindo flagelação como meio de estimulação erótica e comunhão com Deus e até de Rasputin ter um caso com a própria czarina. A aristocracia não queria o czar no comando, mais temia depô-lo, pois isso incentivaria os revolucionários. Resolveram então desaparecer com o seu conselheiro.
Quando começou o século XX, o império czarista era uma sociedade de contrastes. Lado a lado, harmoniosamente imperava a modernização econômica capitalista e o modelo arcaico político da autocracia. O contexto social exibia profundas desigualdades. As elites sofisticadas tinham no seu modo de vida com o que tinha de melhor no mundo até então. Já os camponeses cerca de oitenta por cento da população, passavam dificuldades, embrutecidos pela fome e pela ignorância. Quanto aos operários, embora lidando com modernas tecnologias, eram obrigados a suportar condições de vida e de trabalhos próximas da servidão.
Cruzavam-se os tempos naquele espaço: modernidade e arcaísmo, opulência e miséria, mundos articulados, mas ao mesmo tempo fendidos e fraturados. As vozes que advertiam sobre os perigos da situação não lograram persuadir a sociedade e o poder. A revolução de 1905 fora um susto. Mas o parlamento eleito (duma), anunciado como a principal concessão de poder, apequenara-se. Pelos padrões dos países capitalistas avançados, cedo transformara-se numa caricatura. Da mesma forma, os movimentos sociais, que recobravam vigor desde 1910 esbarravam num poder surdo e insensível. O czarismo parecia imexível, forte e intransponível para qualquer derribada e mudanças de mentalidade para outro tipo de regime.
Quando se iniciou a primeira guerra mundial, nunca o poder parecia tão sólido, a exemplo do que acontecera com os demais países da Europa, a sociedade foi contagiada com um nacionalismo sem procedente , unindo até os diferentes de pensamentos distintos e além das diferenças políticos - partidárias era preciso defender o território, repelir o inimigo para salvaguardar a nação. Entretanto a guerra prevista para ser curta, prolongou-se e virou catástrofe, cerca de quatro milhões de mortos antes do fim de 1915, uma carnificina. Ao lado do medo havia o frio, a fome e a obrigação de conviver com carências múltiplas, agravadas com o colapso da economia. Da euforia guerreira a sociedade passou para o descontentamento e à cólera, ao processo de auto-organização e aos movimentos grevistas, como alternativa a um poder isolado, desmoralizado, incapaz de enfrentar os enormes desafios do conflito. Evidentemente que ninguém imaginaria que uma revolução estivesse prestes a acontecer. Mas nos últimos dias de fevereiro de 1917, cinco jornadas de movimentos sociais intensos na cidade de Petrogrado, capital do império, derribaram uma dinastia eterna de três séculos de existência.
No vácuo formado pela vacância do poder, emergiu livre a palavra para quem se despose-se a fazer uso dela. Para um povo obrigado a se acostumar ao silêncio, foram surpreendentes a vontade e a disposição com que todos procuravam se apossar dela, e a moderação e a prudência com que a mesma foi manejada. Os operários queriam realizar o programa que a social-democracia ocidental já havia realizado na prática: jornada de oito horas de trabalho, seguros sociais, liberdade de organização, respeito e consideração aos trabalhadores. Os camponeses retomaram a sua utópica reforma agrária, queria terra, todas elas, que seriam divididas iqualitariamente.
Perante essa sociedade em ebulição, constituiu-se um governo provisório, entronizado pelo parlamento. Aceitava-se a necessidade de profundas reformas, mas se estabelecia um calendário: primeiro, ganhar a guerra e depois eleger uma assembléia constituinte. Apenas esta assembléia teria legitimidade para aprovar as reformas que a nação carecia.
Os movimentos sociais foram ganhando em volume e ousadia. Auto-organizaram-se em busca de seus objetivos, o que o governo não dava foi sendo tomado, virou uma babel onde ninguém se entendia, múltiplo poderes tentavam se sobressair. O poder não estava mais nos palácios e sim nas ruas, nos quartéis, nas trincheiras, nas fábricas, nos comitês agrários, nos conselhos (soviets). O Estado ficou a deriva, sucessivas crises não acordaram os governantes que se sucediam, sempre provisórios. Sendo assim, o Estado já dava sinais do caos que havia se tornado este modelo de administração. A rebelião camponesa transformara-se em revolução agrária na prática, expropriando as terras dos senhores, do Estado e da Igreja, para assim, distribuí-las às famílias dos camponeses, sob o controle dos comitês agrários. Nas cidades, os operários organizados nos comitês das fábricas já exigiam o controle da produção. Entre os soldados, que desertavam em massa, a paz imediata, sem anexações e indenizações, tornou-se reivindicação central. Quanto aos não russos, exigiam simplesmente a independência.
É nesse quadro de extrema desagregação social que se realizou a insurreição bolchevique, na noite de 24 e 25 de outubro de 1917. Um novo governo revolucionário, dominado largamente pelos bolcheviques, atendeu de pronto as reivindicações centrais dos grandes movimentos sociais, formulando decretos que reconheciam a revolução agrária (decreto sobre a terra), a necessidade de uma paz imediata (decreto sobre a paz e armistício imediato com a Alemanha), o controle dos operários sobre a produção e a hipótese das independências nacionais (declaração dos direitos dos povos da Rússia).
A insurreição foi um golpe, porque decidida e desfechada sem consulta ou acordo prévio com o congresso soviético, que a acolheu como um fato consumado. Mas o golpe não se tornou vitorioso pela ousadia de seus lideres, Lênin e Trotsky, ou pela adequada condução político-militar, mas sim, porque teve sensibilidade e foi capaz de reconhecer e formalizar juridicamente as propostas e ações revolucionárias em curso, que tinham o apoio da esmagadora maioria da sociedade.
A vitoria da insurreição, não significou a consolidação da revolução. Depois viria a eleição da assembléia constituinte, logo dissolvida em outro golpe. Uma guerra civil sangrenta em 1921, arrasada pelos bolcheviques a ferro e fogo. Foi então que a revolução soviética, que se tornou bolchevique, assumiu algumas feições que seriam suas até a decomposição do regime (nacional, estadista e ditatorial).
Aos comunista do mundo inteiro, resta um consolo: A União Soviética ainda estaria aí, se Lênin fosse imortal? No calor da revolução, ele parecia não só indestrutível como onipotente, exibindo extraordinária resistência física, a par dos dotes de intelectual e estadista. Em agosto de 1818, uma bala alojou-se em seu pescoço durante um atentado, trazendo-lhe grandes complicações com a saúde. Em abril de 1822 os médicos conseguiram tirar o projétil de dentro do seu corpo, embora tenha reagido bem à operação no mês seguinte, ele sofreu o primeiro dos três derrames que o levaria a ficar paralítico.
Lúcido até o fim, Lênin continuou suas atividades, dedicando-se com pressa e afinco à formação da União Soviética. Mas era cada dia mais visível a limitação de seus movimentos e de sua capacidade de atuar como chefe de Estado e líder do partido comunista. Nesse período suas maiores preocupações eram com a vulnerabilidade do regime e às incertezas da sucessão. Antes que perdesse a fala, o comandante, que soubera conduzir a Rússia na agitada travessia do estado tradicional para o novo Estado Soviético, ditou seu testamento político. Nele o estadista e pensador revolucionário manifestou temores sobre o futuro, especialmente sobre o risco de o partido e o país caírem nas mãos de Stálim, o secretário geral do comitê central. "Proponho aos camaradas que pensem numa forma de tirá-lo do cargo e nomear alguém mais transigente, cortês e leal com seus camaradas," dizia o documento. A advertência era bem intencionada e acima de tudo nacionalista mais tardia, Stálim já se apoderara do aparelho do partido.
Lênin, arquiteto e fundador do Estado Soviético morreu em 1924 e com ele o mito de que era imortal, seu cadáver embalsamado a mais de seis décadas, desfruta de uma eternidade provisória feita pelas mãos humanas em sinal de respeito ao maior estadista russo de todos os tempos, aquele que soube dar ao povo numa época de regimes ditatoriais, alguma liberdade de expressão e de conquistas populares.
A troca de líderes na União Soviética não foi então, e nunca seria, um processo de transição democrática, com instituições azeitadas para permitir a manifestação popular. O sistema idealizado por Lênin previa o governo direto de operários, soldados e camponeses, mas ficou claro, nas primeiras disputas sucessórias que o lugar pertenceria a quem soubesse manobrar, tivesse talento e paciência para formar seu capital político e não deixasse tolher por pruridos de consciência democrática.
Havia nomes mais interessantes do que o de Stálin na linha de sucessão, dentro do próprio partido e havia ainda, o candidato mais citado dentro e fora do país como herdeiro do leninismo era Trotsky, revolucionário de primeira linha e companheiro de Lênin.
Trostsky era brilhante em tudo o que fazia, sabia pensar e escrever, tinha uma vasta cultura, uma índole passional e desde jovem exibia o dom da palavra, eletrizava platéias de operários e soldados com sua oratória popular. Bolchevique, da ala liderada por Lênin, via o partido social democrático como a vanguarda clarividente e disciplinada da vida operária, mas teve namoros com os mencheviques, que defendiam estruturas partidárias mais democráticas. Essa hesitação rendeu-lhe desafetos à direita e à esquerda, e lhe custaria caro mais tarde, serviu de pretexto para que Stálin o vestisse com a capa do anti-leninismo.
Stálin, estudante de teologia e discípulo de Marx, foi expulso logo depois ao ser descoberto que levava uma vida dúbia, pois acendia uma vela para Deus e outra para o materialismo dialético de Marx. Mal saído da adolescência e do seminário, juntou-se aos bolcheviques. Falando em público raramente conseguia convencer as massas populares, porém, nos bastidores convencia pela astúcia, diferente de Trotsky, cuja altivez o incapacitava para a arte da conciliação.
No partido, como encarregado de recrutar, promover e demitir, o maior de todos os conspiradores formou sua base de poder, jogava duro e sujo com adversários e desafetos e não hesitava em fazer mimos pela frente e apunhalar pelas costas.
No funeral de Lênin, Stálin fez o elogio fúnebre, lançando as bases do culto da personalidade que desvirtuaria o legado do criador. Trotsky por razão de saúde, sequer compareceu. Num magistral golpe publicitário, Stálin lhe dera uma informação falsa sobre a data da cerimônia: não queria concorrentes no pesar e no pranto. Em 1927, Stálin, mais versado em Maquiavel do que em Marx, não só era o chefe do partido como também do governo. Stálin conseguiu se livrar de todos aqueles que lhe pusessem trazer algum tipo de sombra ao seu governo, enviou ao exílio Trotsky e depois no México mandou executá-lo. Stálin começava a mostrar o rosto de como seria seu governo a frente da Rússia. "Você não pode fazer uma revolução com luvas de seda," dizia ele.
Ainda sob o comando de Lênin, a revolução proletária dera mostras de grande brutalidade. O pai da pátria soviética sabia aplicar o chicote da repressão. As esquerdas nunca tiveram dificuldade para justificar os crimes de Lênin, cometidos pela causa operária. Porém, os de Stálin, seriam mais difíceis de racionalizar, seriam expressões hediondas de um autoritarismo desvairado. Quando Lênin morreu não havia uma cidade soviética com o seu nome. Já seu sucessor, chegou a ter o busto e o retrato em todos os edifícios públicos e residências, e o nome exaltado várias vezes ao dia na primeira página do jornal "Pravda."
O terror estava enfim institucionalizado na Rússia, todos os artistas, cineastas, poetas e outros daquela época sofreram perseguições pela polícia do Estado. Seus crimes acreditar que a revolução deveria se estender às artes. A arte russa foi alijada do século XX.
Em 1929, Stálin lança o seu plano qüinqüenal, era uma série de medidas extremamente ambiciosas para a produção agrícola e industrial. O plano foi barrado por uma série de problemas do subaproveitamento que operários não qualificados faziam de equipamentos modernos ate a fome de milhões de camponeses que perderam suas terras para as fazendas coletivas administradas pelo Estado. Apesar de tudo, a produtividade aumentou na industria, ainda que tenha decrescido na agricultura. Stálin anunciou em 1932 o sucesso absoluto do plano mas não era uma verdade absoluta e sim relativa.
Stálin decidiu então se superar, começou a espalhar de vez o terror por todas as regiões do país, realizando o que ficou conhecido como o Grande Expurgo. Iniciado em 1936, durante dois anos, massacrou a oposição interna. Exílios em campo de concentração, prisões e fuzilamentos dos inimigos já eram práticas comuns nos anos que se seguiram à revolução de 1917. De 1921, quando foi criada a comissão central de controle, até 1923, mais de 30% dos membros do Partido Comunista foram expulsos ou fuzilados, muitos inocentes foram bodes expiatórios do fracasso do plano qüinqüenal. O método inaugurado em 1936 era ainda mais cruel, se antes os suspeitos eram condenados por crimes que talvez tivessem feito, agora iam pagar por crime que poderiam um dia ainda fazer. O banho de sangue foi enorme, bastava se anunciar que alguém fosse o sucessor de Stálin, esse era condenado a morte e fuzilado. Fora presas cerca de cinco milhões de pessoas e grande parte executada. O Grande Expurgo atingiu todas as camadas da sociedade, inclusive o exército e a própria polícia secreta do Estado. Entre os prisioneiros nos campos de concentração, era comum um acusado encontrar-se com aquele que o havia denunciado, tal a falta de critério nas prisões e julgamentos.
A sociedade russa tinha uma geração de oficiais, burocratas e artistas inteiramente subservientes. Dos quinze membros do primeiro governo revolucionário em 1917, quatorze haviam morrido ou estavam presos. Sobrava Stálin.
A morte de Lênin alçou ao poder um camarada que o líder da revolução bolchevique via com alguma desconfiança. Stálin um burocrata do partido, o mais implacável até então mantinha uma grande distancia dos ideais de Lênin, transformou a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, num Estado totalitário, e sujou de sangue a já vermelha bandeira soviética.


Breve comentário

Poderíamos ter escolhido vários movimentos sociais no mundo todo como parâmetro de luta para uma sociedade igualitária e de justiça social no século XX. Revolução portuguesa em 1910. Revolução mexicana em 1913. Independência da Índia feita por Ghandi e a nossa própria revolução de 30 no Brasil e outras. Todos esses movimentos mudaram a história de seus países. Poderiam eles, ser aproveitados como parâmetro de movimentos sociais em busca da tão sonhada liberdade e igualdade. Todos tem um acervo muito grande de movimentos sociais.
Escolhemos o movimento russo por acharmos que ali estão inseridos todas os movimentos que serviriam como estudo para chegarmos a sociedade que todos sonhamos. É o futuro aprendendo com o passado.
"O tempo futuro e o tempo passado, estão ambos talvez presente no tempo futuro. E o tempo futuro contido no tempo passado. (T.S.Eliot)
A revolução francesa nos trouxe a baila, a primeira revolução social da história, e a russa foi o resultado desse grande movimento que se espalharia pelo mundo.
Poderíamos definir comunismo: como sistema econômico e social baseado na propriedade coletiva, foi desenvolvido por Karl Marx como uma etapa posterior ao socialismo. Ao definirmos socialismo veremos: que são doutrinas que se propõem a promover o bem comum pela transformação da sociedade e das relações entre classes sociais, mediante a alteração do regime de propriedade.
Vejam que na essência das definições, seriam grandes avanços para as sociedades naquele início de século que vinha de um período de total absolutismo em que a maioria das terras estava em poder do Estado monárquico ou das elites dominantes. Modernizados em suas doutrinas e acrescentando a nossa realidade de hoje o mundo estaria bem melhor no que concerne a massa oprimida.
Ao fazermos uma exegese desse sistema de governo, veremos que o comunismo é um aprimoramento do socialismo, uma continuação. O socialismo acabava com as diferenças entre classes e dava aos menos favorecidos o direito de ser dono de propriedades ou seja era um distribuidor de renda e de trabalho, o comunismo veio referendar ainda mais essas propostas.
Mas contrapondo a essas doutrinas do comunismo principalmente o de Stálin, as atribuições saiam do Estado e iam para o partido. As propriedades coletivas na verdade eram administradas pelo partido e não pelos camponeses. Foram tiradas as liberdades de expressão menos àquelas que passassem pelo crivo do partido. Havia efetivamente os que se iludiam com a ditadura do proletariado, com o governo direto das massas, com a abolição da hierarquia nas funções de governo. Tudo isso foi feito para mascarar o predomínio de um grupo, de um partido, de um chefe de um ditador. Na forma como foi colocado, o socialismo-comunismo passou a não se interessar pelas pessoas mas sim pelos números. Tudo pelo Estado, mesmo que tivéssemos que derrubar instituições como: Igreja, família e a sociedade. Na verdade o Estado existi para o homem e não o homem para o Estado.
A missão do Estado é asseverar a soberania do país e a iqualdade dos seus habitantes.
Tivemos então dois comunismo distintos o de Lênin que embora tivesse tido seus problemas pós guerra, entre eles a fome e a contra-reforma. Conseguiu dar a Rússia uma reforma social grande: fez sua reforma agrária, entregou a produção aos operários e outras e o de Stálin que governava com mão de ferro. Sua ligação com Marx e o seu materialismo, o seu ateísmo (apregoava que Deus era inimigo da sociedade, ligava Deus ao capitalismo que oprimia a massa trabalhadora), levou a Rússia de volta ao absolutismo e transformou-a no país mais temido e fechado do mundo. Para ele não interessava as sociedades as classes e a propriedade coletiva. O Estado (mais precisamente o partido) tinha que ser absoluto desde que ele estivesse no poder.


VISÕES CONTEMPORÂNEAS


A MUDANÇA DE MENTALIDADE DA IGREJA

Há muito tempo, as atividades evangélicas resumiam-se única e exclusivamente no trato espiritual dos membros de suas respectivas Igrejas.
A comunidade evangélica, aos poucos, foi percebendo a necessidade de não só tratar do espírito, mas também do corpo, elemento integrante da criação divina, achavam que suas responsabilidades para com seus membros estavam restritos apenas aos muros da Igreja, ou seja a pregação do evangelho de Cristo Jesus, mas ao mesmo tempo em que a Palavra de Deus conforta os corações dos mais necessitados espiritualmente, temos um compromisso para com o corpo do homem, templo do Espírito Santo. "Ou não sabeis que o que o vosso corpo é santuário do Espírito Santo, que habita em vós, o qual possuís da parte de Deus, e que não sois vós mesmos?"
"Porque fostes comprados por preço, glorificai pois a Deus no vosso corpo." (1Cor.6:19,20)
Ou seja o evangelho veio para salvar o homem num todo, tanto no espírito como na carne, Jesus afirma: “Sois luz do mundo e sal da terra.” (Mt.5:13a,14a)
As duas partes se completam, uma indica o caminho espiritual (salvação dos pecados) a outra livra os homens da sociedade pecaminosa, transformando e modificando as injustiças, levando soluções para os injustiçados, pão para quem tem fome e liberdade para quem está oprimido.
Se o ser humano é uma criação divina. (Gn.1:26a).Se o corpo é o templo do Espírito Santo. (1Cor.6:19a).Se a sabedoria é um dom de Deus.(Dn 2:20). Se fomos escolhidos para sermos cabeça e não cauda.(Dt.28:13a).Se não há autoridade (constituição, carta magna da nação) que não venha de Deus: "Toda alma esteja sujeita às autoridades superiores; porque não há autoridade que não venha de Deus; e as que existem foram ordenadas por Deus."
"Por isso quem resisti à autoridade, resisti à ordenação de Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmos a condenação." (Rm.13:1,2)
Se a Constituição de um País (leis que regem os destinos de uma nação) é feita sob a proteção Divina, conforme consta no preâmbulo, por que nós os domésticos da fé, povo escolhido e santo, participante do corpo de Cristo passamos por tantas tribulações? Por que somos excluídos das grandes decisões das câmaras de votações? Deus nos deu tudo isso e pagamos com a indiferença, a omissão e o pouco caso ao nos alijarmos dos processos eletivos e das grandes transformações que estão acontecendo neste início de novo milênio. Já cometíamos esses erros no passado, mas graças ao bom Deus no processo passado começamos a abrir os olhos. Enquanto nos ausentamos dos mesmos, os filhos das trevas estão se unindo, projetando leis de seus interesses, leis que na maioria das vezes caminham na contramão de nossos anseios, tentando derribar nossas doutrinas e costumes e levando-nos ao declínio moral e espiritual. "Também movidos pela ganância, e com palavras fingidas, eles farão de vós negócios; a condenação dos quais desde já de largo tempo não tarda e a sua destruição não dormita." (2Pe.2:3)
Mas feliz é a nação cujo Deus é o Senhor, Ele nos traz a paz e derruba os nossos inimigos pela sua misericórdia para conosco. "Bem - aventurada é a nação cujo Deus é o senhor, o povo que Ele escolheu para sua herança." (Sl.33:12)
Diante do exposto acima, resolveu-se que alguns homens de Deus deveriam continuar exercendo suas atividades pastorais na aproximação com Cristo Jesus e ao mesmo tempo, defender seus membros no que tange ao bem-estar social, educação, saúde e outros, tendo nestes homens um arauto do povo de Deus, ocupando espaço de homens públicos na política do nosso país, para que suas decisões fossem pautadas no amor ao próximo, lição básica do cristianismo.
Alguns homens durante anos trilharam seus caminhos em busca de seus ideais de mudanças, de algum modo eles fizeram a diferença, não se omitiram e ficaram com seus nomes escritos nos livros da história do mundo. Para Moisés, a lei era tudo, para Cristo, o amor era tudo, para Paulo, o evangelho e a graça era tudo, para Freud, o sexo era tudo, para Max, o capital e o trabalho era tudo, para Stálim, o partido comunista era tudo.
Temos notado nos últimos anos, uma humanização nas ações públicas dos nossos mandatários, espelho de nossas incurssões diante dos poderes, queremos salientar que este pequeno avanço não deve cessar, e sim continuar na busca de novos caminhos que possam trazer para o povo de Deus e a toda sociedade brasileira a esperança de melhores condições de vida e de cidadania. Aliás, fala-se muito em cidadania, mas poucos sabem e vivenciam o que ela representa para o estado e para a população. Definida no preâmbulo, está a meu ver é caracterizada por quatro princípios, senão vejamos:
1- Estados crescentes de consciência, além dos limites do interesse pessoal e dos direitos individuais. O povo vê no Estado a figura máxima. Estado forte e desenvolvido é sinônimo de população com auto estima elevada, inclusão social e alta qualidade de vida.
2- Graus crescentes de participação na construção da sociedade. O povo passa a participar das diretrizes tomadas pelos governantes tendo voz ativa neste processo.
3- Aumento constante do nível de cultura e informação. Idéias são difundidas entre os povos, a informação é importante para o aumento do nível de cultura.
4- Aquisição de um estágio de desenvolvimento, que leve o cidadão comum as lideranças comunitárias, sindicais, associativas e políticas. Surgem novos líderes dentro das sociedades.
Cidadania no sentido amplo da palavra, é quando o povo tem acesso as decisões, vem a ser a participação popular nas prementes decisões do Estado.
Os partidos políticos são organizadores da cidadania e da opinião, não há cidadania sem organização, não há organização sem partidos, não há política sem partidos, portanto, não há democracia sem partidos políticos. E não havendo partidos políticos sem cidadania e cidadania sem partidos políticos, só teremos democracia no dia que conseguirmos organizar partidos e cidadania.
É dentro desses partidos políticos que decidimos nossas políticas públicas: sociais e urbanas, etc. Destarte, definimos política (grego polis = cidade) como a ciência do governo e da administração, visando ao bem comum. Aristóteles, pensador grego que viveu antes de Cristo, estudou os governos e concluiu que o homem é um ser social, sendo assim, precisa viver em grupos para poder sobreviver, surge então a sociedade, no sentido amplo da palavra, que é a união de homens com um determinado fim, que por causa da convivência conjunta precisa de governo e administração, com isso, surge então a política, como a ciência do governo e da administração. Em adição a isso, aparece a sociedade política, grupo social de homens de uma mesma origem, leis e costumes, vivendo juntos com um desejo comum: o progresso da sociedade.
Ao não atentarmos para essas assertivas, incorremos numa espécie de incultura política, e o resultado estamos colhendo neste momento. Por causa da ausência de cidadania, vemos escolhas tão deploráveis de representantes do povo, com a conseqüente desmoralização da atividade política e com está, a permanente ameaça à democracia.

O resultado dessa cidadania tão decantada é:
1. Aproximação do eleitor do seu representante e vice-versa.
2. Aumento da fiscalização ao seu representante.
3. Melhoria dos partidos políticos e os seus respectivos participantes.
4. Aprimoração da cidadania pelo seu exercício constante.
5. Elevação do padrão educacional da sociedade, cultura e da informação.


DEUS E A SUA HISTÓRIA POLÍTICA



No primeiro "regime político-social" vivido pelos hebreus (israelitas), no início da sua formação como sociedade, os hebreus se tornariam a nação eleita e através dele vieram as revelações de Deus ao seu povo. O patriarcado socialmente falando, era ainda um regime arcaico, como todos os povos existentes naquela época. O chefe do clã, era o patriarca (pai da família), que reinava absoluto, não se discutia o seu poder sobre o clã. Viviam como nômades e migravam de cidades em cidades, ao seu bel prazer em busca de alimento e pastos brandos para os seus animais.
Os clãs da geração (linhagem) de Noé, pós-dilúvio que vieram a repovoar o mundo foram: Os filhos de Sem, na Mesopotâmia e Arábia; os filhos de Cam, Egito e cercanias e os de Jafé, nas terras ao norte e oeste de Canaã.
Nesse tempo o mundo ainda não tinha um código de leis universal, os lugares ou cidades eram povoados por aqueles que tivessem um poder de força maior. As terras eram conquistadas e as guerras entre os povos pelo controle de um espaço físico era uma realidade.
Abraão da linhagem de Sem, foi o primeiro patriarca, inicia sua jornada em Ur ao sul da mesopotâmia, cidade em que estava estabelecido junto com o seu clã. Recebendo um chamado de Deus para estabelecer uma nação, Abraão migra desta cidade para Harã ao norte da mesopotâmia, depois foram a terra de Canaã a leste da mesopotâmia, logo depois, fugindo da seca e da fome migram para o Egito voltando para se estabelecerem definitivamente em Canaã (terra prometida). (Gn. 12:1-10)
Ao voltar para a terra destinada a nação eleita, Deus traça as coordenadas, os limites e as fronteiras do Estado de Israel: Ao norte, as montanhas invernosas do Líbano, ao sul o semi-árido do Neguebe (sul da palestina), a leste (oriente) o extenso deserto e a oeste (ocidente) o grande mar. (Gn.13:14-17).E levanta Abraão como pai da nação dos Hebreus. (Gn.17:1-6)
Era natural que a força e as técnicas de guerrilhas prevalecessem naquele tempo, os povos mais numerosos sobrepujavam os menos numerosos, posto isso, as famílias e a procriação eram fatores preponderantes para o enriquecimento dos clãs. Quanto mais filhos, mais mão de obra, mais guerreiros e mais poder de força contra tribos rivais e invasoras, já que os embates eram travados utilizando a força física.
Abraão era o patriarca e sua descendência seria feita através da primogenitura, portanto o poder se perpetuava através da hereditariedade. Não se discutia, simplesmente obedecia. Por isso Abraão insistia com Deus para que tivesse um filho de sua verdadeira esposa (Sara). (Gn. 15:1,2) E mandou que seu servo, fosse buscar uma esposa para Isaque, seu filho entre o seu povo de origem, para que sua descendência fosse pura. (Gn.24:1-4)
Portanto, no patriarcado, Deus falava com seu povo através dos patriarcas, era assim a organização político-social daquele tempo. Essa era, se estendeu desde abraão, Isaque e Jacó (Israel), pai das doze tribos que deram origem ao Estado de Israel, terminando com José e a escravidão no Egito, onde Deus se calou por muito tempo. Abraão nos mostra o verdadeiro poder da fé e da obediência. A fé num Deus vivo, misericordioso que nos livra de todos os malefícios produzidos pela raça humana.
A sociedade dos Hebreus na sua formação, nos deixou ensinamentos, principalmente no que tange a evolução progressiva de um povo que outrora vivia na barbárie para um povo semi-organizado.
Deus fazia essa nação progredir: em número, em poder econômico e em força bélica. Nessa época Israel começava a aflorar para o mundo como uma potência e nação. Em contra partida não podemos aos olhos de hoje, dizer que Israel foi um Estado justo. Direitos não existiam, só deveres. O absolutismo-monarquico já estava enraizado em alguns povos da terra e em Israel não seria diferente, seria uma questão de tempo. A idéia da procriação levou os homens a poligamia, onde a mulher era vista como fonte de procriação e de trabalho. Israel era um Estado totalitário e opressivo.
A regime de escravidão no Egito foi a época de transição entre o patriarcado e a teocracia, que começou com a saída (êxodo) do povo Hebreu liderado pelo profeta e líder Moisés.
Enquanto no patriarcado, o chefe do clã, era o patriarca, que reinava absoluto e era o interlocutor, porta voz de Deus para com o seu povo. No teocrático, Deus levantava seus profetas e líderes, que iriam através Dele ser usados como canais de denúncias opressoras e ao mesmo acalentava a massa oprimida (denúncias sócio-política), dando-lhes o refrigério necessário para que pudessem suportar os dissabores da vida cotidiana.
Vejam vocês que no patriarcado, o clã de Jacó entra no Egito para habitar na terra de Gósen com sessenta e seis almas, (Gn.46:26) quando Moisés retira o seu povo da terras do Egito, o número sobe para seiscentos mil homens sem contar as crianças. (Ex.12:37) O patriarcado já não surtiria efeito, o número da população havia crescido vertiginosamente.
A sociedade continuou sendo patriarcal, mas a liderança passou para as mãos de um profeta levantado e capacitado por Deus. (Ex. 4:10-17) Deus na sua onisciência, sabia que era chegado o momento de Israel ter o seu primeiro código de leis, as guerras seriam necessárias, a sociedade dos Hebreus teria que se organizar. Ele sabia que Israel iria enfrentar muitas lutas não só com nações poderosas para o domínio da terra prometida como também muitos embates seriam travados entre o seu próprio povo, pois dificuldades haveriam: seus medos, suas fobias e a idolatria oriundo do enraizamento da cultura egipcia, fruto dos quatrocentos e trinta anos de escravidão. (Ex. 12:40)
Em exôdo houve um confronto entre a liberdade e a opressão, (Ex. 3:9,10) entre o monoteísmo e o politeísmo, entre o bem e o mal, entre o Deus de Moisés e os deuses do faraó, (Ex.7:19-25, 8:1-32, 9:1-35, 10:1-29, 11:1-10) entre o profeta Moisés e o "deus faraó."(Ex:11:1-10) Exôdo começa com um povo escravizado e termina com a nação eleita habitando na presença do Senhor Todo Poderoso.
No decorrer de todo o A .T, principalmente a partir de exôdo, Deus começava a imputar em seu povo e na sociedade dos hebreus uma nova realidade, novas leis, novos costumes. Deus estava preparando o seu povo para a vinda daquele que seria o detentor da graça, aquele que verdadeiramente iria salvar a raça humana e livrar-nos de todos os nossos pecados. Cristo Jesus, nosso redentor e salvador.
Temos então numa teocracia, uma perfeita interação entre os homens que deviam administrar e a religião, ou seja, a sociedade a política e a espiritualidade. Deus escolhia os seus líderes ou os aceitava pela voz do povo, como num verdadeiro regime democrático, mesmo sabendo que este não era a melhor opção, mas respeitava as opção escolhida pelo povo. Estes era levantados ao trono e retirados quando se afastavam dos propósitos divinos. "Mas pareceu mal aos olhos de Samuel, quando disseram: Dá-nos um rei para nos julgar. Então Samuel orou ao Senhor."
"Disse o Senhor a Samuel: Ouve a voz do povo em tudo quanto te dizem, pois não é a ti quê tem rejeitado, porém a mim, para que eu não reine sobre eles." (1Sm. 8:6,7)
"Até quando terás dó de Saul, havendo-o Eu rejeitado, para que não reine sobre Israel? Enche o teu vaso de azeite, e vem; enviar-te-ei a Jessé o belenita, porque dentre os seus filhos me tenho provido de um rei." (1Sm16:1).
Deus usou em quase todo o A.T um instrumento político em defesa dos seus escolhidos, quando a fome assolava o seu povo, ele usou José, primeiramente comprado como escravo no Egito, "José foi levado ao Egito; e Potifar, oficial de Faraó, capitão da guarda egípcio, comprou-o da mão dos ismaelitas que o haviam levado para lá." (Gn.39:1)
como instrumento de salvação para o seu povo, colocando-o como vice-rei do Egito. "Tu estarás sobre a minha casa, e por tua voz se governará todo o meu povo; somente no trono eu serei maior que tu,"
"disse mais o Faraó a José: Vê, eu te hei posto sobre toda a terra do Egito." (Gn.41:40,41)
Moisés foi um dos expoentes do judaísmo, foi levantado por Deus para livrar os Hebreus da escravidão ao qual estavam subjugados. A Bíblia nos relata que mesmo o povo hebreu crendo em Deus, viveu durante muito tempo sendo escravizado pelo povo do Egito depois da morte de José. "Por isso os egípcios faziam os filhos de Israel servir com dureza; Assim lhes amarguravam a vida com pesados serviços em barro e em tijolos, e com toda sorte de trabalho no campo, enfim com todo o seu serviço, em que os faziam servir com dureza." (Ex.1:13,14),
Eles tinham fé ,porém, por várias gerações foram humilhados, Deus então se lembra da aflição do seu povo e lhes faz a promessa de libertação. "Então disse o Senhor: Com efeito tenho visto a aflição do meu povo, que está no Egito, e tenho ouvido o seu clamor por causa dos seus exatores, porque conheço os seu sofrimentos; e desci para o livrar da mão dos egípcios, e para fazer subir daquela terra para uma terra boa e espaçosa, para uma terra que mana leite e mel; para o lugar do cananeu, do heteu, do amorreu, do perizeu, do heveu e do jebuseu." (Ex.3:7,8)
E levanta Moisés para ser o líder cumpridor daquela promessa.
"Agora, pois, vem Eu te enviarei a Faraó, para que tires do Egito o meu povo, os filhos de Israel." (Ex.3:10)
Moisés, embora fosse Hebreu, foi adotado pela filha do faraó e criado para ser rei do Egito, durante quarenta anos, Deus permitiu que ele visse de perto a diferença entre israelitas e egípcios, a riqueza e a pobreza, o politeísmo e o monoteísmo, a liberdade e a opressão ou seja o certo e o errado, mas Deus na sua onisciência, sabia que o coração dele estava com Ele, por isso foi usado como guia dos desígnios de Deus, passou quarenta anos no Egito. "Ora, quando ele completou quarenta anos, veio-lhe ao coração visitar seus irmãos, os filhos de Israel." (At.7:23)
Quarenta no deserto. "E passados mais quarenta anos, apareceu-lhe um anjo no deserto do Monte Sinai, numa chama de fogo no meio de uma sarça." (At.7:30) E quarenta conduzindo o povo a terra prometida.
"Tinha Moisés cento e vinte anos quando morreu; não se lhe escurecera a vista, nem lhe fugira o vigor." (Dt.7:30)
E a ele foi entregue no Monte Sinai o primeiro código de leis dos Hebreus "a Lei" (Ex.20:1-17) e suas leis auxiliares (Ex.20-23), ficando o mesmo em cima do monte durante quarenta dias e quarenta noites.
"Quando subi ao monte a receber as tábuas de pedras, as tábuas do pacto que o Senhor fizera convosco, fiquei no monte quarenta dias e quarenta noites; não comi pão, nem bebi água." (Dt.9:9)
Deus então institui o primeiro parlamento Hebreu (conselho do povo) para decidir junto com Moisés os destinos do povo Hebreu.
"Disse então o Senhor a Moisés: Ajunta-me setenta homens dos anciões de Israel, que sabes serem anciões do povo e seus oficiais; e os trarás perante a tenda da revelação, para que estejam ali contigo,"
"então descerei e ali falarei contigo, e tirarei do Espírito que está sobre ti, e o porei sobre eles; e contigo levarão eles o peso do povo para que tu não o leves só." (Nm.11:16,17)
O mesmo podemos relatar sobre Daniel, exemplo de como Deus usa seus líderes para o bem estar de seu povo. Levado cativo pelo império Babilônico (Dn.1:1-6), não se deixou contaminar, mesmo estando em uma corte totalmente pagã. "Daniel, porém, propôs no seu coração não se contaminar com a porção das iguarias do rei, nem com o vinho que ele bebia; portanto pediu ao chefe dos eunucos que lhe concedesse não se contaminar." (Dn.1:8) Daniel priorizava primeiramente o reino de Deus, por isso, foi colocado pelo mesmo em lugar de destaque, presidente de 40 (quarenta) províncias, ele passou a ser um privilegiado, pois passou a se assentar junto com os príncipes da terra.
"Então o rei Nabucodonozor caiu com o rosto em terra, e adorou a Daniel, e ordenou que lhe oferecessem uma oblação e perfumes suaves,"
"respondeu o rei a Daniel, e disse: Verdadeiramente, o vosso Deus é Deus dos deuses, e o senhor dos reis, e o revelador dos mistérios, pois puseste revelar este mistério,"
"então o rei engrandeceu a Daniel, e lhe deu muitas e grandes dádivas, e o pôs por governador sobre toda a província de Babilônia, como também o fez chefe principal de todos os sábios de babilônia." (Dn.2:46-49)
No N. T, temos um outro processo histórico, o povo está sob o jugo dos romanos, sem possibilidade de participação e numa total opressão e Cristo Jesus aparece como o general dos generais o Senhor dos exércitos, não para declarar guerra aos romanos, mas sim, para pregar o amor. Deus assume o seu corpo. "O verbo se fez carne" (Jo1:1), a prática de Jesus caracterizou-se pelo resgate do corpo: se doente, é curado; se oprimido, libertado; se condenado, perdoado; se excluído, acolhido. Mas os judeus queriam salvar a carne e não o espírito como apregoava Cristo Jesus, desígnios de Deus para que fosse cumprida a promessa da salvação, mesmo assim, quando foi preciso Deus usou José de Arimatéia como instrumento político, servo de Deus e Senador da República para que com o seu prestígio perante a Pilatos, se cumprisse a profecia de Isaías (Is.53:6),(2Cor.5:21) e o Cristo ressureto fosse condenado pelos nossos pecados, morto e sepultado.
"Ao cair da tarde, veio um homem rico de Arimatéia, chamado José, que também era discípulo de Cristo Jesus,"
"esse foi a Pilatos e pediu o corpo de jesus. Então Pilatos mandou que lhe fosse entregue,"
"e José tomando o corpo, envolveu-o num pano limpo, de linho,"
"e depositou-o no seu sepulcro novo, qua havia aberto em rocha; e, rodando uma grande pedra para a porta do sepulcro, retirou-se."
(Mt.27:57-60)
Durante a idade Média, a Igreja católica teve muita influência política, ela punha e depunha reis. Após a reforma, começa um equilíbrio entre o poder temporal e o espiritual, mesmo assim, Calvino em Genebra administrava não apenas a Igreja, mas toda a cidade. A contribuição dos evangélicos é grande, contando-se entre eles grandes estadistas. Aliás a própria reforma protestante foi acima de tudo também uma reforma social e política, pois além de insurgir contra os desmandos dos católicos e os seus reis absolutos que construíam a imagem de um Deus usurpador e ditador, dono do bem e do mal, da vida e da morte e com isso encabrestavam os seus seguidores na pior espécie de lideranças que se tem notícia, o medo. Lutero se transformou num Paulo do século XV, trazendo uma mensagem e esperança para os povos, mostrando Deus como um libertador, valorizando o ser humano, a família e a vida. Deus é o Deus da vida e não da morte. Cristo Jesus, veio para reparar os erros cometidos através do evangelho da graça.
Entendemos que o estado deve ser separado da Igreja, mas os cidadãos devem ter o direito de participar da política, direta ou indiretamente, pois somos afetados pelas decisões tomadas dentro das câmaras de votação.
Os nossos missionário que aportaram no Brasil vindo da Europa, encontraram o país num regime ditatorial, governo de poucos (governado na maioria das vezes pelos militares), e por causa disso se abstiveram da política do país, primeiro por não serem de sua alçada, pois a ordem divina era simplesmente evangelizar, segundo porque o Brasil era um país em que na quase sua totalidade era de católicos, e os mesmos junto com os grandes latifundiários dominavam a política no País, principalmente no que tange ao norte e nordeste local de desembarque dos nossos missionários quadro esse, que em menor escala perdura até hoje.
Hoje, no regime democrático, o governo é exercido pelo povo, através dos mandatários eleitos por ele, “todo o poder (governo) emana do povo, que o exerce por meios de representantes eleitos, ou diretamente, nos termos desta constituição” (tit.1, art1, parágrafo único).


O CRISTÃO E SUAS ATRIBUIÇÕES DEMOCRATICAS

Muitas pessoas se omitem na hora de participar do processo eleitoral, não sabem elas, que deixam de contribuir para a melhoria da sua comunidade, alegando que política é coisa do demônio, será que o fato de sermos cristãos, religiosos ou membros de uma Igreja nos dá o direito de sermos omissos, ou deveríamos agir de modo contrário para mudar este quadro dantesco em que se encontra as nossas comunidades.
A Assembléia de Deus, acabou de completar 90 anos de grandes serviços prestados a população brasileira, história de fé, evangelismo e missões.
Vamos olhar para as cercanias das nossas igrejas ao sair de nossos templos, veremos a verdadeira situação que se encontra o nosso cada vez mais sofrido povo brasileiro: miséria, abandono, exclusão social, falta de moradia, falta de qualidade de vida. Famílias inteiras estão sendo dilaceradas pela falta de perspectivas, sendo esta a menor célula de uma sociedade civilizada.
Não podemos nos tornar omissos, pois somos partícipe de toda essa sociedade selvagem e exclusivista, não podemos nos transformar em uma igreja silenciosa. Uma igreja que se cala diante das injustiças que se apresentam diante de seus portões.
Nossa função é dar direcionamento ao nosso povo, recuperar a qualidade de vida e a auto - estima dessas famílias, não podemos nos furtar em hipótese nenhuma em exercer o maior direito de cidadania, que vem a ser o do voto.
Hoje, os grupos políticos estão muito ativos, treinam seus membros, debatem linhas de ações, tomam posições quase sempre na contramão de nossos anseios.
A Igreja existe para servir, entretanto o combate à causa dos problemas nacionais, foge do alcance dela, sendo assim, acaba limitando-se a prestar uma assistência, um socorro ou uma ajuda paliativa para os problemas emergenciais das comunidades na qual estão inseridas, é claro que a igreja e o estado são instituições e nessa qualidade uma não pode ter ingerência sobre a outra. Homens de visão, capazes, honestos, moralmente bem formados e revestidos de sentimento cristão e cheio do Espírito Santo, poderiam fazer do governo um instrumento a serviço da humanidade, alguns apregoam que basta pregar que tudo estará resolvido, seria correto essa afirmação? Muitos encaram a política com indiferença, deixando homens que não são cristãos a exerçam. Os políticos evangélicos deveriam não só buscar os seus votos pelos serviços que se prestam aos templos (são usadas como moeda de troca por votos), os mesmos deveriam ser conquistados com a visão de implantar o Reino de Deus no mundo, trabalhar para que as leis do estados sejam mais justas e para que os seres humanos sejam tratados com mais dignidade, para que as riquezas das nações sejam melhores distribuídas e possam chegar as massas dos excluídos, porção maior de nossa população, base da pirâmide social. Vejam o que o Reverendo Paulo Cesar Lima professa com muita propriedade em seu livro Redescobrindo o Reino de Deus: "O Reino de Deus é igual a vontade de Deu. E Jesus foi o único que em carne e osso, aceitou e levou a vontade de Deus a bom termo. Isto quer dizer que, com Jesus, chegou o reino. Nele o reino foi demonstrado na vida humana. Ele, portanto, trouxe aos homens a mensagem e a manifestação do reino. Isto posto, falar do reino significa estabelecer um desafio pessoal com o qual aceitamos ou rejeitamos a vontade de Deus, pois o reino de Deus envolve a aceitação individual da vontade de Deus.
O Reino de Deus não é para ser compreendido como sendo apenas o de amanhã. O Reino de Deus é realidade concreta, hoje. Em Cristo, ele se solidificou, se historificou, se corporificou, se encarnou. Em Cristo o Reino de Deus se demonstrou na vida humana, aproximou-se, configurou-se, antecipou-se e se deixou perceber pelos homens. Em Cristo, portanto, o Reino de Deus foi delineado, maqueteado, como profecia realizada. Isto quer dizer que, em Cristo, o porvir se torna presente e o amanhã se faz hoje e o além, aqui e agora.
O Reino de Deus revelado em Cristo é como semente pequena que é lançada entre os homens e cresce, tornando-se árvore frondosa e oferece amparo aos desamparados e acolhimento aos inacolhíveis. É um reino que, revelado em Cristo, se aproxima de várias maneiras. Se não vejamos:
Aproxima-se, em Cristo, como um reino sem fronteiras.
O Reino de Deus não se deixa regionalizar, denominacionalizar, encabrestar, encerrar, amesquinhar, mediocrizar, como alguma coisa que não vai além das nossas fronteiras perceptivas, interpretativas, religiosas; das nossas compreensões doutrinárias, escatológicas, políticas, carismáticas e conjunturais. O Reino de Deus é maior do que tudo isso e muito mais denso em significado.
Aproxima-se, em Cristo, como um reino sem preconceitos.
Na época de Jesus o preconceito imperava entre as elites, Jesus se debateu contra isso: Ele vence o preconceito entre judeus e samaritanos, vence o preconceito da morte porque toca em defuntos e continua puro, vence o preconceito entre o profano e o sagrado, vence o preconceito contra a mulher e o político. Jesus falava com santos e pecadores, sem nenhum problema de consciência.
Aproxima-se, em Cristo, como um reino de juízo e confrontações.
Cristo na sua formação humana do Reino de Deus entre os homens, nunca deixou de criticar o cinismo religioso existente no seu tempo terreno, criticou as elites, os governantes, os sistemas. O reino de Deus não é só festa, prazer e alegria, é também confrontamento. Por isso, qualquer um que se aproxima do Reino de Deus é debulhado, desvendado, vazado, penetrado, mexido, sondado e revelado. Essa era a causa pelas quais os fariseus odiavam tanto a Jesus, Ele representava o oposto a tudo aquilo que eles eram.
Aproxima-se, em Cristo, como um reino de abrigo para os cansados.
Ao afirmar que o Reino de Deus é como uma semente pequena que cresce, torna-se árvore e oferece sombra àqueles que não têm onde descansar os pés, Ele está ensinando que o seu reino serve de aconchego, de abrigo, de asilo, ou seja, Ele oferece sombra para todos os pecadores, para os necessitados, para os excluídos, Ele recebe qualquer tipo de pessoas: pobres, ricos, prostitutas, doentes, revoltosos, etc..
Aproxima-se, em Cristo, como um reino de esperança para os desesperados. (Lc. 7:21,22)
Em Lc.7:21,22, Jesus afirma que com a chegada do Reino, o ser humano quebrado, esmagado, esfacelado flagelado e moído estava sendo promovido e curado: os doentes são curados os leprosos são purificados os pobres evangelizados os mortos são ressuscitados e prega-se o Reino de Deus.
Aproxima-se, em Cristo, como um reino de alegria inigualável. (Mt. 13:45,46)
Jesus diz que quem encontra o Reino de Deus, encontra a alegria das alegrias, pela qual faz sentido perder tudo, abrir mão de tudo, para se saltar movido de um gáudio único, celebrando o achado dos achados.
Aproxima-se, em Cristo, como um reino que decreta o fim dos decretos da morte.
Cristo ressuscitou, e com a ressurreição, tudo quanto decretava a morte, foi interrompido.
Aproxima-se, em Cristo, como um reino da bondade inexplicável.
Na parábola dos trabalhadores dá para compreender que os critérios de Deus em relação as recompensas são bem diferentes dos nossos.
Aproxima-se, em Cristo, como um reino das escolhas contraditórias.
Na parábola do publicano e do fariseu é exatamente o primeiro que recebe o sim de Deus diante dos olhares perplexos.
Aproxima-se, em Cristo, como o reino feito para os miseráveis, os excluídos. (Mt.21:!-14)
Jesus nos mostra que aqueles que foram confinados socialmente a uma vida de miséria por questões de injustiças, os que se alimentam da dor e do sofrimento, serão os convidados do Reino de Deus.
Aproxima-se, em Cristo, como o reino de caridade sem rosto. (Mt. 25:44)
Jesus nos mostra que os escolhidos são aqueles que fazem atos de bondade sem visar retribuição.
Aproxima-se, em Cristo, como o reino da mais absoluta possibilidade de vermos os nossos dramas resolvidos. (Lc. 18:1-8)
O Reino de Deus nos possibilita ver a nossa história de dor chegar a um final feliz."
Quando o Reino de Deus for restaurado aqui na terra, tornará realidade todas as coisas que Deus realmente queria para o seu povo e na sua origem era a sua vontade. O ódio e o preconceito deixarão de existir, todos na terra serão verdadeiros amigos um dos outros, as injustiças cessarão e as pessoas terão labor produtivo e satisfatório. A vida será literalmente uma felicidade. "E eles edificarão casas, e as habitarão, plantarão vinhas e comerão o fruto delas.
Não edificarão para que outros habitem, não plantarão para que outros comam, porque os dias do meu povo serão como os dias da árvore, e os meus escolhidos gozarão por longo tempo das obras das suas mãos.
Não trabalharão debalde, nem terão filhos para calamidade, porque serão a descendência dos benditos do Senhor, e os seus descendentes estarão com eles." (Is. 65:21-23)
Estes deveriam ser os desejos legítimos dos representantes de nossas Igrejas, a Igreja não precisa dos representantes, o que ela mais precisa é que os direitos humanos sejam preservados e obedecidos, nossos direitos não são respeitados e nossos deveres cada vez mais vão sendo aumentados. Temos que entender que o homem público, principalmente os representantes da Igreja, tem a obrigação de não deixar dúvidas sobre as suas condutas e os seus procedimentos, o cristão tem que ter uma postura diferente dos outros parlamentares.
"Não creias que alguém possa tornar-se feliz com a infelicidade de outro." Sêneca, filósofo latino




O MUNICÍPIO NA FEDERAÇÃO


ORGANIZAÇÃO POLÍTICO ADMINISTRATIVA

Da mesma forma que a família é a menor porção de uma sociedade, o município é a menor unidade da federação, num país de grandes dimensões territoriais como o Brasil, o município é a base para a descentralização governamental, é o ponto de apoio para que se confira às comunidades o poder de decidir sobre seus interesses imediatos, significa com isso que garantimos o verdadeiro exercício da cidadania quando se respira uma democracia. Vamos, portanto, nos ater apenas a esta unidade da federação, pois é nela que vivemos e interagimos mais diretamente.
Política e administrativamente o Município brasileiro é um dos mais autônomos do mundo, tem poderes para eleger seu governo, decretar, arrecadar e aplicar seu recursos oriundos dos tributos e outros, organizar e administrar seus serviços, gerir os assuntos que sejam de seu interesse, além de legislar matérias de sua competência estabelecidas na Carta Magna da União, pode também, suplementar a legislação federal ou do Estado. Essas prerrogativas são garantidas pela mesma Constituição e não podem ser reduzidas, nem pelo Estado e nem pela União, garantias adquiridas pela Constituição de 1988.
Ao contrário do que ocorre em muitos países, o Município brasileiro é uma entidade política e não uma corporação administrativa, as leis municipais são plenas, só podendo ser revogadas por outra lei municipal e declaradas nulas ou inconstitucionais pelo poder judiciário. Embora o Município seja a menor parte da federação, em matérias que pela Constituição Federal, sejam de competência explícita e exclusiva dos Municípios, a lei municipal se sobrepõe à lei ordinária e a Constituição do Estado, assim como a lei ordinária Federal. Nenhuma lei municipal necessita da aprovação de autoridade estadual ou federal para entrar em vigor.
Cada Município adota a sua própria lei Orgânica, votada em dois turnos, com um interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços dos membros da Câmara Municipal, que a promulgará, atendidos aos princípios estabelecidos na Constituição do Brasil e na Constituição do respectivo Estado.
O Prefeito é um agente político eleito pela população, com a responsabilidade gerir os negócios públicos, assim o mesmo, está subordinado as leis, não tendo que prestar contas de seus atos ao Governador do Estado, ao Presidente da República, e muito menos aos ministros do governo federal e aos secretários de estado.
Suas responsabilidades e suas atribuições são amplas, ao serem eleitos, nós eleitores, depositamos em suas mãos a responsabilidade de gerir os negócios públicos e a vida de pessoas, famílias e sociedades privadas e públicas, ou seja, ele passa a ser o depositário da confiança popular para as soluções dos problemas municipais.
O Prefeito exerce funções políticas, executivas e administrativas. Como líder político, o Prefeito é o porta voz natural dos interesses e das reivindicações municipais frente a Câmara dos Vereadores, aos outros níveis do Governo quer seja Municipal, Estadual ou Federal, capazes de contribuir para o progresso do Município, tem ainda, a faculdade de propor leis a Câmara de Vereadores e, em alguns casos, sua iniciativa é privada. A representação judicial do Município compete ao Prefeito, e as Leis Orgânicas mencionam os projetos de leis de competência privativa.
O Município brasileiro exerce funções consideráveis, são atribuições do mesmo: organizar e prestar, diretamente ou mediante concessão ou permissão a particulares sempre por meio de licitação, os serviços públicos de natureza local, como transporte coletivo, mercados, matadouros, feiras livres, cemitérios, serviços funerários, iluminação pública, limpeza urbana, habitação popular, proteção de encostas. Por força de disposição constitucional, é da sua exclusiva responsabilidade instituir a guarda municipal destinada à proteção de seus bens patrimoniais, serviços e instalações.
Também deverá o Município manter junto com o governo Estadual e o Federal, cooperação técnica e financeira, de programas de educação pré-escolar (ensino fundamental), o de saúde da população, promover a cultura, o desporto e a recreação, assim como proteger o patrimônio histórico, artístico, turístico, observando a legislação e a ação fiscalizadora dos governos Federal e Estadual, também é de responsabilidade do mesmo os serviços de assistência social diretamente ou através de instituições privadas, conforme critérios em lei municipal, do mesmo modo, são responsabilidades dos municípios as obras públicas de abertura, pavimentação e manutenção de ruas e estradas vicinais, construção e manutenção de parques e jardins, praças, jardins, edifícios públicos e defesa civil.
É de responsabilidade do Município o ordenamento de seu território através do planejamento e controle do uso, parcelamento e ocupação do solo urbano e da autorização e fiscalização de obras particulares, sinalização de vias públicas, estacionamento, horários de carga e descarga, licença para localização, instalação e funcionamento de estabelecimentos industriais, comerciais e de serviços, na zona rural, além da conservação e construção de estradas e caminhos vicinais, é sua a responsabilidade pela manutenção de serviços de fomento às atividades rurais e outros.
Compete ainda aos Municípios, por força de disposição constitucional: legislar sobre assuntos de interesse local, suplementar a legislação Federal e a Estadual no que couber, instituir e arrecadar os tributos de sua competência, bem como aplicar suas rendas, sem prejuízo da obrigatoriedade de prestar contas e publicar balancetes nos prazos fixados em lei, criar, organizar e suprimir distritos, observada a legislação Estadual.




A CÂMARA DE VEREADORES

É composta de agentes políticos escolhidos pelo voto secreto e direto em eleição realizada em todo o País. O número de vereadores é proporcional à população do Município. O Município tem competência para estabelecer a proporcionalidade de vereadores em relação à população, dentro dos limites estabelecidos pela Constituição do Brasil, o mínimo é de nove vereadores.
Como poder independente, a Câmara Municipal não está subordinada ao Prefeito, tem autonomia administrativa para dirimir sobre suas próprias necessidades, assim como o primeiro, ou seja, o Município não se subordina a Câmara. Esta deverá, inclusive organizar seus serviços e apoios administrativos e financeiros, bem como outros que facilitem os trabalhos legislativos.
A função primordial da Câmara é a legislativa, ou seja, votar as leis relacionadas com a competência do Município, através dessa função, ela cria políticas fixas e normas para a administração municipal e estabelece regras de observância obrigatória para os cidadãos, fixa também a remuneração do Prefeito e dos Vereadores, segundo critérios próprios, sem ter que obedecer a parâmetros estabelecidos pelos níveis superiores de Governo, a não ser os constitucionais.
Outra função importante da Câmara Municipal está relacionada com a fiscalização financeira do Município, mediante controle externo exercido com o auxílio dos Tribunais de Contas dos Estado ou dos Conselhos ou Tribunais de Contas Municipais, onde houver. Esse órgão emite um parecer prévio sobre as contas dos Municípios anualmente. O parecer somente deixará de prevalecer por decisão de dois terços dos membros da Câmara Municipal.

Breve comentário

Está claro, portanto, que as atribuições de um Vereador são distintas das do Prefeito, enquanto o primeiro é eleito para legislar dentro da Câmara dos Vereadores, ou seja, fazer leis que venham ao encontro das grandes necessidades dos que os elegeram e acima de tudo fiscalizar a gestão do Prefeito e da própria Câmara quando for necessário. O segundo, é chancelado pelo povo para gerir a coisa pública, ou seja, é dele a condução do Município. É ele quem responde diretamente pelos nossos anseios mais diretos dentro do Município, pois é o Prefeito o responsável pela execução dos serviços prestados pela prefeitura.




PROMOVENDO A DIGNIDADE HUMANA

Urge uma profunda mudança para curar um mundo enfermo. Palavras bonitas não trarão mudanças concretas para o estado deplorável que se encontram a auto-estima do ser humano, nem eliminaremos a doença, a fome, a falta de moradia por meio de idealismos. Necessitamos sim, de líderes positivos com um discurso novo, que estejam dispostos a refazer os sistemas de injustiça social e as estruturas viciosas. Pessoas capazes de construir uma nova ordem que vá de encontro as veementes necessidades das massas. Somente através de mudanças corajosas e globais, chegaremos à paz, não aquela paz maquiada, produto da apatia, inércia e conformismo da população brasileira, mas aquela de um esforço criativo que prometa paz construtiva e vivificante.
Quando a liberdade e dignidade humana forem asseguradas e respeitadas, quando cessarem a exploração das massas e a discriminação dos homens, quando os famintos e desabrigados, os oprimidos e amedrontados tiverem alimentos, casa e conforto, teremos acabado com o mau da população mundial, a violência.
Aqueles que impedem uma revolução pacífica, por tencionarem viver incontaminados e seguros, estão de fato contribuindo para uma revolução violenta, enquanto houver estrutura injustas, haverá sempre uma voz de revolta.
A história confirma o progresso vigoroso e incontrolável do conceito humano. Precisamos mudar este conceito de justiça, novos líderes precisam surgir para levantar bandeiras da abolição social, não podemos nos calar ao vermos os negros serem empurrados para as periferias, favelas, guetos, especialmente criados para eles habitarem com suas famílias. O quadro da fome no Brasil em geral é gritante e comovedor, humilha, avilta e destrói, formando gerações de mutilados. Deus nos admoestava sobre essa questão a milênios atrás: "Já se consumiram os meus olhos com lágrimas, turbada está a minha alma, o meu coração se derrama de tristeza por causa do quebrantamento da filha do meu povo; porquanto desfalecem os meninos e as crianças de peito pelas ruas da cidade." (Lam.2:11)
É ultrajante chegarmos ao século XXI e vermos ainda pessoas, cidadãos brasileiros passando fome, vivendo abaixo da linha da pobreza sem ter o que comer, chega a ser um paradoxo quando sabemos que entra ano e sai ano países como o Brasil com uma extensa faixa de terras férteis obtêm recordes em suas safras e a taxa da balança comercial alcança superávite (resultado entre as importações e as exportações) ou seja as exportações são maiores do que as importações, portanto deixamos de alimentar os nossos famintos, os nossos miseráveis para alimentar outros povos. Nossos governantes são hipócritas pois vendem para fora do país uma imagem de que somos auto suficientes no que tange a alimentação mas na verdade escondemos um enorme genocídio praticado contra milhões de brasileiros mortos de fome neste País. Na verdade, somos obrigados a alimentar nações desenvolvidas em troca de empréstimos para equilibrar a nossa balança interna. Trocamos vida por dinheiro, suor por lágrimas, esperança por desesperança e humilhação.
Na reforma agrária é incrível em que num País como esse de maior estoque de terras férteis e desocupadas do mundo, ainda esteja sem uma reforma fundiária para valer, que termine de uma vez por todas com essas pelejas entre agricultores e os detentores do poder oligárquico. Uma reforma bem feita teria que ser concluída dentro de um planejamento e honestidade tanto do governo federal quanto dos seguimentos que representam esses verdadeiros brasileiros que verdadeiramente necessitam de suas terras para sua sobrevivência, ainda estamos no tempo das capitanias hereditárias. "Ai dos que ajuntam casa a casa, dos que acrescentam campo a campo, até que não haja mais lugar, de modo que habitem sói no meio da terra." (Is.5:8)
Em torno da problemática da terra temos uma questão simples de resolver, perdemos muito tempo para se ter uma política de reforma agrária que traga soluções para os problemas da mau distribuição da terra feita desde as capitanias hereditárias. O contexto histórico é outro, os grandes latifundiários de hoje são os herdeiros daquela distribuição de terra feita no passado e a desapropriação de terras esbarra num problema de morosidade do judiciário, quando conseguimos a desapropriação encontramos outro problema, o governo abandona o agricultor a sua sorte. Ao dar a terra para o agricultor explorar, ele teria que funcionar como um órgão fiscalizador da terra, empréstimos bancários a juros pequenos com carência para a compra de máquinas e equipamentos, assistência técnica ao homem do campo e de preferencia subsidiando a produção para o mercado interno, traria a solução para o homem do campo e ao mesmo tempo reduziria a fome neste País. O Brasil tem que ser co-responsável pelas terras que são entregues aos agricultores e sócio na sua implementação.
Ao necessitar dos produtos da transformação da terra, a sociedade rural brasileira na sua grande maioria, tem abandonado o campo e migrado para os grandes centros urbanos, sendo obrigados a se favelizar nos grandes centros, chegará um tempo, em que não teremos quem produza os nossos próprios alimentos, quem plantará? O homem urbano? "Também havia os que diziam; Estamos empenhando os nossos campos, as nossas vinhas e as nossas casas, para conseguirmos trigo durante esta fome, havia ainda outros que diziam: temos tomado dinheiro emprestado até para o tributo do rei sobre os nossos campos e as nossas vinhas." (Ne.5:3,4)
O êxodo rural é a consequencia de investimentos cada vez menores no homem do campo. As terras estão sendo abandonadas nos limiares do século XXI, pelos intempéries do clima. Sabemos que em pleno deserto de Israel e outros, projetos de irrigação estão transformando áreas inóspitas em férteis. Temos principalmente no nordeste uma intensa migração de homens do campo para os grandes centros em busca de novos ares para o seu sustento, evidentemente que ao chegarem aqui encontram uma realidade totalmente diferente daquela sonhada, serão os nossos favelados e marginalizados da sociedade por total falta de condições de vida e de trabalho. Sabemos que o rio São Francisco corta toda a extensão do mordeste passando pelo interior, área mais afetada pela seca, existi na verdade uma verdadeira indústria da seca no nordeste que não deixa que esses investimentos chequem ao velho chico para fazer a alegria daquele povo tão sofrido, e evitar o abandono de suas terras por esses brasileiros tão apenados pelos governantes desse País. Outro fator preponderante para o assunto em questão e o próprio governo funcionando como fator de desequilíbrio para a fixação do homem no campo. Ao emprestar dinheiro para o agricultor, empresta-o a juros exorbitantes fazendo com que o mesmo não possa arcar com esse ônus, porém na ânsia de plantar para poder sustentar a sua família esse agricultor comete erros primários que vão lhe levar a falência. Ao emprestar esse capital para o agricultor o governo deveria fiscalizar e lhe prover tecnologia para que o mesmo não sofra prejuízo acarretando com isso insolvência ao tesouro. O Brasil deveria vir a público e pedir desculpas aos nossos imigrantes e aos nordestinos do interior.
Nossos representantes populares têm se tornado agentes das grandes empresas que formam os poderes econômicos, isso tem levado esses homens a votar em leis contra o povo, pois são financiados por esses grupos econômicos. O povo vira massa de manobra. Nossos representantes tem que ser fiscalizados não podemos coloca-los nas cadeiras das câmaras setoriais e deixa-los fazendo o que bem entendem, foram colocados ali por nós, por isso estão ali para serem nossos representantes, fazer leis em nossos benefícios, leis que tirem nossos pobres da miséria, gerem empregos, fixem o homem no campo, criem leis para os trabalhadores e mantenham as já existentes e acima de tudo fiscalizar o executivo. "Ai dos que decretam leis injustas, e dos escrivães que escrevem perversidades; para privarem da justiça os necessitados, e arrebatarem o direito aos aflitos do meu povo; para despojarem as viúvas e roubarem os órfãos!." (Is.10:1,2)
A exclusão social é o grande mal da nossa sociedade moderna, não sabemos o que fazer com os nossos mendigos, idosos e crianças abandonadas, urge restaurar esses valores, tirar das ruas essas vidas e devolver-lhes a auto-estima, para que possam se recuperar e viverem uma vida digna de um brasileiro. "A nossa alma está sobremodo farta da zombaria dos arrogantes, e do desprezo dos soberbos.” (Sl.123:4)
Quanto mais cresce a população aumenta as riquezas deste país, mas enquanto nos países industrializados isso é um sinal de uma maior rentatividade e distribuição de renda para a sua população, aqui no brasil é o inverso, quanto mais o País prospera, mais pobre a população vai ficando, pois essas riquezas caem nas mãos de uma minoria aumentando a concentração de renda e a desigualdade social.
A ditadura nos tirou completamente a nossa capacidade de pressionar politicamente (nos tornamos alienados) os nossos governantes. Fomos vilipendiados por uma política neoliberal (economia) e neoconservadores (política), política de consumos e demandas em que o mais importante é o comércio e o poder de compra em que não impera o sentimento de em suprir o povo de um mínimo de condições de sobrevivência garantido pela nossa constituição e sim a tendência egoísta do homem que professa um amor incondicional ao deus-capital, com seus modelos econômicos e teorias econômicas, que cada vez mais tornam desiguais as pirâmides sociais do globo terrestre. Se formos trazer o passado para os dias de hoje, veremos que a burguesia teima em sobreviver e somos nós que a mantemos viva. A revolução industrial embora tenha trazido mudanças no que tange ao enriquecimento de países e a posteriori trouxesse grandes mudanças de estilos de vida para a sociedade, mudanças essas que perduram até os dias de hoje. Também nos trouxe uma pauperização das camadas mais baixas da população criando uma espécie de barreira entre o capital e o trabalho, um divisor de águas entre o Deus-homem e o deus-capital uma luta que levará séculos para terminar.
A economia burguesa nos quer surdos, calados. Para ela não interessa partidos políticos, ideais. Os ideais de Marx e a sua política materialista ainda esta em evidencia. "Há gente cujos dentes são como espadas, e cujos queixas são como facas, para devorarem da terra os aflitos, e os necessitados dentre os homens." (Pr.30:14)
Não podemos nos calar, sejamos uma voz profética para brigar contra os desmandos, denunciando o opressor e consolando o oprimido, para que experimentemos qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus. "E não vos conformeis a este mundo, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, e agradável, e perfeita vontade de Deus." (Rm.12:2)
O cristão de verdade tem que fazer a diferença no mundo, que Cristo Jesus seja sempre o número um em nossas vidas. Temos todos esses direitos assegurados pela Carta Magna (Lei máxima do Brasil) agora entre termos a Lei e o cumprimento dela, vai uma distância muito grande.
Reza no Título 1, dos princípios fundamentais no seu art. 3.0- Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:
1- Construir uma sociedade livre, justa e solidária.
2- Garantir o desenvolvimento social.
3- Erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais.
4- Promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de negociação.
Reza no Título 2, dos direitos e garantias fundamentais, no seu capítulo 2 dos direitos sociais que:
art.6.0 - São direitos sociais a educação, saúde, trabalho, lazer, segurança, previdência social, proteção a maternidade e à infância, assistência aos desamparados, na forma desta constituição
art.7.0 -inciso lV- salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a sua necessidades vitais básicas e às de sua família, com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte, previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim.
Foi tirado da Constituição Brasileira, lei máxima que rege este País, apenas para ilustração, três capítulos em que a mesma não é cumprida portanto rasga-se a constituição e fazem o que querem com a Lei, coincidentemente todas as leis dizem respeito ao direitos dos cidadãos.
Precisamos de Homens de Deus, santo, com capacidade, cheio do Espírito Santo, honrados e que saibam honrar e nem se deixem corromper pelas armadilhas do maligno, deve-se ter em mente que a cidadania do céu sempre prepondera sobre a da terra. Não queremos mudar o mundo, e nem mesmo transformar o inferno em que vivemos num paraíso, queremos apenas diminuir um pouco o inferno em que estamos vivendo, temos que fazer como Jesus, o maior socialista que a humanidade já teve, as bem-aventuranças nos mostram o verdadeiro sentimento que Jesus tinha em seu coração. (Mt.5:1-12)
Na verdade Deus tem o comando de tudo no plano terreno e nos coloca como mordomos das suas coisas na terra, "Porque toda casa foi edificada por alguém, mas quem edificou todas as coisas foi Deus." (Hb.3:4) se somos um mau mordomo isso não é culpa dele, pois ao nos afastarmos dos processos políticos estamos também nos afastando das suas ordenança pois compactuamos com os "Egitos" do século XXI, portanto, palavra que não é acompanhada pela fé não vale de nada.
"Porque também a nós foram pregadas as boas novas, assim como a eles; mas a palavra da pregação nada lhes aproveitou, porquanto não chegou a ser unida com a fé, naqueles que as ouviram." (Hb.4:2)
Jesus se vestiu de carne e sangue para nos conhecer, conheceu as nossas fraquezas, nossos anseios e nossas dificuldades,
"Porque não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; porém um que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado." (Hb.4:15)
e com seu Evangelho da Graça nos apresentou a solução para a maioria dos nossos males, quer seja espiritual quer seja material, do século XXl. Deus não fecha os olhos ao erro, Ele ama a justiça, odiando o roubo junto com a injustiça. "Pois Eu, o Senhor, amo o juízo, aborreço o roubo e toda injustiça; fielmente lhes darei a sua recompensa, e farei com eles um pacto eterno." (Is.61:8)
Como Deus da justiça, não compactuará para sempre com a nossa indiferença e o pouco caso com as causas sociais pelo qual passa alguns países inclusive o Brasil, podemos ter certeza que em algum tempo Deus corrigirá as injustiças.
Pitágoras, filósofo grego afirma com muita propriedade que:
"Só é verdadeiramente livre quem domina a si próprio."


PERORAÇÃO

Ao passarmos pelas diferentes fases da evolução da sociedade desde a Grécia e sua democracia e os ideais de Sócrates que morreu por uma democracia plena e dos seus seguidores que continuaram o seu legado de levar ao mundo os ensinamentos para uma sociedade mais justa e igualitária. Chegando a movimentos como o Iluminismo, que ainda hoje tem suas teses inseridas em quase todas as constituições do mundo, para países que se dizem democráticos. Vejam que conforme novos pensamentos vão sendo desenvolvidos, novas concepções de vida eram apresentadas a sociedade e os seus valores iam mudando conforme as reformas. A nobreza, o comércio, a elite cultural e industrial e a política eram os pilares dessas mudanças, seus interesses é que mudavam as sociedades, enquanto a Igreja servia para manter o poder dos seus reis, portanto, sustentar os seus interesses, foram sendo toleradas. Com a queda e a reforma houve o esvaziamento do clero perante a monarquia.
Hoje a sociedade impõe seus valores, vamos para as ruas cobrar nossos direitos adquiridos pelos nossos representantes políticos que muito trabalharam para que alcançássemos esses objetivos. Participando de entidades participativas comunitárias. A população se tornou uma formadora de opinião, muito embora, ainda tenhamos muito para avançar no tocante a participação política, principalmente no seio evangélico. Líderes novos estão se formando, saindo da própria sociedade que esta se mobilizando para se confrontar com os seguimentos produtivos e comerciais e os representantes das elites do país. Líderes esses que estão se impondo não pela força, mas pela inteligência e conhecimento. O medo, já não impera mais em nossa sociedade atual, não obstante, ele seja salutar, pois nos faz recuar e raciocionar mais sobre o que estamos fazendo, onde queremos alcançar nos levando a nos afastar dos perigos. Temos que transformar o medo em ousadia. Porém, quando o medo extrapola a razão, ele nos domina e nos faz ficar a mercê dele. A história nos leva a refletir sobre a questão do medo. Ele já nasceu com o homem, a coragem só irá se manifestar quando esta for uma questão sobrevivência.
Na sociedade atual, embora tenhamos ainda de forma velada vestígios das políticas elitista e econômica que imperava no século passado. A sociedade esta fazendo com que os homens, abandonem suas políticas de casuísmo (aceitação passiva de idéias ou de doutrinas) e fisiologismo (prática política que consiste na obtenção de vantagens e favores em troca de apoio ao governo) de clientelismo (troca de favores pelo voto), muito usado nos processos eleitorais passados e voltaram as suas atenções para os problemas emergenciais do povo.
Churchill, o primeiro ministro inglês e o grande responsável pela vitória dos aliados na segunda guerra mundial, candidatou-se ao fim da mesma a um cargo eletivo no distrito onde nasceu, acima de tudo, ele era um homem extremamente admirado e respeitado como um dos maiores estadistas que o mundo já conheceu, ele deu uma admirável contribuição para a derrota do nazismo de Hitler e do fascismo de Mussoline na segunda guerra mundial. Mas todo esse respeito não foi reconhecido nas urnas, o fracasso eleitoral de um dos maiores líderes que o mundo já conheceu, foi uma realidade ingrata, trazendo ao mundo um grande espanto no final da década de quarenta. Não obstante a grande vitória conseguida pelos aliados, o povo inglês sentiu uma grande comoção, pois seus filhos, netos, pais e maridos, portanto, famílias inteiras foram destroçadas e arruinadas fazendo com que o povo inglês ficasse transtornado e enlutado pela grande quantidade de vidas perdidas de seus entes queridos o resultado, foi que o grande líder inglês foi rejeitado nas urnas.
Vejam que embora, o premiére tenha sido um expoente para o governo Inglês, o povo o reprovou nas urnas, mesmo ele tendo dado uma grande contribuição ao mundo, o livrando da maior atrocidade cometida sobre seres humanos em troca de uma raça pura.
O sentimento falou mais alto e as sociedades são movidas por sentimentos.
Cada vez mais a sociedade desfruta da oportunidade de demonstrar a sua insatisfação com o quadro político atual. Temos que prestar atenção naqueles que se omitiram quando as balas perdidas tiveram como alvo as nossas crianças, aqueles que não apoiaram nossos soldados com eficiência para combater o nosso lixo urbano. O ponto de partida deve ser a discussão com todos os segmentos da sociedade, dos problemas estruturais tais como: desemprego, fome, educação, concentração agrária e renda.
Consideramos a política como um serviço, um conjunto de deveres e compromissos para com o nosso povo. O Mundo, principalmente os países da América Latina, Ásia e África fomenta um quadro de exclusão social e baixa auto-estima. Aqui no Brasil, durante vinte anos sofremos com a falta de liberdade e a desvalorização da cultura, deixada de lado para evitar que as massas não adquirissem poderes de análise e visão crítica. Este país clama por visões inovadoras e projetos preventivos que alcancem seus verdadeiros problemas sociais.
A Igreja principalmente a protestante, tem dado provas para a sociedade das grandes mudanças que a união entre a Igreja e o Estado pode dar para a sociedade, hoje homens tem sido levantados por Deus para representá-lo nas câmaras de votações, nossa sociedade tem sido chamada a participar intensamente dos processos decisórios, temos Igrejas que estão em franco crescimento, seus membros empregados e bem sucedidos. Temos senadores, deputados federais, deputados estaduais e vereadores em todos o país, homens que verdadeiramente se preocupam com as grandes dificuldades do povo brasileiro.
No preâmbulo, lemos o Início do preâmbulo da carta Magna desta nação, gostaria de separar três palavras para sua reflexão:
1- Nós representantes do povo brasileiro.
2- Democrático.
3- Sob a proteção de Deus.
Deus está fazendo a sua parte, você está fazendo a sua?
Num certo país da Europa, um homem humilde, após a passagem de uma ressaca, andava pela areia da praia absorto em seus pensamentos, pensando em seus problemas do dia a dia, ao olhar para o chão se deparou com várias estrelas do mar encalhadas na beira da paia, esperando a hora para morrer, pois não teriam nenhuma chance de sobrevivência fora do mar. Aquele homem humilde começou a apanhar uma a uma e as retornava para o mar tentando salva-las da morte certa. Um homem vendo aquela cena aproximou-se dele e o inquiriu lhe fazendo a seguinte indagação. Veja senhor a extensão dessa praia! Veja a quantidade de estrelas do mar que aportou na areia! O senhor não terá condição de salva-las, o homem então, olhou para ele e lhe respondeu. Será para min uma grande vitória as que eu conseguir salvar pois, terão elas, mais uma chance de sobrevivência.
Acusavam Jesus em sua época de ser um questionador, um comunista, um anarquista e terrorista. Ele assim como outros pensadores foram massacrados pelas elites, pelas sociedades e pelos sistemas, simplesmente porque não concordavam com as injustiças praticadas pelos predadores das sociedades. Jesus curava aos sábados, fazia milagres, tomou para si o título de messias, modificou a Lei dos Hebreus. Para eles, Jesus era um usurpador, mentiroso, soberbo, curandeiro e um demônio. Mesmo sendo seus milagres testemunhados por muitos deles, eles não queriam acreditar, pois, trariam novas concepções de vida ao hebreus e acabariam com seus interesses mesquinhos. Jesus mostrava acima de tudo que os líderes dos hebreus eram tão opressores como o governo romano, aliás, Jesus se preocupava mais com eles do que com os próprios conquistadores. Preso e condenado a morte, ressussitou para ficar na história como nosso intercessor e nosso salvador, paradigma do amor e da vida.
De Sócrates que morreu por uma cidadania plena, passando por Nicolau Copérnico, Leonardo Da Vinci, Martinho Lutero, Giordano Bruno, Galileu Galilei, Montesquieu, Gandhi, Martin Luther King, Che Guevara, Tiradentes e outros. Todos esses homens, foram vítimas em seus tempos, de julgamentos nem sempre corretos pelo simples fatos de pensarem diferentes. Cometeram o despautério de se confrontar com as elites de suas épocas, por isso alguns foram condenados a pena capital e outros tiveram que mudar seus conceitos para não morrer.
Suas lutas não foram em vão, a história guardou seu legados, fazendo justiça. Hoje esses homens tem seus nomes escritos nos anais da história mundial e a maioria de seus conceitos foram os embriões da chamada sociedade Contemporânea.
Termino, me reportando ao profeta Habacuc. Este profeta levantado por Deus no tempo de dominação de Judá pelos Caldeus, nos leva a repensar o que estamos fazendo para mudar a nossa história de sofrimento, angústia e de escravidão. Para ele o justo almeja a liberdade, mas não faz nada para obtê-la, ficar esperando por Deus não é o caminho certo. Somente através de um levante social, de uma participação ativa neste processo de libertação é que os justos terão a sua liberdade plena, somente através deles é que a verdadeira liberdade irá se manifestar. Segundo Habacuc os pobres e oprimidos, é que sentirão o verdadeiro espírito de liberdade que Deus irá lhes proporcionar. (Hc. 3:3:19)
A verdadeira democracia irá acontecer quando o homem e Deus trabalharem em conjunto para que estas grandes mudanças possam acontecer. Neste momento da História, só Deus esta fazendo a sua parte, o homem esta acordando para esta realidade. Aquele que entender esta grande obra que Deus colocou em nossas mãos, estará escrevendo seu nome na história desse País e do mundo.



"Enquanto houver neste país um só homem sem pão,
emprego e letras, neste não haverá democracia."
TANCREDO NEVES

"Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas.
Ao que vencer , dar-lhe-ei a comer da árvore da vida,
que está no paraíso de Deus."
(Ap. 2:7)




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