CORRA ATRÁS DOS SEUS SONHOS. AINDA ESTA EM TEMPO.


Muitos sonhos e anseios sonhados no ano de 2010 ainda não aconteceram. Soren Kierkegaard filósofo existencialista disse certa vez que: " A vida só pode ser compreendida olhando-se para trás, porém, só pode ser vivida olhando-se para a frente...". Por mais que tenhamos tido decepções, infortúnios e tristezas nunca podemos perder a fé em nossos sonhos. Nossos sonhos alimentam a nossa vida, alimentam a nossa esperança e nos fazem atingir o nosso alvo e o nosso alvo é e sempre será o conhecimento pleno do Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, para que junto possamos sonhar os mesmos sonhos. Deus sonha os seus sonhos reais, mas não os imaginários. Deus é seu parceiro em seus sonhos e dentro da sua soberania e vontade Ele poderá fazer o impossível (Lc. 1:37), porque o possível somos nós que temos que fazer. Ele enxuga as nossas lágrimas e nos devolve a nossa esperança nos projetando para a nossa vitória. Entregue suas lágrimas ao Senhor Jesus que Ele renovará as suas forças. Entregue sua vida ao Senhor Jesus e o resto Ele fará.



Paulo escrevendo aos filipenses (Fp.3;10) disse que: "Tudo o que eu quero é conhecer a Cristo e sentir o poder da sua ressurreição.


O SER HUMANO EM PRIMEIRO LUGAR.


Força em 2011



terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Nazismo, o Futuro Aprendendo com o Passado


CRONOLOGIA:

325 d.C = O Concílio de Nicéia acusa os judeus de terem matado Jesus.

1348 d.C = A inquisição acusa os judeus de envenenar poços.

1797 d.C = O francês Augustine Barruel, diz que a ordem dos templários é uma sociedade secreta maçônica-judaica para abolir as monarquias e o papado.

1859 d.C = Charles Darwin, publica a Origem das Espécies, em que defende a seleção natural. Ele dizia que o homem era descendente do macaco, fruto de uma cadeia evolutiva.

1866 d.C = Gregor Mendel, identifica as características dominantes e recessivas.

1869 d.C = Francis Galton, diz que a hereditariedade transmite qualidades mentais. Galton não queria eliminar os indesejáveis, mas incentivar a procriação dos desejáveis (Eugenia Positiva). O historiador francês Gaugenot Dês Mousseaux, diz que o mundo estaria nas mãos dos judeus cabalistas, adoradores do diabo.

1876 d.C = Cesare Lombroso, relaciona traços físicos com propensão ao crime e afirma que alguns bandidos nascem para o mal, com isso alimenta o ódio racial.

1880 d.C = Alfred Ploetz, socialista alemão vai aos E.U.A e se identifica com as idéias de Galton, retorna e funda a sociedade para Higiene Racial (Eugenia Positiva).

1886 d.C = O sérvio Osman-Bey menciona uma tal de “Aliança Israelita Universal” e propõe o extermínio dos judeus.

1890 d.C = O jornal jesuíta La Civilitá Cattolica descreve o povo judeu como um polvo gigante apertando o mundo.

1903 d.C = O editor russo P.A.Krushevan publica a primeira versão dos protocolos dos Sábios de Sião num jornal. De autor anônimo, fala de uma suposta reunião de judeus que tramam o domínio do mundo.

1911 d.C = Cherles Davenport, líder dos eugenistas americanos, considera a inferioridade um traço dominante. Pioneiro da “Eugenia Negativa”, cujo objetivo era eliminar os “incapazes”.

1918 d.C = Os protocolos (1903) são usados para justificar o assassinato de judeus na guerra civil russa.

1921 d.C = Eugen Fischer, Erwin Baur e Fritz Lenz, publicam o ensino da Hereditaridade Humana e da Higiene Racial, o livro de cabeceira de Hitler na cadeia em 1924.

1925 d.C = Adolf Hitler, em Mein Kampf (“Minha Luta”), escrito na cadeia, afirma que só humanos com traços hereditários valiosos deveriam procriar. O judeus estariam fora e cita os protocolos para argumentar que a ameaça judaica deveria ser eliminada.

1933 d.C = A Alemanha nazista adota os protocolos em suas escolas.

Começo esse arrazoado me reportando ao passado, mais precisamente ao séc. XVIII. Era época do absolutismo, onde os reis déspotas em nome de Deus, passaram a ser mediadores dos conflitos sociais, e a burguesia (ricos e influentes comerciantes), a nobreza e o clero se destacavam dentro da sociedade.
Os reis tinham total domínio sob essas três classes, podemos sem dúvida nenhuma alencar que o clero, dentro do país, estava mais sob a autoridade do Estado do que do Papa. Cada uma dessas três classes desempenhavam funções distintas dentro do Estado, devidamente chanceladas pelo mesmo. O clero, por exemplo, tinha a educação, as obras de caridade, os hospitais, os orfanatos e os asilos sob a sua coordenação.
A contestação do poder absoluto dos reis, dos privilégios de nascimento e da influência da Igreja começou a surgir no séc. XVII, na Inglaterra, mas se formatou mesmo no séc. XVIII com os iluministas franceses.
Os pensamentos iluministas tiveram suas origens mais remotas no humanismo e no renascimento, que valorizavam as qualidades humanas com a inteligência e o esforço individual. Esses valores estavam ligados à burguesia e representavam à maneira de ver o mundo dessa nova classe social. Por ser à burguesia na época do renascimento uma classe ainda em formação, qualitativamente e quantitativamente essas idéias não proliferaram, só ocorrendo a partir do séc. XVIII, quando à burguesia já era uma classe numerosa e influente. O iluminismo representava as idéias, os interesses e a maneira de ver o mundo novo, seus pensadores vão propor uma nova maneira de governar, de organizar a sociedade e de fazer as leis.
O Iluminismo foi um movimento literário, político e filosófico, que visava combater o absolutismo, a Igreja e as tradições. Achavam que com as luzes da ciência poderiam acabar com a Ignorância e o obscurantismo, iluminando o caminho para uma nova sociedade, explicando seus problemas e apontando soluções.
Após a revolução nazista em 1919, um grupo de sete homens fundam o Partido nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães (NAZI), mentor ADOLFO HITLER. Em 1933 Hitler é nomeado chanceler da Alemanha, tomando uma série de iniciativas, entre elas:

· Suprime as uniões trabalhistas (sindicatos).
· Tomou medidas drásticas contra socialistas e comunistas.
· Persuadiu o presidente Alemão a convocar novas eleições.

Após a eleição Hitler recebeu poderes ilimitados e a Alemanha é proclamada do Terceiro Reich, sucessor do Império Medieval dos Kaisers, tomando outras medidas ainda mais duras:

§ Abolição do sistema federativo, a Alemanha se tornava um Estado centralizador.
§ Todos os partidos políticos, com exceção do nazista, foram postos na ilegalidade.
§ O controle do Estado estendeu-se à imprensa, à educação, ao teatro, ao cinema, ao rádio, à produção e o comércio.
§ Duras penalidades foram impostas aos judeus, que foram eliminados das posições governamentais, privados da cidadania e do acesso às universidades.


Após a morte do presidente Alemão Von Hindenburg (1934), Hitler com o consentimento do povo expressa em um referendo, adota o título de FUHRER UND REICHSKANZLER (líder e chanceler do reich). O novo regime adota como características:

· Coletivismo autoritário e nacionalista.
· Militarismo.
· Racismo, a chamada raça ariana foi única que havia contribuído de maneira notável para o progresso da humanidade.
· Nenhuma produção de procedência judaica representava a nação alemã. Os judeus funcionaram como “bode expiatório”, pois precisavam de um culpado pelos males que assolavam o País.
· Totalitarismo, o indivíduo era inteiramente subordinado ao Estado.
· Combate ao comunismo, à democracia, ao socialismo e ao parlamentarismo.

As causas do Nazismo foram:

§ A derrota na guerra, o sentimento de humilhação foi grande pela perda da primeira guerra. O povo alemão não acreditava no fracasso de seu exército. Apregoava-se que tinham sido traídos pelos socialistas judeus.
§ A inflação de 1929, gerada pela guerra e invasões em seu território, junto com os efeitos da recessão, os nazistas passaram a contar com a adesão de agricultores, estudantes universitários e milhões de desempregados. A pequena burguesia fica desempregada, portanto em extrema pobreza.
§ O militarismo, era um Estado militar. O exército era o símbolo da segurança e da grandeza nacional.
§ Medo do Bolchevismo, em 1932, os comunistas conseguiram grandes êxitos. Muitos capitalistas e proprietários ficaram preocupados com o comunismo russo e, secretamente deram seu apoio aos nazistas.

O que levou o cidadão comum alemão, ao maquinista do trem que levava os judeus aos campos de concentração para serem mortos, o que levava os homens e mulheres a verdadeiramente aceitar as mortes frias e até mesmo com um certo ar de deboche, ante ao verdadeiro massacre de seres humanos imposto pelos governantes alemães. Será que esse povo era insensível, ao ponto de naquele momento, tomar parte de maneira ativa no maior genocídio cometido por um povo contra outro povo. Não imputo isso como um conflito racial, pois, entendo que raça somos todos da mesma, a raça humana, independe da cor, lugar em que nascemos, religião.
Como é que o cidadão alemão ajudava a exterminar mulheres, crianças e chegavam em casa e brincavam com seus próprios filhos, com sua esposa e comentava com eles, matei hoje tantos, e para toda a família isso era uma coisa normalíssima. O povo alemão na sua totalidade, acreditava naquilo que estava fazendo, achava que era o certo. As mulheres delatavam os judeus, os médicos faziam experimentos com judeus, as indústrias fabricavam armas de extermínio em massa e até meios de encontrá-los. Todos esses cidadãos comuns, de dia maquinavam e trabalhavam para que Hitler pudesse orquestrar seu genocídio mundial e de noite participavam de festas como se nada tivesse acontecido.
Olhando para as assertivas iniciais, vemos que o nazismo não começou do nada, foi sendo desenvolvido, difundido, imputado na mente do povo alemão em contas gotas. O nazismo teve como pilar cinco idéias, que até o momento continua viva na memória das elites dominantes contemporânea, porém estagnadas a espera de um líder que compactue com esse conceito de “raça pura”.

Passo a alencar esses cinco pontos ou idéias, bases do nazismo:

1- A CIÊNCIA QUERENDO SE SOBREPOR A DEUS

Você pode muito bem dormir a noite, após massacrar milhões de pessoas inocentes, quando acredita que esse ato trará um bem à sociedade. Hitler conseguiu convencer ao povo alemão e a outros países de que após o massacre, estaria nascendo um povo melhor. Pode ser absurdo, mas era um fato aceito pela ciência naquele momento histórico, que seguiu décadas de aceitação científica e desigualdade entre os homens, até chegar a um conceito que teve início no séc. XVIII. A EUGENIA.
Nasceu com o impacto de um livro que mudaria para sempre o pensamento ocidental. Editado em 1859, a Origem das Espécies de Charles Darwin, mostra que as espécies não são imutáveis, mas evoluem gradualmente a partir de um antepassado, à medida que os indivíduos mais aptos vivem e deixam mais descendentes. Pela primeira vez, o destino do mundo estava nas mãos da natureza e não nas de Deus. Suas teorias foram restringidas ao mundo natural, porém, outros pensadores a adaptaram às sociedade humanas de modo totalmente contraditório. O mais destacado entre eles foi o matemático inglês Francis Galton, primo de Darwin, em 1865 ele postula que a hereditaridade transmitia características mentais, o que faz sentido. Ele dizia que se membros das melhores famílias se casassem com parceiros escolhidos, poderiam gerar uma raça de homens mais capazes. A partir das palavras gregas “bem” e “nascer”, Galton criou o termo “eugenia” para batizar essa nova teoria.
Galton se inspirou nas obras recém-descobertas de Gregor Mendel, um monge checo morto doze anos antes, que passou para à história como fundador da genética. Ao cruzar os pés de ervilhas, Mendel havia identificado características que governavam a reprodução, chamando-as de dominantes e recessivas. Quando ervilhas de casca enrugada são cruzadas com ervilhas de casca lisa, o descendente tende a ser casca enrugada, pois esse gem é o dominante.
Os eugenistas viram na genética o argumento para justificar seu racismo. Eles interpretaram as experiências de Mendel assim: casca enrugada é uma “degeneração” (sabemos hoje em dia que essa assertiva está totalmente errônea, pois, trata-se apenas de uma variação genética, ótimo para a sobrevivência). Misturar genes bons com “degenerados”, para eles, estragaria a linhagem. Para evitar isso, só mantendo a raça “pura”, nesse ponto eles não estavam falando mais de ervilhas e sim de seres humanos. O eugenista Madison Grant, do Museu Americano de História Natural, advertia em 1916: “do cruzamento entre um branco e um índio, faz um índio; entre um branco e um negro, faz um negro; entre um branco e um hindu, faz um hindu; entre qualquer raça européia e um judeu, faz um judeu. As idéias eugenistas fizeram sucesso entre as elites intelectuais de boa parte do ocidente, inclusive no Brasil. Mas houve um país em que elas se desenvolveram primeiro e não foi na Alemanha: foram nos E.U.A. Não tardou até que os eugenistas de lá começassem a querer transformar suas teorias em políticas públicas.”Em suas mentes, as futuras gerações dos geneticamente incapazes deveriam ser eliminadas”. O jornalista americano Edwin Black, autor de A Guerra contra os Fracos dizia: “A miscigenação deveria ser proibida.” Programas de engenharia humana começaram a surgir, inspirados por técnicas advindas de estábulos e galinheiros. O zoólogo Charles Davenport, líder dos movimentos nos E.U.A, acreditava que os humanos poderiam ser criados e castrados como trutas e cavalos. Instituições de prestígio, como a fundação Rockefeller e o instituto Carnegie, doaram fundos para as pesquisas e Universidades de primeira linha, como Stanford, ministravam cursos sobre o assunto. Os eugenistas americanos ergueram escritórios de registros de “incapazes”, criaram testes de Q.I para justificar seu encarceramento e conseguiram que 29 estados fizessem leis para esterelizá-los. As primeiras vítimas foram os pobres da Virgínia, e depois negros, judeus, mexicanos, europeus do sul, epiléticos e alcólatras. Segundo Black, 60 mil pessoas foram esterelizadas à força nos E.U.A. Em seguida países como Suécia e Finlândia começaram programas parecidos. Portanto, quando a Alemanha de Hitler começou a esterelizar deficientes físicos e mentais, em 1934, não estava inventando nada. A diferença é que foi mais longe. “Hitler está nos vencendo em nosso próprio jogo”, indignou-se o médico americano Joseph De Jarnette, que castrava pobres. Em 1939, os alemãs começaram a matar deficientes, num programa de “eutanásia forçada”. Médicos usaram o gás inseticida Zyklon B para eliminar 70 mil pessoas “indignas de viver”. O programa foi suspenso após protestos, mas serviu de ensaio para os campos de concentração, onde o Zyklon B exterminaria qualquer um que ameaçasse o projeto da raça “pura” e conseqüente “melhora da humanidade”.
“Hitler conseguiu recrutar mais seguidores entre alemães equilibrados ao afirmar que a ciência estava a seu lado”, diz Black. Seu vice, Rudolf Hess, dizia que “o nacional-socialismo não era nada além de biologia aplicada”. Com o carimbo da ciência, ainda que meio falsificado, ficaria mais fácil para o povo alemão compactuar com o absurdo nazista. Mais uma vez na história, o povo seria usado por aqueles que usam a comunicação como máquina de guerra.

2- O ÓDIO ANCESTRAL

A eugenia forneceu a base teórica para o assassinato de ciganos, deficientes, homossexuais e outros considerados “inferiores”. Mas por que só um povo foi marcado para o extermínio? Por que os judeus? O primeiro anti-semitismo foi dos romanos, que não toleravam costumes judaicos como o SHABAT (dia do descanso) e o culto do Deus único. Quando o império romano adotou o cristianismo, no séc.4, a perseguição cultural e política virou religiosa. Esqueceram-se de que Jesus foi judeu, os partidários da Igreja iriam, em nome de Jesus, cobrir os judeus de acusações. A maior delas veio em 325 d.C, quando a Igreja culpou os judeus pela morte de Cristo, acusação só retirada em 1965. A cristandade medieval viu crescer os mitos de que judeus eram aliados do diabo, utilizavam sangue de crianças cristãs e tramavam o domínio do mundo. Muitos judeus se converteram ao cristianismo para não terminar nas fogueiras da inquisição.
Muitas medidas anti-semitas da lei canônica medieval são encontradas quase palavra por palavra na jurisdição nazista dos anos trinta. Tanto a obrigação do uso da insígna nas roupas, quanto a proibição aos cristãos de vender bens, casar ou fazer sexo com judeus, já existiam em leis da Igreja do séc. 13. Mas o séc. 19 trouxe uma novidade, antes os judeus tinham uma saída, a conversão; agora com a eugenia, o anti-semitismo deixou o caráter religioso e incorporou um novo conceito: a raça. A natureza dos judeus agora era imutável e nem se converter os salvaria.
Com a vitória dos nazistas e a fundação do 3º Reich, em 1933, o anti-semitismo pela primeira vez se tornou política de estado, e a população convencida pelos mitos medievais, não se incomodou. “O genocídio dos judeus foi motivado pela idéia de serem eles conspiradores decididos a dominar o mundo, versão secularizada da idéia de feiticeiros empregados por satanás”, afirma Cohn, no livro Conspiração Mundial dos Judeus: Mito ou Realidade?
Motivados pelo anti-semitismo, o povo alemão acreditava que acabar com judeus era justo, correto e necessário. No discurso de alguns ideólogos nazistas, era uma medida sanitária, quase como exterminar ratos.

3- O NACIONALISMO

A eugenia emprestou a fachada científica e o anti-semitismo formou a motivação, mas os nazistas não teriam conseguido sem o nacionalismo exacerbado imputado no povo alemão. Hitler seguiu as pegadas do primeiro ministro germânico Otto Von Bismarck, que ajudou a inventar a identidade germânica e, com isso, unificou o então fragmentado país em 1871, fundando o 2º Reich. Bismarck venceu os franceses na guerra franco-prussiana, tinham se passado doze anos da publicação de A Origem das Espécies e a Alemanha se sentia vitoriosa e cheia de entusiasmo.
O país se lançou ao imperialismo baseado no “darwinismo social”, declarando sua superioridade sobre os africanos e asiáticos e justificando assim seu direito de dominá-los.
Nos anos trinta o clima era outro: A Alemanha estava deprimida, perdera a primeira guerra e naufragara na desordem e na crise econômica. Assim como Bismarck, Hitler fomentou o nacionalismo, a “utopia hitleriana” se baseava em três erres: Reich (império), Raun (espaço) e rasse (raça), diz a alemã Marlis Steinert, historiadora do instituto de altos Estudos Internacionais de Genebra, segundo ela, o sonho do Reich remontava à lembrança mística de Frederico Barbarossa, senhor do Sacro Império Roaman-Germânico, o 1º Reich, que começou por volta de 800 e durou cerca de 1000 anos.
Já as noções de espaço e raça vinham do séc.19 e simbolizavam o vínculo entre a natureza, a terra e o homem, como apregoavam poetas do romantismo. Hitler queria expandir o território e dar à história alemã seu verdadeiro sentido, devolvendo ao povo seu espaço vital. Ele afirmava que traria de volta os tempos de grande potência e fundaria o 3º Reich. Não foi à toa que a investida contra a U.R.S.S se chamaria Operação Barbarossa. A trilogia dos erres se encaixou na velha ideologia Wolkisch (“do povo”), arraigada na Alemanha antes da chegada do nazismo. Segundo ela, um povo só floresce se todas as suas partes estão saudáveis, aí entra a interpretação nazista do socialismo. Mas por que o Nacional Socialista, partido de Hitler tinha o socialismo no nome? Se ele era totalmente anti-comunista? “Para Hitler, o socialismo era a ciência da prosperidade coletiva e nada tinha a ver com Marxismo”, afirma Marlis. O “socialismo” dos nazistas tinha esse nome porque colocava o coletivo (social) acima do indivíduo.
Os judeus eram a principal ameaçam a esse ideal nacionalista, pois não tinham um lar nacional, aos olhos nazistas, eles formavam uma nação internacional e eram, portanto, mais perigosos que qualquer outra nação estrangeira, por corroer a Alemanha de dentro, como uma infecção. Hitler os acusava de desnacionalizar o Estado e alterar a pureza do sangue ariano para destruir o povo. Hitler os chamava ora de comunistas, ora de capitalistas, mas sempre materialistas, em oposição ao idealismo germânico. “Para o pensamento hitlerista, ser socialista era também ser anti-semita, porque o socialismo se opunha ao materialismo e protegia a nação”, dizia Marlis. Sendo assim, o povo alemão tinha uma justificativa para matar, em sua cabeça, era em nome da nação, do coletivo. Para algumas pessoas, fica mais fácil tolerar a injustiça contra indivíduos quando se acredita que o objetivo é o bem comum.

4-O MODERNISMO

“O holocausto foi executado na sociedade moderna e raciuonal, em estágio de civilização e no auge do desenvolvimento cultural humano, ou seja, foi um problema da nossa civilização”, dizia o sociólogo polonês Zygmunt Baumann. O holocausto foi feito de modo moderno: racional, planejado, “cientificamente” fundamentado, especializado, burocrático e eficiente. Os genocidas obedeciam a rotinas de organização, os carrascos fumavam entre os fuzilamentos, como funcionários de escritórios. Relaxavam, batiam papo e voltavam a disparar. Foi com uma solução moderna, os cartões perfurados das máquinas da IBM, que os nazistas localizavam suas vítimas, a IBM não só forneceu máquinas, como idealizou o sistemas e prestou assessoria técnica para que tudo funcionasse a contento. Quando os nazistas perceberam que tiros não seriam suficientes para eliminar 11 milhões de judeus da Europa, recorreram a outra solução mais moderna, as câmaras de gás, inspiradas nas mais avançadas tecnologias de dedetização. Auschwitz era uma fábrica de matar, tinha capacidade para queimar 4756 corpos por dia em cinco fornos crematórios. Uma grande “inovação”, se comparada aos métodos usados pelos turcos contra os armênios em 1915: fuzilamentos, golpes de clavas e baionetas.
A tecnologia moderna libertou o homem de séculos de domínio da natureza, graça a ela o homem pela primeira vez acreditou que não era apenas uma “criatura de Deus”, a mercê se deus desígnios, mas era sujeito capaz de moldar o mundo. Foi o que os nazistas quiseram fazer: mudar a terra, construir sua utopia de modo moderno, sem questionamentos morais, em nome do “progresso”, porém, era contraditório com seus pensamentos entre a modernidade e o nazismo. Hitler usou técnicas modernas, mas combatia as idéias modernas. Ele era contra os valores de igualdade, liberdade e democracia emanados pela Revolução Francesa e, como vamos ver a seguir quis reinstaurar a antiguidade grega em pleno século XIX.

5-HELENISMO ALEMÃO, A ILUSÃO DE BELEZA

Por trás da tragédia do holocausto e da morte de 50 milhões de pessoas, estava o sonho de criar um mundo mais puro, mais harmonioso, ou seja, mais belo. Hitler dizia que: “seria erguida uma nova Alemanha, mais forte e bonita, um sonho ao qual só os artistas poderiam dar forma”. O nazismo também era estética.
O quinto elemento aflorou da personalidade de seus líderes, Joseph Goebbels, ministro da propaganda, escrevia romances e peças teatrais e vários outros eram artistas e escritores inclusive o próprio Hitler. Hitler parecia decidido a encarnar Rienzi na vida real, seria ele o artista príncipe que anunciaria a nova civilização clássica, inspirada na Grécia e em Roma. Hitler tinha uma idéia peculiar sobre arte. Assim como os arianos era a arte pura, os clássicos também eram a arte pura; a arte moderna seria equivalente aos judeus (ervilhas enrugadas), ou seja, degenerada. As fileiras nazistas estavam cheias de artistas, mas a classe profissional mais numerosa dentro do partido era a dos médicos. Tanto uns como outros tinham um sonho em comum: Uma sociedade mais “harmônica” e, consequentemente mais “saudável”.
JOSEPH MENGELE = Fazia experimentos com gêmeos e anões. Separava órgãos e cabeças de crianças ciganas e os mandavam preservados em jarros para instituições como a Academia Médica de Gratz, ma Áustria.

CARL CLAUBERG = Desenvolveu um método de esterilização forçada em massa, introduzia um composto irritante no aparelho reprodutor feminino. Após algumas semanas, a inflamação bloqueava as trompas.

HORST SHUMANN = Expunha o ovário de prisioneiros ao raio x, com a alta radiação chegava a queimá-las, Shumann admitiu que a castração cirúrgica era mais eficaz.

JOHANN KREMER = Observava pessoas a morrerem de fome, ele os acompanhava definhar até chegarem ao último ponto de exaustão, conhecido como estado de Musselman. Em seguida, aplicava-lhes uma injeção de fenol e fazia necropsia antes que o corpo esfriasse.

AUGUST HIRT = Mediu os ossos de 115 prisioneiros AUSCHWITZ, depois os mandou para as câmaras de gás e de lá para sua coleção de esqueletos. a intenção era usá-las em estudos antropológicos para demonstrar a superioridade da raça ariana.

FRIEDRICH ENTRESS, HELMUTH VETTER, EDUARD WIRTHS = Usavam prisioneiros como cobaias para comprovar a eficácia de remédios por empresas farmacêuticas alemãs.

Hitler projetou uma grandiosa Berlim e desenhou os esboços de prédios monumentais para várias cidades alemãs. A morte de todos os judeus faria parte desse projeto estético de um mundo mais harmonioso. Em 1941, ele percebeu que não venceria, quanto mais perto da derrota, mais intensificava o genocídio, pois, estava convencido que o esforço valeria a pena se pudesse deixar para a posteridade um mundo sem judeus. “Para Hitler a perda da guerra não significava o fim do nazismo, pois a queda do 3º reich influenciaria as futuras gerações”, dizia Cohen. “O país se reergueria das ruínas da derrota total, brotaria uma nova semente”.
O nazismo deixou de existir como alternativa política no momento em que a 2º guerra mundial acabou. “Embora a história se repita, nunca é da mesma maneira, dificilmente veremos uma situação idêntica à da Alemanha nazista”, diz a escritora e ex-deputada espanhola Pilar Rahola. “Mais não estamos livres da estruturação do nazismo em partidos políticos, como os do austríaco Jorg Haider e do francês Jean-Marie Le Pen, que camuflam sua ideologia com discursos ultracatólicos”. Cresce também o totalitarismo ideológico, sobretudo os de base islâmica. “Não é a toa que os terroristas islâmicos têm se conectado com grupos de extrema direita e o próprio Haider é admirador de Bin Laden”, diz Pilar.
Edwin Black, diz que a eugenia também está viva e continua definindo o valor do indivíduo com base no seu valor genético. A diferença é que os eugenistas de hoje não se guiam por bandeiras e sim por dinheiro. De posse de banco de dados com identidades de DNA, agências de empregos e companhias de seguro estão negando serviço a pessoas que têm doenças degenerativas. ”Assistimos à aparição de uma subclasse discriminada por sua linhagem ancestral”, afirma “O parlamento inglês chamou esse fenômeno de gueto genético”.
Os genocídios tampouco deixaram de existir após o holocausto. Nos últimos anos, assistimos à morte de 100 mil curdos no Iraque, 200 mil bósnios na ex-Iugoslávia e 800 mil Tutsis em Ruanda. Para o escritor israelense Amos Oz, autor de Contra o Fanatismo, ideologias que pregam a superioridade de raça, nunca foram tão dissiminadas entre os nossos jovens. “Quanto mais complicada a vida se torna, mais buscamos respostas simples. E essas respostas às vezes são fanáticas”.
Os cinco pilares que colaborava para o crescimento do nazismo, sobreviveu a guerra. A ciência continua dando o aval a projetos parecidos com esses. O racismo e a noção de que os homens são desiguais continuam a ser forças que movem multidões, e o nacionalismo exacerbado anda quase sempre lado a lado. A “busca do progresso” e a modernidade continuam sendo argumentos invencíveis, que quase sempre dispersam a ética em nome da eficácia (ou do lucro), e as utopias continuam convencendo o homem a desprezar o indivíduo em nome do “moderno”, do “belo” ou do “sonho”.
A capital alemã conheceu a destruição das guerras, os perigos do nacionalismo extremista e as conseguências do preconceito étnico. Acabou repartida ao meio pelo muro, símbolo concreto da guerra fria, divisão política e ideológica que rachou o planeta durante quarenta anos entre as nações que flutuavam ao redor do socialismo soviético e, do capitalismo americano. Depois de décadas marcada pelo estigma nazista e alijada da política internacional e proibida durante anos de ter exércitos e forças multinacionais, a Alemanha é hoje uma democracia sólida, reconhecida e respeitada pelo mundo, inclusive com tropas espalhadas em missão de paz, porém, o povo alemão ainda não se refez do peso que foi o nazismo. O povo alemão tem aulas nas faculdades sobre o tema, museus, livros, documentários, filmes e debates, tudo para que o povo alemão não se esqueça do seu passado nefasto. A segunda guerra foi a continuação da primeira, ambas causada pelo expansionismo alemão, mas o genocídio sistemático de raças consideradas “inferiores” ainda permeia dentro do subconsciente do povo alemão (1939-1945). Depois de seis décadas do término da guerra, as gerações pós -guerra são bombardeadas com informações e críticas das atrocidades cometidas por Hitler.
Desde o fim da guerra o país vive atormentado pela sombra do neonazismo, que se manifesta a intervalos regulares por meio de passeatas, folhetos, jornais distribuídos clandestinamente e pichações. A vitória dos radicais em eleições democráticas foi um susto inesperado e preocupante. Os partidos atuais são diferentes dos nazistas e dos skinheads dos anos 80, vestem-se discretamente, como garotos normais de classe média, não atacam judeus ou imigrantes turcos nas ruas, não se dizem seguidores de Hitler e raramente se arriscam a exibir uma suástica. Tentam passar uma imagem de seriedade e profissionalismo, mas a verdadeira ideologia da nova extrema direita alemã é bem diferente. A xenofobia surge sob o argumento de que turcos e poloneses tomam os empregos dos alemães e são responsáveis pelo aumento da taxa de criminalidade. Por isso, os radicais pregam uma “política mais rigorosa” de controle à entrada de imigrantes. Nesta nova mentalidade, fica claro que os Estados da ex-Alemanha Oriental estão mais vulneráveis à essa propaganda extremista, pois por lá, as taxas de desemprego são bem mais altas, portanto, qualquer promessa inflamada de reverter esse processo, barrando a entrada de imigrantes, pode surtir efeito.


A Guerra Contra os Fracos = Black, Edwin

Os Carrascos Voluntários de Hitler = Goldhagen, Daniel

A Conspiração Mundial dos Judeus: Mito ou realidade? = Cohn, Norman

Minha Luta = Hitler, Adolf

Arquitetura da Destruição = Cohen, Peter

Um comentário:

  1. Ficaria mais interessante se tirasse o fundo preto. Pode parecer bonito, mas dificulta a leitura de quem não enxerga bem. Temos que pensar em nosso público, ou seja, nosso leitor.

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